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14/Feb/2024

Tendência é de alta dos preços do milho no Brasil

Os preços do milho estão em alta no mercado brasileiro, após a forte queda registrada em janeiro. O recente impulso vem da retração de parte dos vendedores, fundamentados na expectativa de menor produção na temporada 2023/2024. Até o momento, as estimativas oficiais indicam cortes nos volumes produzidos no Brasil. Por outro lado, as altas são limitadas pela demanda enfraquecida, com consumidores negociando de forma pontual, priorizando a utilização de estoques. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP), registra alta de 2,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 62,71 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta é de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor); no mercado de lotes (negociações entre empresas), porém, há queda de 0,8% no período, com preços pressionados, sobretudo, pelas regiões do Rio Grande do Sul, onde a colheita está mais avançada. Na B3, com as previsões de menor oferta brasileira, os futuros registram alta nos últimos sete dias.

O contrato Março/2024 tem valorização de 1,7%, passando para R$ 65,21 por saca de 60 Kg. Para o vencimento Maio/2024, a alta é de 1,4%, a R$ 65,06 por saca de 60 Kg. No mercado internacional, o movimento é de queda, refletindo a oferta acima da demanda nos Estados Unidos. Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 8 de fevereiro indicou que a produção foi de 389,69 milhões de toneladas na safra norte-americana 2023/2024, 12% superior à da temporada anterior. Além disso, a previsão de chuvas na Argentina, que podem auxiliar as lavouras do país, também pressionou os futuros. Na Bolsa de Chicago, o primeiro contrato (Março/2024) tem baixa de 3,13% nos últimos sete dias, indo para US$ 4,33 por bushel. O vencimento Maio/2024 registra recuo de 2,9%, fechando a US$ 4,45 por bushel.

Conforme relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 8 de fevereiro, a produção brasileira da safra 2023/2024 deve totalizar 113,69 milhões de toneladas, 14% abaixo da temporada anterior, como consequência das reduções na área e na produtividade das três safras nacionais. Para a safra de verão (1ª safra 2023/2024), a menor área e o excesso de chuvas durante o desenvolvimento reduziram a produção para 23,6 milhões de toneladas, 14% inferior à de 2022/2023. Quanto à 2ª safra de 2024, o atraso dos trabalhos de campo referentes à soja e os menores preços praticados em 2023 levam produtores a estimar redução na área com milho. Além disso, a produtividade está projetada para ser 7% menor que a verificada na safra anterior, resultando em produção de 88,09 milhões de toneladas, queda de 14% ante 2022/2023. A 3ª safra (cultivada nas Regiões Norte e Nordeste) deve produzir 1,99 milhão de toneladas, 7,6% inferior à temporada anterior.

A Conab espera aumento de 4,5 milhões de toneladas no consumo interno frente à safra anterior, estimado agora em 84,11 milhões de toneladas. As importações são apontadas em 2,5 milhões de toneladas. Assim, o Brasil teria, na safra 2023/2024, excedente exportável (soma do estoque inicial, da produção e da importação menos o consumo interno) em torno de 38,5 milhões de toneladas. A exportação da safra 2023/2024 tem sido reduzida mês após mês e, agora, está prevista em 32 milhões de toneladas. Nesse contexto, apenas 6,46 milhões de toneladas restarão ao final da temporada, patamar baixo frente a anos anteriores. O USDA, por sua vez, segue apontando produção mundial elevada na safra 2023/2024, agora estimada em 1,23 bilhão de toneladas, devido principalmente ao crescimento da oferta nos Estados Unidos e na Argentina. O consumo também deve avançar, indo para 1,21 bilhão de toneladas, mas a maior produção global permite que as estimativas de estoques mundiais aumentem 20 milhões de toneladas, agora projetados em 322 milhões de toneladas.

No campo brasileiro, a recente diminuição das chuvas tem auxiliado os trabalhos de campo, com produtores avançando na colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) na Região Sul e aumentando o ritmo da semeadura nas regiões produtoras de 2ª safra. Até o dia 3 de fevereiro, 13,8% da área nacional havia sido colhida, enquanto a semeadura chegou a 19,8% da área, segundo dados da Conab. Regionalmente, no Paraná, a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) alcançava 36% do total, enquanto a semeadura da 2ª safra de 2024 totalizava 32% até 5 de fevereiro, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). No Rio Grande do Sul, a Emater-RS relata que a boa luminosidade e as temperaturas elevadas durante o dia diminuíram a umidade dos grãos, o que permitiu a intensificação da colheita. Até o dia 8 de fevereiro, haviam sido colhidos 52% da área estadual, sendo que ainda restam 2% da área a ser semeada. Em Santa Catarina, a colheita está em 20% da área estadual, e produtores indicam que as lavouras colhidas têm apresentado baixa produtividade.

Na Região Centro-Oeste, os produtores estão concentrados na semeadura. Nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as áreas semeadas chegaram a 28,66% e 10,3% das respectivas áreas até o final da semana anterior, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura atingiu 99,5% da área na Argentina até o dia 8 de fevereiro. Agora, os produtores estão preocupados com as temperaturas extremas registradas nos últimos dias e com os possíveis impactos na produção, por enquanto, estimada em 56,5 milhões de toneladas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de milho totalizaram 4,87 milhões de toneladas em janeiro, 21% menores que no mesmo mês de 2023. Na temporada 2022/2023 (de fevereiro/2023 a janeiro/2024), o volume chega a 54,64 milhões de toneladas, acima das 47,49 milhões registradas na temporada anterior. Fonte: Cepea.