ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

19/Dec/2023

Fertilizantes: vendas atrasadas para 2ª safra 2024

A seca no Brasil está atrasando a compra de fertilizantes para o plantio do milho 2ª safra, o que prejudica as vendas de fornecedores globais de adubos no país, que é o maior exportador do cereal do mundo e um importante mercado para as empresas. A situação é reflexo de demoras no plantio da soja, que precede a semeadura do chamado milho safrinha e que pode adiar ou levar parte dos produtores a desistir de cultivá-lo no início do próximo ano. Isso provavelmente afetará empresas de fertilizantes como a Nutrien, a Mosaic e a Yara, já que a cultura do cereal é uma das que mais consomem adubos. A seca, relacionada ao fenômeno climático El Niño, ilustra a volatilidade que a agricultura global enfrenta com a aceleração das mudanças climáticas. As empresas de fertilizantes já estão lidando com lucros menores, uma vez que os preços das commodities agrícolas e dos adubos caíram após o pico do início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Os produtores brasileiros geralmente plantam menos milho quando percebem que vão perder a janela ideal de plantio, em janeiro ou fevereiro, o que diminui a demanda por adubos.

A Mosaic, produtora de fertilizantes sediada nos EUA, espera que a produção de milho 2ª safra caia 12%, ou 12,7 milhões de toneladas, superando a visão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de uma queda de 11,1 milhões de toneladas em relação ao ano passado. A estimativa da Mosaic de queda na safra reduziria a demanda brasileira por fertilizantes potássicos em cerca de 4%, ou 500.000 toneladas. Uma perda de vendas nessa escala não seria financeiramente relevante, pois a Mosaic poderia fornecer adubos para outros países. No entanto, na pior das hipóteses, a colheita de milho 2ª safra cairia 25 milhões de toneladas, ou cerca de um quarto. Até o início de dezembro, os produtores haviam comprado apenas 60% de suas necessidades estimadas de fertilizantes nos Estados produtores de milho do Paraná e Mato Grosso do Sul, em comparação com 80% normalmente nessa época do ano. O milho 2ª safra representa cerca de 75% da produção nacional de milho do Brasil, dependendo do ano.

A combinação de preços baixos da safra e a incerteza sobre o clima fazem com que os produtores realmente comprem apenas na hora da necessidade seus insumos para a 2ª safra. Os preços brasileiros do potássio caíram para US$ 325 por tonelada, uma queda de 36% em relação ao ano anterior. No entanto, espera-se que as importações brasileiras de potássio para o ano inteiro sejam recordes, com base em remessas robustas anteriores, embora algumas dessas importações possam ficar nos armazéns dos varejistas se os agricultores comprarem menos. Ainda que executivos da indústria tenham apontado um atraso nas vendas de fertilizantes para a próxima safra de milho, as entregas de adubos aos agricultores no país acumulam um aumento de 10% entre janeiro e novembro, com produtores reforçando a nutrição do solo após as aplicações despencarem no ano passado, quando os preços recordes de adubos limitaram as compras.

A seca também forçou os produtores de produtos químicos agrícolas FMC e Corteva a venderem seus estoques no Brasil com desconto devido à demanda menor do que a esperada. As duas empresas podem precisar reduzir a produção, já que o aumento da demanda global por produtos químicos pode não compensar totalmente a perda de vendas no Brasil. A seca poderia trazer uma redução no uso de tecnologia, incluindo fertilizantes, e uma redução nos custos para viabilizar a colheita. A redução da produção de milho brasileira poderia reavivar os preços globais e estimular os agricultores americanos no próximo ano a comprar mais fertilizantes para maximizar sua produção do cereal, compensando a perda de vendas no Brasil. Entretanto, as previsões iniciais sugerem que os agricultores dos EUA priorizarão o plantio de soja, uma cultura que precisa de relativamente pouco fertilizante. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.