04/Dec/2023
No mercado interno, a tendência é de alta dos preços no mercado interno nos curto e longo prazos, com recuos nas áreas plantadas da 1ª e 2ª safra 2023/2024 e atrasos no plantio da soja – que deverão comprometer a janela de plantio da 2ª safra de milho no Brasil. As exportações brasileiras recordes em 2023 deverão reduzir os estoques de passagem para 2024. No longo prazo, há, também, tendência de retração da área plantada nos EUA na safra 2024/2025. O cenário aponta para forte contração da produção brasileira em 2024 e riscos climáticos na 2ª safra, com redução dos excedentes exportáveis, o que gerará disputa entre a exportação e o consumo interno. O bom ritmo das exportações e a demanda doméstica aquecida mantêm os preços do milho em alta no Brasil. Outro fator que reforça o movimento de avanço no valor do cereal é a retração de vendedores. Estes agentes estão atentos aos atrasos da semeadura da safra verão (1ª safra 2023/2024) e aos possíveis impactos desse cenário sobre a 2ª safra de 2024, e, com isso, ofertam poucos volumes no spot, à espera de novas valorizações.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 2,5% nos últimos sete dias, a R$ 62,74 por saca de 60 Kg, o maior valor desde o início de maio deste ano (R$ 62,85 por saca de 60 Kg). A média de novembro, de R$ 60,65 por saca de 60 Kg, é a maior desde abril/2023 (de R$ 74,85 por saca de 60 Kg), em termos nominais. Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 2,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, contrato Janeiro/2024 tem valorização de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 69,88 por saca de 60 Kg e o Março/2024 registra avanço 2,34% no mesmo período, indo para R$ 73,47 por saca de 60 Kg. Apesar da queda no preço externo, a procura aquecida pelo cereal brasileiro e a valorização do dólar sustentam os valores nos portos. No Porto de Paranaguá (PR), a média é de R$ 62,08 por saca de 60 Kg, estável nos últimos sete dias. No Porto de Santos (SP), que atualmente tem sido o principal porto de exportação do milho, os preços apresentam alta de 3,2% nos últimos sete dias, passando para R$ 65,89 por saca de 60 Kg.
Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na sexta-feira (1°/12), indicam que os embarques de milho somaram 7,4 milhões de toneladas em novembro, 25,7% superior ao de novembro/2022. O volume escoado pelo Brasil no mês passado ficou bem próximo ao estimado pela Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), de 7,35 milhões de toneladas. Com o retorno das chuvas na Região Centro-Oeste e em partes da Região Sudeste e a redução delas na Região Sul do País, os trabalhos de campo avançam em todas as regiões. A semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) chegou a 55% da área nacional, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do dia 25 de novembro, mas ainda 13,6% abaixo do registrado no mesmo período da safra 2022/2023. No Rio Grande do Sul, a cultura tem sido beneficiada pelo aumento das horas do dia com sol, mas com calor moderado.
No Rio Grande do Sul, a prioridade tem sido a semeadura da soja. Com isso, 85% da área estadual estimada para milho safra de verão (1ª safra 2023/2024) havia sido semeada até o dia 30 de novembro, conforme dados da Emater-RS. No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), apesar das chuvas na maior parte da semana passada, a semeadura chegou a 99% da área até o dia 27 de novembro. A estimativa de produção para safra de verão (1ª safra 2023/2024) foi revisada e deve ser de 3,05 milhões de toneladas, 19% menor que a da temporada anterior. Essa redução é reflexo da queda de 18% da área estimada e do excesso de chuvas e altas temperaturas nos últimos meses. Em Santa Catarina, os produtores também dão preferência para a semeadura de soja, mas seguem atentos ao desenvolvimento das lavouras, que receberam fortes volumes de chuvas nos últimos meses. Até o dia 25 de novembro, a semeadura chegou a 96% da área estadual, segundo a Conab.
Os valores externos têm sido pressionados pela safra dos Estados Unidos, que está na reta final da colheita, e pela melhora do clima na Argentina, com o retorno das chuvas. Assim, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 negociados na Bolsa de Chicago apresentam baixa de 1,5% e 1%, nos últimos sete dias, a US$ 4,61 por bushel e a US$ 4,82 por bushel, respectivamente. Considerando-se o contrato Dezembro/2023, os valores registrados na semana são os menores desde setembro/2021. No campo, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a colheita norte-americana chegou a 96% do total da área até o dia 26 de novembro, contra 93% na semana anterior e 95% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que o retorno das chuvas tem melhorado as condições das lavouras, mas estas ainda atrasam os trabalhos de campo. Até o dia 30 de novembro, 32,3% da área estimada havia sido semeada no país vizinho. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.