27/Nov/2023
A tendência é de alta dos preços no mercado interno nos curto e longo prazos, com recuos nas áreas plantadas da 1ª e 2ª safra 2023/2024, atraso no plantio da soja – que deverá comprometer a janela de plantio da 2ª safra de milho, projeção de forte recuo na oferta total no Brasil em 2024 e exportações recordes em 2023 – que devem reduzir os estoques de passagem para 2024. As exportações brasileiras de milho cresceram 31% no ano comercial 2022/2023 (fevereiro a novembro de 2023), projetando embarques recordes de 52 milhões de toneladas na atual safra. No longo prazo, há, também, tendência de retração da área plantada nos EUA em 2024/2025. O cenário aponta para uma forte contração da produção brasileira em 2024, com riscos climáticos para a 2ª safra, redução da oferta interna e dos excedentes exportáveis. A redução da oferta interna no Brasil em 2024 deverá gerar uma “disputa” entre os consumidores do mercado doméstico e os players exportadores, devido ao menor excedente exportável previsto.
Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 oscilam entre US$ 4,80 e US$ 5,00 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 giram entre US$ 5,00 e US$ 5,10 por bushel. As negociações envolvendo milho seguem lentas no mercado brasileiro. Ainda que a demanda interna esteja mais aquecida, os vendedores estão focados nas atividades de campo, limitando o volume do cereal ofertado no spot. Além disso, entre os produtores ativos nas vendas, observa-se desacordo quanto aos preços com compradores, o que reforça a baixa liquidez. No campo, apesar do retorno das chuvas em partes das regiões produtoras da Região Centro-Oeste, muitos agricultores estão preocupados e atentos ao atraso na semeadura da soja, que pode resultar em cultivo do milho fora da janela considerada ideal. Na Região Sul do País, o volume elevado de precipitações já reduziu o potencial produtivo das lavouras. Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) vem se mantendo acima de R$ 61,00 por saca de 60 Kg nos últimos dias, cotado a R$ 61,18 por saca de 60 Kg, alta de 0,1% nos últimos sete dias.
Na média das regiões, as altas são mais expressivas. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 1,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, a restrição de ofertas sustenta os futuros. O contrato Janeiro/2024 tem valorização de 0,8% nos últimos sete dias, a R$ 67,72 por saca de 60 Kg; e o Março/2024 registra avanço de 1,5%, para R$ 71,79 por saca de 60 Kg. As recentes quedas nos preços internacionais e o consequente repasse aos valores nos portos brasileiros deixam os agentes cautelosos. Esse cenário somado à proximidade do final de ano e à colheita nos Estados Unidos podem limitar a demanda pelo milho brasileiro. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 11 dias úteis de novembro, o volume exportado pelo Brasil soma 4,180 milhões de toneladas, contra 5,880 milhões de toneladas em novembro/2022.
Caso o atual ritmo de embarques diário, de 380,6 mil toneladas, seja mantido, as vendas externas deste mês podem ficar próximas de 8 milhões de toneladas, ou seja, acima da estimativa da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), que é de 7,96 milhões de toneladas. Nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), os preços apresentam queda de 0,4% e 0,5% nos últimos sete dias, respectivamente, mas os atuas patamares ainda estão acima dos registrados no mercado interno. Os valores externos do milho iniciaram a semana passada em alta, influenciados pelo atraso da semeadura da safra verão (1ª safra 2023/2024) no Brasil, mas encerraram o período em queda, pressionados pela desvalorização do petróleo, o que, vale lembrar, piora a competitividade do etanol, pois o biocombustível é feito nos Estados Unidos principalmente com milho.
Além disso, a Administração de Energia dos Estados Unidos indicou que, na semana encerrada em 17 de novembro, os estoques da biocombustível estavam 3% maiores, e as exportações 8% menores na comparação com a semana encerrada no dia 10 de novembro. Assim, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 negociados na Bolsa de Chicago registram recuo de 1,2% e 1,1% nos últimos sete dias, fechando a US$ 4,68 por bushel e a US$ 4,87 por bushel, respectivamente. No campo brasileiro, apesar do retorno das chuvas em partes das regiões produtoras da safra verão (1ª safra 2023/2024), a necessidade de replantio de soja em algumas localidades preocupa, já que aumenta os riscos de a semeadura da 2ª safra de milho de 2024 acontecer fora da janela. Segundo a Companhia nacional de Abastecimento (Conab), 49% da área nacional da safra verão (1ª safra 2023/2024) de milho havia sido semeada até o dia 18 de novembro, atraso de 13,6% em relação à temporada anterior.
No Paraná, a semeadura avançou pouco, limitada pelas fortes chuvas. Até o dia 20 de novembro, 98% da área havia sido semeada, com progresso de apenas 2% relação à semana anterior. No Rio Grande do Sul, as atividades avançaram apenas 1% entre os dias 16 e 23 de novembro, chegando a 82% da área. Esse baixo ritmo dos trabalhos está atrelado ao excesso de chuvas e à necessidade de produtores de priorizar a semeadura de soja. Em Santa Catarina, até dia 18 de novembro, a semeadura chegou a 95% da área, avanço semanal de 6%. No Estados Unidos, a colheita se aproxima da reta final, somando 93% da área até o dia 19 de novembro, progresso semanal de 5% e acima dos 91% da média colhida nos últimos cinco anos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que apenas 26,2% da área nacional havia sido semeada até a semana passada, com 96% das lavouras em condições entre normais e boas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.