20/Nov/2023
A tendência é de alta dos preços no mercado interno nos curto e longo prazos, com recuos nas áreas plantadas da 1ª e 2ª safra 2023/2024, atraso no plantio da soja – que pode comprometer a janela de plantio da 2ª safra de milho, projeção de forte recuo na oferta total no Brasil em 2024 e exportações recordes em 2023 – que devem reduzir os estoques de passagem para 2024. As exportações brasileiras de milho cresceram 31% no ano comercial 2022/2023 (fevereiro a novembro de 2023), projetando embarques recordes de 52 milhões de toneladas na atual safra. No longo prazo, há, também, tendência de retração da área plantada com milho nos EUA em 2024/2025. O cenário aponta para uma forte contração da produção brasileira em 2024, com riscos climáticos para a 2ª safra, redução da oferta interna e dos excedentes exportáveis. A redução da oferta interna no Brasil em 2024 deverá gerar uma disputa entre os consumidores do mercado doméstico e os players exportadores, devido ao menor excedente exportável previsto.
Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 oscilam entre US$ 4,80 e US$ 5,00 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 giram entre US$ 5,10 e US$ 5,15. Os preços do milho seguem avançando no mercado brasileiro, impulsionados sobretudo pela retração de vendedores. Estes agentes estão atentos ao clima, que tem atrapalhado o avanço da semeadura da safra verão (1ª safra 2023/2024), e às exportações aquecidas. Do lado da demanda, muitos consumidores estão mais ativos no spot nacional, mas parte deles aguarda o andamento da safra e possíveis necessidades de liberação de armazéns por parte dos produtores e/ou de fazer caixa. Nesse cenário, os negócios têm sido pontuais. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra avanço de 2,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 61,14 por saca de 60 Kg e retomando os patamares de maio deste ano, em termos nominais.
Regionalmente, prevalece o cenário de altas, especialmente em regiões em que os produtores priorizam negócios para exportação, como Sorocabana (SP) e Itapeva (SP), que registram valorizações de 4,5% e de 4,3%, respectivamente, nos últimos sete dias. No entanto, na Região Centro-Oeste, a elevada produção da 2ª safra de 2023 limita avanços. Alguns produtores ainda detêm volume para negociar. Em Dourados (MS), o preço do milho tem alta de 1,2% nos últimos sete dias, ao passo que, em Rio Verde (GO) e Sorriso (MT), as cotações estão enfraquecidas, com quedas de 0,9% e de 0,5% no mesmo período de comparação. Na Região Sul do Brasil, o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina deixa os produtores cautelosos, o que também reduz a disponibilidade do cereal para negócios. Assim, em Santa Rosa (RS) e Campo Novos (SC), os preços apresentam alta de 1,5% e 0,2% nos últimos sete dias. No Paraná, as preocupações com o clima e a demanda internacional aquecida elevam os valores. Nas regiões norte e oeste do Estado, os preços apresentam alta de 0,8% e 1% nos últimos sete dias.
Nos últimos sete dias, a alta é de 2,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, as altas dos preços internacionais dão suporte aos vencimentos futuros. O contrato Novembro/2023 registra valorização de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 60,32 por saca de 60 Kg; e o Janeiro/2024 acumula avanço de 5,1% no período, para R$ 67,17 por saca de 60 Kg. Sustentados pela valorização externa e pela demanda internacional aquecida, os preços nos portos brasileiros também estão avançando. As altas só não são mais intensas devido à desvalorização do dólar. Nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), os aumentos nos valores são de 1,9% e de 0,5%, respectivamente. Quanto aos embarques, nos primeiros sete dias úteis de novembro, já foram exportadas 2,39 milhões de toneladas de milho, o que já representa 40% do total escoado em novembro de 2022, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Caso esse atual ritmo seja mantido, o Brasil pode escoar mais de 7 milhões de toneladas, abaixo do intervalo estimado nesta semana pela Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), de 8,2 milhões de toneladas a 8,44 milhões de toneladas. De modo geral, os trabalhos de campo da temporada 2023/2024 seguem avançando em parte das regiões, embora se mostrem atrasados noutras devido às condições climáticas adversas. A média nacional semeada, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 11 de novembro, é de 45,8%, atraso anual de 8,1% em relação à temporada anterior. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a semeadura atingiu 96% da área estimada no Paraná até o dia 13 de novembro, avanço semanal de apenas 1%. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indica que os trabalhos de campo estão mais lentos neste mês, devido à prioridade da colheita de trigo e da semeadura de soja. Com isso, até o dia 16 de novembro, pouco mais de 80% da área estadual havia sido semeada, contra 79% no dia 9 deste mês.
Em Santa Catarina, 89% da área foi semeada até o dia 11 de novembro, 7% acima da semana anterior. Os preços internacionais estão sendo impulsionados pela demanda mais aquecida pelo cereal dos Estados Unidos. As vendas externas do cereal superaram as expectativas dos agentes de mercado. Além disso, preocupações com a semeadura da safra verão (1ª safra 2023/2024) no Brasil reforçou o suporte às cotações. Assim, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 negociados na Bolsa de Chicago registram valorização de 1,4% e 2,2% nos últimos sete dias, a US$ 4,74 por bushel e a US$ 4,93 por bushel, respectivamente. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a colheita da safra norte-americana atingiu 88% do total da área até o dia 12 de novembro, ante 81% na semana anterior e 86% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que 25,1% da área nacional havia sido semeada. No entanto, as chuvas irregulares resultaram em diminuição de 200 mil hectares na área, agora estimada em 7,1 milhões de hectares. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.