13/Nov/2023
A tendência é de alta dos preços do milho nos curto e longo prazos no mercado brasileiro. Nos curto e médio prazos, os preços serão sustentados pelas adversidades climáticas que poderão atrasar o plantio da 2ª safra, pelo cenário de redução de área na 1ª e na 2ª safra de 2024, pelas fortes exportações brasileiras que deverão ser recordes em 2023, reduzindo os estoques de passagem para 2024. No longo prazo, a confirmação da possível queda de área plantada nos EUA na temporada 2024/2025 pode dar maior sustentação às cotações futuras do grão em Chicago. Ainda que estimativas divulgadas na semana passada apontem produção elevada de milho no Brasil e no mundo na safra 2023/2024, o clima no País ainda preocupa. A chuva segue em excesso na Região Sul do Brasil, o que tem reduzido a expectativa de produtividade, e a falta de umidade e a elevada temperatura na Região Centro-Oeste atrasam a semeadura de soja, cenário que pode reduzir a janela considerada ideal para as atividades envolvendo milho. Inclusive, essa preocupação com o clima resulta em diminuição nas negociações envolvendo o cereal.
Atentos à possibilidade de redução na oferta e a possíveis reajustes positivos nos preços, os consumidores estão mais ativos no spot, mas os vendedores estão afastados, acreditando em valorização do milho. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta leve recuo de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 59,51 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, observa-se alta de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nos últimos sete dias, as maiores valorizações foram observadas na Regiões do Centro-Oeste, como Dourados (MS), Rio Verde (GO) e Sorriso (MT), de 2%, 6,7% e 3,9%, respectivamente. Nos portos, apesar da desvalorização do dólar na semana passada, a demanda vem sustentando as cotações. No Porto de Paranaguá (PR), os preços registram avanço de 1,7% nos últimos sete dias e, no Porto de Santos (SP), os preços apresentam pequena queda de 0,4%. Na B3, os valores estão pressionados pelas quedas do dólar e no preço externo. O contrato Novembro/2023 tem baixa de 0,48% nos últimos sete dias, a R$ 59,91 por saca de 60 Kg, e o Janeiro/2024 acumula recuo de 0,2%, para R$ 63,92 por saca de 60 Kg.
Em relatório divulgado no dia 9 de novembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a produção total de milho no Brasil na safra 2023/2024 deve ser entre 119,1 milhões de toneladas, recuo de 9,6% em relação à temporada anterior, mas ainda 12% superior à média das últimas cinco temporadas. A redução na produção é reflexo da menor área semeada nas 1ª e 2ª safras. Para a safra de verão (1ª safra 2023/2024), a redução na produção em relação à temporada anterior deve ser de 5,5%, totalizando 25,86 milhões de toneladas. Para a 2ª e 3ª safras de 2024, as quedas são de 10%, estimadas em 91,22 milhões de toneladas e em 1,98 milhão de toneladas, respectivamente. O consumo segue aumentando no mercado interno, previsto em 84,46 milhões de toneladas, 6% maior que em 2022/2023. Com relação às exportações, a estimativa é de que 38 milhões de toneladas sejam escoadas pelo Brasil na safra 2023/2024, contra 52 milhões de toneladas em 2022/2023. Com isso, os estoques finais, em janeiro/2025, são apontados em 8,86 milhões de toneladas, 13% menores que os da temporada anterior.
Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que a produção de milho deve totalizar 1,22 bilhão de toneladas, 6% a mais que em 2022/2023. Nos Estados Unidos, a produção deve ser de recorde de 386,9 milhões de toneladas. O consumo mundial deve crescer 3% entre as duas temporadas, estimado agora em 1,2 bilhão de toneladas. Apesar disso, a maior produção mundial resultou em aumento nos estoques finais, passando de 299,2 milhões de toneladas em 2022/2023 para 314,9 milhões em 2023/2024. Neste contexto de maior produção mundial, os vencimentos futuros nos Estados Unidos estão recuando. As baixas só não são mais intensas devido a preocupações com o clima na América do Sul, que pode atrapalhar o desenvolvimento da safra verão (1ª safra 2023/2024) e atrasar a semeadura da 2ª safra de milho de 2024. Assim, o contrato Dezembro/2023 negociado na Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 0,43% nos últimos sete dias, a US$ 4,68 por bushel. No mesmo período, os contratos Março/2024 e Maio/2024 tem baixa de 0,5%, a US$ 4,82 por bushel e a US$ 4,91 por bushel, respectivamente.
No campo brasileiro, apesar dos problemas climáticos, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) avança. Até o dia 4 de novembro, a Conab indicou que a média da área nacional semeada somava 40,2%, com Paraná e Santa Catarina se aproximando da reta final. No Paraná, 95% da área de milho da safra de verão (1ª safra 2023/2024) já havia sido semeada, sendo que 78% estão em boas condições, 19%, em médias e apenas 3%, em condições ruins. No Rio Grande do Sul, a semeadura teve pouco avanço nos últimos dias, chegando a 79% da área estadual no dia 9 de novembro, progresso de apenas de 1% em relação à semana anterior. Em Santa Catarina, a área semeada totalizava 82% do esperado até o dia 4 de novembro. De acordo com o USDA, os Estados Unidos colheram 81% do total da área até o dia 5 de novembro, contra 71% na semana anterior e 77% na média dos últimos cinco anos. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura da safra 2023/2024 chegou a 24,7% da área nacional, avanço de apenas 1,3%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.