ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Nov/2023

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços firmes no mercado interno de milho, com viés de alta nos médio e longo prazos, com adversidades climáticas podendo impactar o plantio da 2ª safra 2024, queda de área na 1ª e na 2ª safra de 2024 e exportações aquecidas. Demandantes nacionais estão mais ativos no mercado spot, ao passo que vendedores estão afastados das negociações. Nesse cenário, os preços do cereal avançam no mercado brasileiro, voltando a operar na casa dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg. Nos portos, as exportações brasileiras seguem aquecidas, e os preços, em alta, mesmo diante das desvalorizações externa e do dólar. O Indicador ESALQ/BM&F, referente à região de Campinas (SP), voltou a operar acima de R$ 60 por saca de 60 Kg. Nos último sete dias, o Indicador avançou 2,1%, fechando a R$ 60,03 por saca de 60 Kg. No acumulado de outubro, a alta foi de 4,4%, e a média mensal ficou 8,3% superior à de setembro.

Na média das regiões pesquisadas, houve altas de 0,6% no mercado de balcão (ao produtor) e de 0,4% no de lotes (negociação entre empresas) na última semana. No acumulado de outubro, os aumentos foram de 2,1% e de 3,9%, respectivamente. Apesar de o ritmo de comercialização nos portos ter diminuído ao longo de outubro, os embarques do milho se mantiveram aquecidos, reflexo das entregas de lotes negociados antecipadamente. Segundo dados da Secex, foram embarcadas 8,44 milhões de toneladas em outubro, superando em 24,5% o volume de outubro/2022, mas 3,5% inferior ao de setembro/2023. Quanto aos preços, as médias em Paranaguá (PR) e em Santos (SP) acumularam respectivas altas de 3,0% e de 2,2% entre setembro e outubro. Na última semana, os valores reagiram 0,6% e 0,1%, fechando a R$ 61,01 por saca de 60 Kg e a R$ 63,19 por saca de 60 Kg, respectivamente, influenciados pela procura de exportadores pelo cereal brasileiro.

Os preços externos do milho na última semana, pressionados pelo avanço da colheita norte-americana e pela consequente maior oferta. Além disso, a desvalorização do petróleo e a melhora do clima na Argentina também influenciaram as quedas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 recuou 1,93% na última semana, fechando a US$ 4,70/bushel. As desvalorizações só não foram mais intensas devido a preocupações relacionadas com o atraso da semeadura da soja no Brasil, que pode reduzir a janela de período considerado ideal para a semeadura do milho em 2024, e a possíveis impactos da neve em estados do norte dos Estados Unidos. De acordo com o USDA, os EUA colheram 71% do total da área até o dia 29, contra 59% na semana anterior e 66% na média dos últimos cinco anos. Já na Argentina, 23,4% da área destinada ao cereal havia sido semeada até o dia 2 de novembro, avanço semanal de apenas 1,4 ponto percentual.

O retorno das chuvas em outubro também fez com que o percentual de lavouras em excelentes e boas condições passassem de 76% na semana anterior para 87% nesta semana. No entanto, os impactos negativos do clima resultaram em reajustes nas estimativas de produção. Segundo o USDA, a Argentina deve produzir 53 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, dois milhões a menos que a previsão anterior, mas 19 milhões de toneladas a mais que em 2022/2023. Os trabalhos de campo avançam no Brasil, e até o dia 29 de outubro, a média nacional semeada estava em 37,2%, progresso semanal de 4,2 pontos percentuais, mas atraso de 2,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2022. O excesso de chuvas no Sul tem atrasado as atividades em algumas praças, provocado erosão de solo, alagamentos, falhas na germinação das lavouras e, também, dificultado os tratos culturais.

No Paraná, a semeadura atingiu 93% da área estimada no dia 30, ante 91% na comparação com a semana anterior. No Rio Grande do Sul, as lavouras de milho apresentam desenvolvimento satisfatório, apesar das chuvas. 78% da área destinada ao plantio da primeira safra já foi semeada, avanço de 3 pontos percentuais na comparação com a semana anterior. Em São Paulo, os trabalhos de campo registram avanço de 10 pontos percentuais até 29 de outubro, chegando a 30% da área. Em Santa Catarina, o progresso foi de apenas 4 pontos percentuais, chegando a 81%. Em Mato Grosso, produtores se preocupam com a estiagem, que pode resultar em replantio da soja e, consequentemente, em redução na janela considerada ideal para a semeadura de milho em 2024. A previsão é de irregularidade nas chuvas em novembro, com excesso de precipitações no Sul e tempo mais seco em Mato Grosso e Goiás, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o que está relacionado aos impactos do fenômeno meteorológico El Niño. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.