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23/Oct/2023

Tendência é altista para preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços do milho no Brasil, com volumes recordes de exportações em 2023, reduzindo os excedentes no mercado interno. No médio e longo prazo, as reduções esperadas para a 1ª safra e 2ª safra de 2024 devem contrair a oferta interna e reduzir os excedentes exportáveis, abrindo espaços para uma recuperação mais consistente dos preços. As negociações envolvendo milho estão lentas no Brasil, devido sobretudo à cautela de compradores, que evitam fechar grandes volumes do cereal. Mesmo diante da demanda externa aquecida, os demandantes estão atentos à elevada safra nacional e ao reduzido volume comercializado até o momento, cenário que pode levar produtores a aumentarem a oferta nas próximas semanas. Por outro lado, alguns vendedores, sem necessidade de fazer caixa e/ou de liberar armazéns, ainda apostam em valorizações e, com isso, estão firmes nos valores pedidos. Nesse contexto, os preços estão apresentando comportamentos distintos entre as regiões.

Enquanto em São Paulo e no Paraná os preços se sustentam, já que os produtores priorizam as negociações nos portos, em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul as cotações caem, pressionadas pela maior oferta. Após o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) chegar a operar cima dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg na primeira quinzena de outubro, os preços registram baixa, pressionados pela cautela de consumidores e pela maior oferta de cereal da Região Centro-Oeste. Assim, o Indicador está cotado a R$ 58,53 por saca de 60 Kg, baixa de 3,0% nos últimos sete dias. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de lotes (negociações entre empresas) apresentam alta de 0,2% e, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), a alta é de 1,2%. Na B3, os vencimentos estão pressionados devido à desvalorização do dólar e à demanda interna reduzida. Os vencimentos Novembro/2023 e Janeiro/2024 registram baixa de 0,1% e 0,3% nos últimos sete dias, com respectivos fechamentos de R$ 61,29 por saca de 60 Kg e de R$ 65,02 por saca de 60 Kg.

Mesmo diante da demanda externa aquecida e do maior consumo nacional, a comercialização brasileira está atrasada frente à temporada anterior. Em Mato Grosso, o volume comercializado somava 71,8% do total até o início de outubro, abaixo dos 78,5% da safra anterior. No Paraná, a comercialização somava 37% até o final de setembro, atraso de 11% relação à temporada anterior. Em Mato Grosso do Sul, o percentual da safra comprometido no Estado é de 52%, contra 58% em 2022. As negociações nos portos seguem aquecidas, e os exportadores já priorizam as compras para embarques em novembro e dezembro. Apesar da desvalorização do dólar, a alta externa sustenta os preços nos portos. Nos últimos sete doas, a média no Porto de Paranaguá (PR) se mantém estável e, no Porto de Santos (SP), tem avanço 0,9%. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em apenas nove dias úteis de outubro, foram embarcadas 3,980 milhões de toneladas de milho, o que já representa 59% de todo o volume embarcado em outubro/2022. Caso esse ritmo se mantenha, as exportações podem somar 9,3 milhões de toneladas.

No campo, apesar dos altos volumes de chuvas na Região Sul do Brasil, os produtores têm seguido com os trabalhos envolvendo a safra de verão (1ª safra 2023/2024). Até o dia 14 de outubro, a semeadura havia atingido 30,4% da área nacional, avanço semanal 3,6% e em linha com os 30,9% do mesmo período de 2022. Em São Paulo, a semeadura chegou a 15% da área, contra 10% em 2022. Em Santa Catarina, as chuvas têm atrasado os trabalhos, que somavam 76% da área estadual até o dia 14 de outubro. No Paraná, 89% da área estimada foi semeada até o dia 17 de outubro, contra 85% na semana anterior. A maior parte das lavouras tem boa condição (94%), com expectativa de produção de 3,110 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, as chuvas seguem ocorrendo, mas agora estão intercaladas com dias com sol, o que favoreceu o desenvolvimento das lavouras. Até o dia 19 de outubro, 99% das lavouras implantadas estavam em germinação e 1% em floração. Até esta mesma data, a semeadura somava 70% da área, avanço semanal de 5%.

Quanto à 2ª safra de 2024, em casos pontuais, agentes de Mato Grosso se mostram preocupados com os atrasos nos trabalhos de campo envolvendo a soja e com as recentes desvalorizações do milho. Nos Estados Unidos, os preços iniciaram a semana passada em queda, pressionados pelo avanço da colheita e pela redução na demanda pelo cereal norte-americano. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou redução de 50% nos embarques da semana encerrada em 12 de outubro. No entanto, as altas nos preços do petróleo e do trigo e preocupações com as lavouras brasileiras estão dando suporte aos valores atualmente. Assim, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 apresentam avanço de 1,8% e 1,0% nos últimos sete dias, passando para US$ 5,05 por bushel e US$ 5,17 por bushel. No campo, relatório semanal do USDA mostrou que 45% das lavouras norte-americanas de milho haviam sido colhidas até o dia 15 de outubro, avanço de 11% em relação à semana anterior. Na Argentina, os produtores estão preocupados com o baixo volume de chuvas e com as geadas registradas em parte das regiões. Até o dia 19 de outubro, a semeadura havia alcançado 19,9% da área estimada, avanço semanal de apenas 0,6%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.