02/Oct/2023
As cotações futuras do milho em Chicago estão pressionadas no curto prazo pelo avanço da colheita nos EUA. As cotações futuras com vencimentos em 2024 giram entre US$ 5,00 a US$ 5,15 por bushel. As exportações brasileiras estão avançando com firmeza neste segundo semestre de 2023 e deverão reduzir os excedentes internos. A tendência é de maior sustentação das cotações do milho no último trimestre deste ano, com recuperação gradual dos preços pagos aos produtores no Brasil. Além disso, deveremos ter uma forte redução de área na 1ª safra de 2024 (verão) e expectativa de recuo da área na 2ª safra de 2024 (inverno) que deverão reduzir a oferta interna no 1º trimestre de 2024. Mesmo com a colheita da 2ª safra de 2023 praticamente finalizada no Brasil e a consequente maior oferta, os preços do milho estão avançando. O impulso vem da retração de muitos vendedores, que estão atentos à demanda internacional aquecida, aos avanços dos preços externos e ao dólar, que eleva as cotações nos portos.
Com a mudança no comportamento de vendedores, os compradores domésticos relatam dificuldades para negociar novos lotes. Vale lembrar que, até há algumas semanas, parte dos produtores estava flexível, devido à falta de espaço e/ou à necessidade de fazer caixa. As altas nos preços internacionais, por sua vez, se devem à valorização do trigo e à retração de vendedores dos Estados Unidos, que consideram baixos os atuais patamares de preços. Esses vendedores norte-americanos também estão de olho no clima desfavorável em partes do Hemisfério Norte. O dólar voltou a operar acima de R$ 5,00 na semana passada. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 4,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 57,02 por saca de 60 Kg, inclusive, o Indicador está avançando há 8 dias consecutivos. No acumulado de setembro, a elevação foi de 6,5%, e a média de setembro esteve 2,1% superior à de agosto. Nos últimos sete dias, o preço do milho apresenta alta de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre as empresas) e 2,3% no mercado de balcão (valor pago ao produtor).
De um modo geral, o mercado está mais aquecido em regiões próximas aos portos e/ou com logísticas facilitadas. Na B3, impulsionados pelas valorizações externa e do dólar, os vencimentos Novembro/2023 e Janeiro/2024 apresentam alta de respectivos 3,2% e 3% nos últimos sete dias, a R$ 58,57 por saca de 60 Kg e a R$ 62,62 por saca de 60 Kg. No mercado externo, preocupações com o desenvolvimento da safra norte-americana elevam os valores, mas a colheita em bom ritmo evitou que o aumento fosse mais intenso. Nos últimos sete dias, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 registram valorização de 2,7%, cotados a US$ 4,88 por bushel e a US$ 5,03 por bushel. As elevações dos preços nos portos mantêm aquecidos os negócios. Nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), as médias são de R$ 64,50 por saca de 60 Kg de R$ 61,72 por saca de 60 Kg, com alta de 2,3% e 6,1% nos últimos sete dias. Alguns negócios já são fechados a R$ 65,00 por saca de 60 Kg. Quanto aos embarques, na parcial de setembro (considerando-se 15 dias úteis), 6,6 milhões de toneladas de milho foram exportadas, com a média diária de carregamento a 440,06 mil toneladas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O volume de setembro já estava 2,8% maior que o embarcado em setembro/2022. A expectativa de agentes é de que o volume embarcado em setembro some de 9 a 10 milhões de toneladas. Por um lado, o clima seco beneficia os produtores que estão praticamente finalizando a colheita da 2ª safra de 2023, mas por outro, restringe e preocupa agentes quanto ao avanço da semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024). Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita a 2ª safra de 2023 havia chegado, até o dia 24 de setembro, a 98,2% da área nacional. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 25 de setembro, restava apenas 1% da área para ser colhida no Paraná. Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), em Mato Grosso do Sul, o percentual colhido até o dia 22 de setembro era de 92,4%. Em São Paulo e Minas Gerais, a colheita havia chegado, até o dia 24 de setembro, a 80% e a 99,5%, conforme a Conab.
Quanto à safra de verão (1ª safra 2023/2024), a média nacional de área semeada soma 18,3%, avanço semanal de 3,3%, mas atraso de 1% em relação ao mesmo período de 2022, segundo os dados da Conab. Dentre os principais Estados produtores de safra de verão (1ª safra) em Santa Catarina, a semeadura chegou a 43% da área, ainda conforme dados da Conab. No Paraná, 71% da área estadual havia sido semeada até o dia 25, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). O Estado deve produzir 3,11 milhões de toneladas nesta temporada, volume 18% menor que o do ano passado, mas em linha com a estimativa de agosto, que apontava 3,13 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, relatório da Emater-RS do dia 28 de setembro indica que a semeadura chegou a 55% da área estadual, com algumas regiões, como oeste, noroeste e norte, praticamente finalizadas, enquanto as áreas do sul, centrais e nordeste do Estado são prejudicadas pelas chuvas. Nos Estados Unidos, a colheita alcançou 15% da área nacional, de acordo com o relatório do USDA, acima da média dos últimos cinco anos, de 13%. Na Argentina, com a falta de chuvas, a semeadura avançou apenas nas áreas com melhor nível de umidade nos solos, e a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório divulgado no do dia 28 de setembro, indicou que 7,3% haviam sido semeados. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.