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18/Sep/2023

Tendência de preços mais sustentados para o milho

No mercado interno, a tendência é de maior sustentação dos preços, com a aceleração das exportações sinalizando uma redução gradual dos elevados estoques oriundos da 2ª safra recorde. Os preços do milho acumulam uma baixa de 37% nos últimos 12 meses, com a colheita da 2ª safra recorde de 2023, queda do dólar, queda das cotações externas e falta de capacidade estática de armazenagem, reduzindo a capacidade dos produtores em reter o excesso de oferta. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos do 1º semestre de 2024 oscilam entre US$ 4,90 e US$ 5,00 por bushel, enquanto os contratos para o 2º semestre de 2024 giram entre US$ 5,00 e US$ 5,10 por bushel – refletindo a confirmação de uma volumosa colheita nos Estados Unidos em 2023/2024. A safra 2023/2024 dos EUA está estimada 384,4 milhões de toneladas e, se confirmada, será o segundo maior volume já registrado na história do país. No Brasil, a estimativa da nossa Consultoria aponta para uma forte redução de 8% na área plantada na 1ª safra 2024 (verão), com a queda da rentabilidade projetada e migração para a cultura da soja.

As cotações de milho apresentam apenas leves variações no mercado doméstico. Isso porque os produtores estão focados no campo, uma vez que a colheita do cereal começou nos Estados Unidos e está se encerrando no Brasil, onde restam poucas áreas da 2ª safra de 2023 para serem colhidas. Quanto às negociações, os consumidores têm adquirido milho de forma pontual, pois parte deles ainda tem o produto estocado. Do lado vendedor, os agentes têm preferido negociar nos portos porque a demanda internacional está aquecida, o que tem elevado os valores praticados nessas regiões. O Indicador ESALQ/BM&F do milho (Campinas/SP) registra avanço de 0,24% nos últimos sete dias, a R$ 53,99 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços acumulam baixa de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas), refletindo o avanço da colheita.

Na B3, os contratos de milho acompanham o movimento de baixa registrado na Bolsa de Chicago. Nos últimos sete dias, os contratos Setembro/2023 e Novembro/2023 apresentam recuo de 2,7%, a R$ 53,47 por saca de 60 Kg e a R$ 57,31 por saca de 60 Kg, respectivamente. Para os contratos Janeiro/2024 e Março/2024, as variações são negativas, de 2,3% e 1,4%, a R$ 61,17 por saca de 60 Kg e R$ 65,60 por saca de 60 Kg, nessa ordem. Com o elevado volume de milho exportável nesta temporada e as cotações firmes nos portos, negócios vêm sendo fechados nos mercados spot e futuro. Nem mesmo as quedas do dólar e dos preços internacionais do cereal estão pressionando as cotações nos últimos dias. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), as médias ultrapassam os R$ 60,00 por saca de 60 Kg, a R$ 60,03 por saca de 60 Kg e a R$ 63,05 por saca de 60 Kg, respectivamente.

Com a diferença para os preços no interior do País (Indicador ESALQ/BM&F - Campinas) superando R$ 6,00 por saca de 60 Kg, o interesse dos agentes em negociar nos portos aumenta. Nesse contexto, os embarques brasileiros de milho neste início de setembro já têm média diária 29% maior que a de setembro de 2022. Nos primeiros cinco dias úteis deste mês, foram embarcados 1,9 milhão de toneladas, o que corresponde a 30% do volume exportado em todo o mês de setembro de 2022. Caso esse ritmo se mantenha até o fim do mês, o volume mensal enviado ao exterior pode chegar a 7,86 milhões de toneladas. Para a Associação Nacional de Exportadores (Anec), os embarques podem variar de 9,7 milhões de toneladas a 10,69 milhões de toneladas em setembro. Apesar do atraso de 5% em relação a 2022, restam 7% da área nacional para ser colhida nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. O avanço dos trabalhos de campo tem sido favorecido pelo tempo quente e seco.

Na Região Sudeste, 73% haviam sido colhidos em São Paulo até o dia 10 de setembro e 97% em Minas Gerais. Em Mato Grosso do Sul, a colheita tem avançado lentamente. Até o dia 8 de setembro, 75,6% da área estadual havia sido colhida. No Paraná, a colheita havia alcançado 89% do total da área estimada para o Estado até o dia 8 de setembro, avanço semanal de 10%. Quanto à safra verão (1ª safra 20232024), no Paraná, a semeadura havia alcançado 42% da área estadual até o dia 11 de setembro, avanços de 16% frente à semana anterior e de 10% frente ao mesmo período de 2022. No Rio Grande do Sul, as chuvas fortes que vêm sendo registradas desde o início do mês vêm impossibilitando maiores avanços da semeadura, devido à saturação do solo e às baixas temperaturas. Mesmo assim, até o dia 14 setembro, 44% da área tenha sido semeada.

Os vencimentos futuros negociados na Bolsa de Chicago estão em baixa. A pressão vem do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 12 de setembro, que indica maior produção nos Estados Unidos, e da colheita no país, que teve início nos últimos dias. Os contratos Setembro/2023 e Dezembro/2023 apresentam queda de 1,0% nos últimos sete dias, a US$ 4,62 por bushel e a US$ 4,80 por bushel. Quanto às estimativas de oferta e demanda, o USDA estimou a produção mundial de milho na temporada 2023/2024 em 1,214 bilhão de toneladas, contra 1,213 bilhão de toneladas estimados no mês anterior. Esse volume é superior (+5%) ao da temporada anterior. Com o consumo previsto em 1,19 bilhão de toneladas, os estoques finais devem somar 313,9 milhões de toneladas, 4,8% superiores aos de 2022. Entre os três principais produtores de milho, somente os Estados Unidos devem elevar a produção em 10%, enquanto China e Brasil podem ter safras 0,1% e 6,0% menores, respectivamente. Até o dia 10 de setembro, 5% da área dos Estados Unidos havia sido colhida, percentual maior que os 4% na média das últimas cinco safras. Além disso, 52% das lavouras estavam em boas condições, contra 53% no mesmo período de 2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.