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11/Sep/2023

Tendência de preços mais sustentados para o milho

As cotações futuras em Chicago para a safra 2023/2024 giram entre US$ 4,70 a US$ 5,20 por bushel. No Brasil, tivemos forte recuo dos preços, que atingiu 38% no acumulado dos últimos 12 meses, com colheita da 2ª safra recorde e a falta de capacidade estática de armazenagem, pressionando os prêmios nos portos brasileiros. A partir de agora, a tendência é de maior sustentação das cotações domésticas, com recuperação gradual dos preços pagos aos produtores. Os preços do milho estão reagindo na maior parte das regiões produtoras. O suporte vem do ritmo aquecido das exportações do cereal e da alta das cotações nos portos, diante das valorizações externa e do dólar. No mercado internacional, a elevação está atrelada a preocupações com o desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos. Com a demanda externa aquecida, alguns negócios nos portos já são realizados a R$ 65,00 por saca de 60 Kg. Assim, a liquidez nos portos está mais elevada, tanto no spot quanto para entregas futuras.

No interior do País, apesar do aumento das cotações, os consumidores domésticos se mantêm afastados das aquisições no spot, atentos à proximidade da finalização da colheita da 2ª safra de 2023 e à consequente possibilidade de aumento na disponibilidade de milho no spot. Do lado vendedor, alguns produtores ainda detêm grandes volumes para negociar, mas a valorização nos portos deixa parte desses agentes receosa em comercializar quantidades elevadas, já que gera expectativa de novas altas no spot. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) estima que serão embarcadas em setembro 9,67 milhões de toneladas, o que seria um recorde para o mês. Em agosto, as exportações somaram 9,39 milhões de toneladas, superando as 7,44 milhões de toneladas de agosto de 2022. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra avanço de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 53,86 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

Especificamente no principal porto de escoamento do cereal, o de Santos (SP), a valorização nos últimos sete dias é de 3,7%. No Porto de Paranaguá (PR), os preços apresentam baixa de 1,0% na mesma comparação, mas se mantiveram em altos patamares na maior parte da semana passada. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 6 de setembro confirmaram as expectativas de agentes de mercado. A produção na temporada 2022/2023 será 19 milhões de toneladas acima da temporada 2021/2022, totalizando, na soma das três safras, 131,860 milhões de toneladas. Apesar dos problemas climáticos durante a safra de verão (1ª safra 2022/2023) e do atraso da semeadura da 2ª safra de 2023, o clima foi mais benéfico na 2ª safra, permitindo que Estados, como Mato Grosso, atingissem recordes na produtividade.

Quanto à temporada de verão (1ª safra 2022/2023), dados divulgados pela Conab indicam produção de 27,37 milhões de toneladas, 9% maior que a da temporada anterior. Para a 2ª safra de 2023, a Conab estimou a produção em 102,16 milhões de toneladas, e para a 3ª safra de 2023, em 2,32 milhões de toneladas, respectivos aumentos de 19% e de 5% em relação à temporada anterior. Nesse cenário de maior oferta, espera-se que o consumo e a exportação de milho sejam de 79,6 milhões de toneladas e de 50 milhões de toneladas, respectivamente, e as importações se reduzam para 1,9 milhão toneladas. Caso esse cenário se concretize, o estoque final da safra 2022/2023 poderá chegar a 12,2 milhões toneladas, acima das 8 milhões de toneladas da temporada anterior (2021/2022). No campo, o clima seguiu beneficiando a colheita da 2ª safra de 2023, que havia alcançado, até o dia 3 de setembro, 89,2% da área nacional.

Restam a finalização dos trabalhos de campo em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 1º de setembro, a colheita havia alcançado 65,6% da área estadual, ainda com atraso de 20% em relação à temporada anterior. Para a Região Sudeste, a área colhida chegou a 68% e 94% em São Paulo e Minas Gerais, respectivamente. No Paraná, a colheita da 2ª safra de 2023 segue atrasada, e a semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) tem ganhado ritmo. A colheita chegou, até o dia 4 de setembro, a 79% da área estadual, enquanto a semeadura alcançou 26% da área estadual. No Rio Grande do Sul, as precipitações intensas observadas nesta semana limitaram as atividades de campo. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou as primeiras projeções para a temporada 2023/2024 em Mato Grosso, apontando que a área pode ser reduzida, devido às recentes quedas nos preços do cereal, que desmotivaram produtores.

Com área e produtividade menores na safra 2023/2024, em 2,8% e 11%, respectivamente, a produção da 2ª safra de Mato Grosso deve totalizar 45,3 milhões de toneladas em 2024, 13% inferior à atual. Os contratos negociados na Bolsa de Chicago acumulam altas, impulsionados por preocupações com as condições da safra nos Estados Unidos, mas a proximidade de uma colheita volumosa e a oferta brasileira elevada limitam os ganhos. O contrato Setembro/2023 registra avanço de 2,0% nos últimos sete dias, a US$ 4,70 por bushel. O vencimento Dezembro/2023 apresenta alta de 1,6% no mesmo comparativo, a US$ 4,86 por bushel. De acordo com o Crop Progress do USDA, 53% da safra norte-americana estava em condição entre boa e excelente até o dia 3 de setembro, 3% abaixo do número observado na semana anterior e ainda 1% menor que a temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.