04/Sep/2023
A tendência é de maior sustentação para os preços do milho no mercado brasileiro, com o avanço das exportações e alta gradual dos prêmios nos portos brasileiros. Por outro lado, ainda há pressão baixista sobre as cotações futuras na Bolsa de Chicago, com a projeção de safra cheia nos EUA em 2023/2024. As cotações futuras em Chicago para a safra 2023/2024 giram entre US$ 4,70 a US$ 5,30 por bushel. Ocorreu um forte recuo de preços no mercado brasileiro, de 38% no acumulado dos últimos 12 meses, com colheita da 2ª safra recorde e a falta de capacidade estática de armazenagem, pressionando os prêmios nos portos brasileiros. Porém, a tendência é de maior sustentação das cotações neste último quadrimestre deste ano, com recuperação gradual dos preços pagos aos produtores. Os produtores brasileiros estão concentrados nos trabalhos de campo.
Enquanto a colheita de uma 2ª safra recorde em 2023 caminha para a reta final em muitas regiões, em outras, como no Rio Grande do Sul e no Paraná, os agricultores iniciam a semeadura da temporada de verão (1ª safra 2023/2024), que, ressalta-se, pode ter a área menor que a da safra anterior. Assim, entre os vendedores ativos no mercado, uma parte aceita negociar o milho a patamares inferiores, no intuito de liberar armazéns, ao passo que outros estão afastados, à espera de que as recentes valorizações nos portos sejam repassadas ao mercado interno. Do lado da demanda, os consumidores se mostram estocados e/ou recebendo o produto negociado antecipadamente. Diante disso, a liquidez está reduzida, e as cotações do cereal seguem praticamente estáveis. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está na casa dos R$ 53,00 por saca de 60 Kg desde o início da segunda quinzena de agosto.
Nem mesmo as novas valorizações nos portos são suficientes para elevar os preços neste momento. O Indicador ESALQ/BM&F apresenta leve recuo de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 53,54 por saca de 60 Kg. Neste mesmo período, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam pequena queda de 0,4%, enquanto no mercado de lotes (negociação entre empresas) há alta de 1,1%. Na B3, a elevada oferta interna e a queda das cotações internacionais pressionam os futuros. O contrato Setembro/2023 apresenta baixa de 1,7% nos últimos sete dias, para R$ 53,15 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Novembro/23 e Janeiro/2024 registram desvalorização de 1,0% no período, passando para R$ 56,64 por saca de 60 Kg e R$ 60,72 por saca de 60 Kg. A colheita da 2ª safra de 2023 chegou a 84% da área nacional até o dia 26 de agosto, avanço semanal de 5%, mas ainda atraso anual de 10%. Agora, além de Tocantins e Mato Grosso, o Piauí também finalizou as atividades de campo.
Em Goiás, a colheita somava 97% da área até o dia 26 de agosto. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 25 de agosto, a colheita alcançou 54% da área estadual, com atraso de 17% em relação à temporada anterior. Esse cenário se deve ao atraso da semeadura e à expectativa de recuperação nos valores por parte dos produtores. Na Região Sudeste, o tempo seco vem beneficiando a colheita, que chegou a 60% em São Paulo e a 87% em Minas Gerais. No Paraná, precipitações foram observadas no início da semana passada, mas sem atrasos nos trabalhos de campo. A colheita no Estado chegou, até o dia 28 de agosto, a 63% da área, 15% a mais que na semana anterior, mas ainda com 28% de atraso em relação ao mesmo período da temporada anterior. A semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) foi iniciada no Rio Grande do Sul e no Paraná, mas a área pode ser reduzida, devido aos baixos preços que vem sendo praticados atualmente no mercado interno, além dos riscos climáticos para o período.
Assim, parte dos produtores deve optar por outras culturas, como a soja. Conforme a primeira estimativa da Emater-RS, no Rio Grande do Sul (o terceiro maior produtor de safra de verão em 2022/2023), a redução na área deve ser de 0,7%, mas deve ser balanceada pelo aumento da produtividade, de 53%, gerando 6 milhões de toneladas. No Estado, a região de Erechim já conta com 20% da área semeada, Santa Rosa, com 70%, e algumas cidades próximas que compõem a região de Ijuí somam 40% da área, segundo o relatório do dia 31 de agosto. Para o Paraná, o Deral/Seab, aponta redução de 16% da área estadual e produtividade 1% menor, o que pode resultar em produção de 3,13 milhões de toneladas, queda de 17% em relação a 2022/2023. A semeadura chegou a 9% da área estadual até o dia 28 de agosto. Apesar da queda das cotações internacionais, o câmbio em alta manteve aquecida a demanda externa pelo cereal brasileiro.
Esse cenário eleva as cotações nos portos nacionais, e, com isso, parte dos produtores tem optado por negociar a mercadoria para exportação. Assim, as cotações nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) registram alta de respectivos 0,3% e 2,1% nos últimos sete dias. Os contratos negociados na Bolsa de Chicago iniciaram a semana passada em alta, impulsionados por preocupações com o impacto da seca no desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos. No entanto, as estimativas divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando que as condições das lavouras tiveram queda de apenas 2%, reduzindo o percentual de boas condições de 58% na semana anterior para 56% na semana passada, pressiona as cotações. Além disso, o início da colheita no Sul dos Estados Unidos também influencia as cotações. O contrato Setembro/2023 apresenta recuo de 2,4% nos últimos sete dias, a US$ 4,61 por bushel. O vencimento Dezembro/2023 tem desvalorização de 2% no mesmo comparativo, a US$ 4,78 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.