28/Aug/2023
A tendência é de preços mais sustentados para o milho no curto prazo, com maior demanda de grãos para exportações, que estão mais aquecidas desde o início de agosto. As cotações internacionais do milho também estão mais sustentadas nas últimas semanas. As exportações brasileiras de milho têm se intensificado nas últimas semanas. Como a colheita, de uma produção recorde, está avançando no Brasil, o escoamento do cereal ao mercado externo vem dando suporte aos preços domésticos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) vem atravessando este mês de agosto operando entre R$ 52,00 e R$ 53,00 por saca de 60 Kg. Atentos a esse cenário, parte dos produtores está afastada do spot, à espera de recuperação nos valores. Ressalta-se que, nas regiões em que o percentual já colhido é elevado e onde há dificuldades para armazenagem, os produtores estão mais flexíveis nos preços de negociação, contexto que resulta em queda na média dessas regiões. Os demandantes, por sua vez, se mostram abastecidos e/ou recebendo o milho já contratado antecipadamente.
Diante disso, a liquidez está baixa. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra avanço de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 53,56 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) sofrem pressão do avanço da colheita e apresentam baixa de 0,6%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a alta nos preços é de 0,2% no mesmo comparativo, sustentados pela retração de parte dos vendedores. Na B3, influenciados por elevações nos preços internacionais, os contratos estão em alta. O vencimento Setembro/2023 tem avanço de 0,9% nos últimos sete dias, para R$ 54,11 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Novembro/2023 e Janeiro/2024 registram altas de 0,4% e de 0,8% nos últimos sete dias, passando para R$ 57,47 por saca de 60 Kg e R$ 61,44 por saca de 60 Kg. Com uma maior disponibilidade de mercadoria, agentes se atentam às exportações e às diferenças entre os preços internos e nos portos. Por enquanto, as cotações nos portos seguem acima das registradas no spot nacional.
Na média da parcial de agosto, o Indicador ESALQ/BM&F está R$ 6,00 por saca de 60 Kg abaixo da média de preços no Porto de Santos (SP) e R$ 5,00 por saca de 60 Kg inferior à média do Porto de Paranaguá (PR). Esse contexto e a boa disponibilidade do cereal tendem a manter aquecidos os envios externos. Quanto aos embarques, o atual ritmo de agosto está 15% superior ao registrados em 2022, e, em 14 dias úteis, foram embarcadas 5,22 milhões de toneladas de milho, o que representa 70% do volume total exportado no mesmo mês de 2022. Com isso, na parcial da temporada (de fevereiro/2023 à metade de agosto/2023), as exportações somam 14,94 milhões de toneladas, volume semelhante ao do mesmo período de 2022, de 15 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago, as preocupações com o impacto do clima quente e seco no desenvolvimento das lavouras de milho no Meio Oeste dos Estados Unidos sustentaram as cotações no início da semana passada, mas notícias indicando que a produtividade em parte dos Estados aumentou em relação ao ano anterior voltaram a pressionar os futuros.
Além disso, o avanço da colheita no Brasil, que aumenta a concorrência com o cereal daquele país, também influenciou os futuros. Com isso, o primeiro vencimento, Setembro/2023 registra recuo de 0,1% nos últimos sete dias, passando para US$ 4,72 por bushel. Quanto às lavouras, de acordo com o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 21 de agosto, 58% apresentavam condições boas ou excelentes, contra 59% na semana anterior, mas acima dos 55% observados em 2022. Na Argentina, a colheita está na reta final e chegou, até o dia 24 de agosto, a 96,9% da área nacional, avanço semanal de 6,7%. A produção está estimada em 34 milhões de toneladas, 18 milhões de toneladas a menos que em 2022. No Brasil, ao mesmo tempo em que a colheita da 2ª safra de 2023 avança na maior parte das regiões, os produtores também já iniciaram a semeadura da temporada 2023/2024 em algumas localidades. Até o dia 19 de agosto, a média nacional colhida somava 78,8%, 12% abaixo do registrado em 2022.
Em Tocantins e em Mato Grosso, os trabalhos de campo já foram finalizados. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 18 de agosto, a colheita alcançou 42% da área estadual. As atividades no Estado estão lentas, tendo em vista que produtores aguardam melhora das cotações para intensificar os trabalhos de campo. Goiás, outro importante Estado produtor, colheu 91% da área até o dia 19 de agosto. Nas Regiões Sul e no Sudeste, os trabalhos de campo também têm avançado. Em Minas Gerais e em São Paulo, as áreas colhidas eram de 72% e de 50%, respectivamente, até o final da semana anterior. No Paraná, a ausência de chuvas nos últimos dias favoreceu a colheita, que chegou até o dia 21 de agosto a 48% da área estadual, 14% acima da semana anterior, mas ainda com 46% de atraso em relação ao mesmo período da temporada anterior. No Rio Grande do Sul, a semeadura da safra de verão 2023/2024 teve início em mais regiões do Estado, facilitado pelo retorno das chuvas e pelas temperaturas mais elevadas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.