21/Aug/2023
No mercado brasileiro, a pressão baixista persiste sobre os preços do milho, com o avanço da colheita da segunda safra recorde no Brasil, a queda das cotações externas e a falta de capacidade de armazenagem para receber a oferta elevado do grão nas últimas semanas. Ainda que a colheita de milho venha apresentando bom ritmo nas principais regiões produtoras de 2ª safra, o movimento de queda das cotações do cereal perdeu força. Esse cenário se deve à retração de parte dos vendedores, que estão atentos à recente intensificação das exportações brasileiras de milho e à valorização do dólar. Muitos consumidores, por sua vez, evitam negociar grandes lotes, à espera de novas quedas nos preços. Esses agentes estão fundamentados nas estimativas indicando safra recorde, nas dificuldades de armazenagem, que crescem à medida que as atividades de campo avançam, e, sobretudo, na proximidade de vencimento de dívidas relacionadas aos custeios.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 53,22 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, contudo, o Indicador acumula baixa de 0,7% e segue operando nos menores patamares de 2023. Nos últimos sete dias, os preços médios registram alta de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No entanto, nas regiões do Centro-Oeste, onde a colheita está mais avançada, os valores estão pressionados. Em Sorriso (MT), Dourados (MS) e Anápolis (GO), as baixas são de respectivos 0,9%, 1,4% e 1,0%. Na B3, acompanhando as cotações internacionais e a expectativa de aumento de oferta com o avanço da colheita, os contratos estão em baixa. O contrato Setembro/2023 registra desvalorização de 2,3% nos últimos sete dias, para R$ 53,61 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Novembro/2023 e Janeiro/2024 apresentam baixa de 3% e 2,8% no mesmo comparativo, passando para R$ 57,23 por saca de 60 Kg e R$ 60,94 por saca de 60 Kg.
As negociações spot nos portos ainda estão enfraquecidas, mas os embarques vêm se recuperando com o avanço da colheita e com a entrega dos lotes negociados antecipadamente. Os preços estão sendo impulsionados pela valorização da moeda norte-americana e por pontuais demandas internacionais. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), as médias são de R$ 58,10 por saca de 60 Kg e de R$ 60,92 por saca de 60 Kg, elevações de 0,8% e de 2,6% nos últimos sete dias. Quanto aos embarques, na parcial de agosto (considerando-se nove dias úteis), foram escoadas 3,15 milhões de toneladas do cereal. Caso o atual ritmo diário, de 349,82 mil toneladas, se mantenha, o Brasil pode exportar 8,04 milhões de toneladas em agosto, superando as 7,44 milhões embarcadas em agosto/2022. Para a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), o País pode escoar de 7,8 a 10,25 milhões de toneladas.
Os trabalhos de campo seguem favorecidos pelo tempo seco nas regiões produtoras brasileiras e ultrapassam os 90% nos estados do Piauí, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso até o dia 12 de agosto. A média nacional da colheita é de 72,4%, avanço semanal de 8%, mas ainda atraso anual de 14,1%. Em Mato Grosso, a colheita avançou 3% nos últimos sete dias, totalizando 98,83% da área estadual, mas ainda 1,1% menor que a temporada passada. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos somavam apenas 33,2% da área até o dia 11 de agosto, atraso de 15,7% em relação à temporada passada. Nas Regiões Sul e Sudeste, a área colhida é menor, mas também vem avançando com o decorrer das semanas. Em Minas Gerais e em São Paulo, a Conab aponta que foram colhidas 58% e 40% das respectivas áreas até o dia 12 de agosto. No Paraná, apesar do clima instável, até o dia 14 de agosto, a colheita havia alcançado 34% da área estimada, avanço semanal de 6%, mas ainda 45% de atraso em relação a 2022.
Ao mesmo tempo que a colheita ganha ritmo, os produtores no Rio Grande do Sul iniciaram o preparo das áreas e até mesmo a semeadura pontual da safra 2023/2024. No entanto, o clima seco e as temperaturas elevadas limitam as atividades de campo. Na Bolsa de Chicago, os preços são pressionados pela divulgação de relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando melhora nas condições de lavouras norte-americanas. No entanto, a previsão de clima seco e de altas temperaturas limita maiores desvalorizações. Assim, o vencimento Setembro/2023 apresenta recuo de 2,0% nos últimos sete dias, a US$ 4,73 por bushel. Para Dezembro/2023 e Março/2024, as quedas são de 2,1% e de 2,0% no mesmo comparativo, a US$ 4,85 por bushel e a US$ 4,99 por bushel, respectivamente. De acordo com o relatório do USDA, divulgado no dia 14 de agosto, as áreas norte-americanas consideradas boas ou excelentes correspondem por 59%, contra 57% na semana anterior. Na Argentina, até o momento, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que a área colhida soma 90,2%, avanço semanal de 9,3%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.