14/Aug/2023
No mercado brasileiro, a pressão baixista persiste sobre os preços do milho, com o avanço da colheita da segunda safra recorde no Brasil, queda das cotações externas e falta de capacidade de armazenagem para receber a oferta elevado do grão nas últimas semanas. Os preços do milho seguem em queda no mercado brasileiro, refletindo a maior oferta do grão, com o avanço da colheita e as recentes desvalorizações no mercado internacional. De acordo com relatório de oferta e demanda de agosto/2023 divulgado na sexta-feira (11/08) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa de produção de milho do país na safra 2023/2024 foi reduzida para 383,83 milhões de toneladas, ante 389,15 milhões de toneladas projetadas no mês passado. Ainda assim, essa poderá ser a segunda maior safra da história dos Estados Unidos. O avanço da colheita da 2ª safra brasileira de milho de 2023, novas estimativas oficiais indicando produção recorde no País e a melhora do clima nos Estados Unidos mantêm os compradores afastados do mercado spot nacional.
Nesse cenário, os negócios estão em ritmo lento, e os preços, em queda. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 1,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 52,65 por saca de 60 Kg, o menor patamar nominal desde agosto de 2020. Nos últimos sete dias, os preços do milho apresentam leve alta de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas queda de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Apesar do avanço da colheita, o ritmo de negociações nos portos brasileiros segue lento. os produtores estão entregando lotes já programados antecipadamente. Além disso, os embarques de soja estão aquecidos, dificultando a logística para o milho. Ainda assim, os preços nos portos seguem acima dos registrados no interior do País. As médias nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP) são de R$ 57,62 por saca de 60 Kg e de R$ 59,37 por saca de 60 Kg, com baixas de 0,6% e 3,6%, respectivamente, nos últimos sete dias.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), neste começo de agosto, considerando-se quatro dias úteis, o ritmo diário de embarques foi de 329,7 mil toneladas, acima das 323,7 mil toneladas registradas em agosto/2022. Caso esse ritmo se mantenha, o volume exportado em todo o mês de agosto pode chegar a 7,6 milhões de toneladas, 76% a mais que em julho/2023. Até o momento, foram embarcadas 1,3 milhão de toneladas. Em relatório divulgado no dia 10 de agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajustou positivamente a estimativa de produção para o milho 2ª safra de 2023 para 100,2 milhões de toneladas, um novo recorde, sendo 2 milhões de toneladas acima do relatório de julho e 14,7 milhões de toneladas superior à safra anterior. Com isso, a produção nacional de milho da safra 2022/2023 é estimada em 129,9 milhões de toneladas, quantidade recorde. O consumo foi mantido em 79,4 milhões de toneladas, e as exportações, ajustadas para 50 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas acima do divulgado em julho.
Caso as estimativas se confirmem, os estoques finais para janeiro de 2024 são estimados em 10,5 milhões de toneladas, quantidade 28% superior à safra anterior. O clima seco na maior parte das regiões produtoras tem favorecido o trabalho de colheita. Segundo a Conab, 64% da área nacional havia sido colhida até o dia 3 de agosto, avanço semanal de 7,3%, mas ainda com atraso de 15,5% em relação à temporada 2021/2022. Em Mato Grosso, a colheita avançou 4,46% entre os dias 28 de julho e 4 de agosto, totalizando 96,08% da área estadual, mas ainda 3,65% menor que a temporada passada. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de campo estão mais atrasados e somavam 26,8% da área até o dia 4 de agosto, atraso de 15% em relação à temporada passada. Nas Regiões Sul e no Sudeste, os trabalhos de campo estão mais lentos, devido ao atraso na temporada de soja e às baixas temperaturas, que limitaram o desenvolvimento das lavouras. Em Minas Gerais e em São Paulo, a Conab indicou que as áreas colhidas eram de 47% e de 7%, respectivamente, até o dia 3 de agosto.
No Paraná, a colheita começa a ganhar ritmo, chegando a 28% da área estadual até o dia 7 de agosto. Esse percentual é 11% maior que o da semana anterior, mas ainda 41% atrasado em relação à temporada anterior. Nos Estados Unidos, apesar da melhora geral nas condições das lavouras frente ao início do ciclo, ainda há preocupações quanto ao impacto do clima seco no desenvolvimento. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, no dia 7 de agosto, que 57% das lavouras norte-americanas apresentavam boas ou excelentes condições até o dia 6 de agosto, acima dos 55% verificados na semana passada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, na Argentina, os trabalhos de campo avançaram 8,3% na semana, com 80,9% da área colhida até o dia 9 de agosto. Até o momento, a estimativa de produção segue em 34 milhões de toneladas. Na B3, influenciado pela maior oferta no Brasil, o contrato Setembro/2023 registra desvalorização de 1,0% nos últimos sete dias, a R$ 54,86 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Novembro/2023 e Janeiro/2024 se mantêm praticamente estáveis no mesmo período. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.