07/Aug/2023
No mercado brasileiro, a pressão baixista persiste sobre os preços do milho, com o avanço da colheita da segunda safra recorde no Brasil, queda das cotações externas e falta de capacidade de armazenagem para receber a oferta elevado do grão nas últimas semanas. Os preços do milho seguem em queda no mercado brasileiro, refletindo a maior oferta do grão, com o avanço da colheita e as recentes desvalorizações no mercado internacional. Os preços do milho seguem em queda e já operam nos menores patamares do ano em muitas regiões. No caso do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), os atuais valores do cereal são os menores nominais desde agosto de 2020. A maior disponibilidade do produto e a forte queda nos preços externos pressionam as cotações domésticas. Com o pico de colheita de uma 2ª safra de 2023 recorde, os consumidores aguardam preços menores para efetuar compras de grandes volumes.
Os vendedores, por sua vez, estão resistentes em negociar nos atuais patamares. Esse cenário resulta em maior disparidade entre as ofertas de compra e venda e em baixa liquidez. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 2,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 53,47 por saca de 60 Kg. No acumulado de julho, o Indicador caiu 3,1%, com média mensal a R$ 54,98 por saca de 60 Kg, também a mais baixa desde agosto de 2020, em termos nominais. As quedas mais expressivas são registradas nas regiões produtoras do mercado de balcão (preço pago ao produtor). Nos últimos sete dias, as baixas são de 12% em Sorriso (MT), de 8,9% em Rio Verde (GO) e de 7,1% no oeste do Paraná. No mesmo período, na média das regiões produtoras, os preços do milho apresentam recuo de 5,0% no mercado de balcão e de 2,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Os futuros negociados na Bolsa de Chicago acumulam forte queda, influenciados pela melhora do clima nos Estados Unidos e pela desvalorização do trigo.
Os vencimentos Setembro/2023 e Dezembro/2023 registram recuo de 9,8% e 9,0% nos últimos sete dias, a US$ 4,80 por bushel e a US$ 4,93 por bushel. Na B3, influenciados pela maior oferta no Brasil e pelas quedas internacionais, os vencimentos também estão pressionados. Os contratos Setembro/2023 e Novembro/2023 apresentam desvalorização de 2,98% e 3,4% nos últimos sete dias, a R$ 55,41 por saca de 60 Kg e a R$ 59,02 por saca de 60 Kg. O clima seco na maior parte das regiões produtoras tem favorecido o trabalho de colheita. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 54,7% da área nacional havia sido colhida até o dia 29 de julho, avanço semanal de 6,8%, mas ainda com atraso de 16,4% em relação à temporada 2021/2022, com avanços mais significativos em Mato Grosso, Tocantins e no Maranhão. Em Mato Grosso, a colheita avançou 7,7% entre os dias 21 e 28 de julho, totalizando 91,6% da área estadual, mas ainda 6,3% abaixo da temporada passada.
Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de campo estão mais atrasados e somavam apenas 16,2% da área até o dia 28 de julho, atraso de 10% em relação à temporada passada. Nas Regiões Sul e Sudeste, os trabalhos de campo estão mais lentos, devido ao atraso na temporada de soja e às baixas temperaturas, que limitaram o desenvolvimento das lavouras. Em Minas Gerais e em São Paulo, a Conab indicou que as áreas colhidas eram de 35% e de 5%, respectivamente, até o dia 29 de julho. A colheita começa a ganhar ritmo no Paraná, chegando a 17% da área estadual até o dia 31 de julho. Esse percentual é 6% maior que o da semana anterior, mas ainda 40% atrasado em relação à temporada anterior. Nos Estados Unidos, apesar da melhora geral nas condições das lavouras frente ao início do ciclo, ainda há preocupações quanto ao impacto do clima seco no desenvolvimento.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, no dia 30 de julho, que 55% das lavouras apresentavam boas ou excelentes condições, abaixo dos 57% verificados na semana passada e dos 61% em 2022. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos de campo avançaram 2,1% na semana passada, com 72,6% da área colhida até o dia 2 de agosto. Até o momento, a estimativa de produção segue em 34 milhões de toneladas. Os preços nos portos brasileiros registram baixas, devido às quedas externas. No Porto de Paranaguá (PR), o milho é negociado a R$ 57,98 por saca de 60 Kg, desvalorização de 3,8% nos últimos sete dias. Quanto aos embarques, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), 4,3 milhões de toneladas do cereal foram exportadas em julho, quantidade 4% superior ao mesmo período do ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.