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31/Jul/2023

Tendência baixista para os preços do milho no Brasil

No mercado brasileiro, a pressão baixista persiste sobre os preços do milho, com o avanço da colheita da segunda safra recorde no Brasil, queda do dólar e falta de capacidade de armazenagem para receber a oferta elevado do grão nas últimas semanas. Os preços do milho seguem em queda no mercado brasileiro, refletindo a maior disponibilidade do cereal, com o avanço da colheita, e as recentes desvalorizações no mercado internacional. Os recuos mais expressivos são observados na Região Centro-Oeste, onde a colheita está mais adiantada. Em Maracaju (MS) e em Sorriso (MT), por exemplo, as baixas dos preços no mercado de lotes são de 11% e 5% nos últimos sete dias, a R$ 40,05 por saca de 60 Kg e a R$ 35,55 por saca de 60 Kg, respectivamente. Os vendedores têm se mostrado receosos em negociar, na expectativa de que a demanda internacional se redirecione para o Brasil, devido aos recentes conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.

Além disso, uma parcela dos produtores tem mostrado preferência em realizar a operação barter (troca por insumos) em detrimento de vender novos volumes de milho no mercado spot. Por outro lado, grande parte dos consumidores está se abastecendo com milho da Região Centro-Oeste, por meio de contratos realizados nas semanas anteriores. Portanto, não têm necessidade de adquirir novos volumes a curto prazo. A recente queda na taxa de câmbio, além das menores cotações no mercado internacional, tem pressionado a paridade de exportação e, consequentemente, as cotações no mercado doméstico. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) se mantém praticamente estável (+0,1%) nos últimos sete dias, a R$ 54,71 por saca de 60 Kg. Em São Paulo, a colheita ainda está no início. Nos últimos sete dias, os preços do milho apresentam baixa de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociação entre empresas).

No campo, apesar das chuvas pontuais na Região Sul do País, a colheita está avançando. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 47,9% da área nacional havia sido colhida até o dia 22 de julho, avanço semanal de 8,6%, mas ainda com atraso de 11,7% em relação à temporada 2021/2022, com avanços mais significativos nos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Especificamente em Mato Grosso, a colheita avançou 16,9% entre os dias 14 e 21 de julho, totalizando 64,1% da área estadual. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de campo estão mais atrasados e chegaram em apenas 8,7% até o dia 21de julho. Em Goiás, as atividades alcançaram 35% da área até o dia 22 de julho. Nas Regiões Sul e Sudeste, os trabalhos de campo estão mais lentos, devido ao atraso na temporada de soja e às baixas temperaturas, que limitaram o desenvolvimento das lavouras. Em Minas Gerais e em São Paulo, a área colhida era de 30% e 2%, respectivamente, até o dia 22 de julho.

No Paraná, com as chuvas em alguns dias da semana passada, a colheita teve ritmo menor, chegando a apenas 11% da área estadual até o dia 24 de julho. Esse percentual é 5% maior que o da semana anterior, mas ainda 35% atrasado em relação à temporada anterior. Nos Estados Unidos, apesar da melhora geral nas condições das lavouras, ainda há preocupações quanto ao impacto do clima seco no desenvolvimento. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, no dia 24 de julho, que 58% das lavouras apresentavam boas ou excelentes condições, inferior aos 61% verificados em 2022. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos de campo na Argentina avançaram 2,1% na semana passada, com 68,4% da área colhida até o dia 27 de julho. Até o momento, a estimativa de produção segue em 34 milhões de toneladas.

Os futuros negociados na Bolsa de Chicago até avançaram no início da semana passada, influenciados pelo aumento das tensões no Leste Europeu, mas passaram a recuar a partir de quarta-feira (26/07), influenciados pela realização de lucros. Com isso, os vencimentos Setembro/2023 e Dezembro/2023 registram recuo de 0,7% nos últimos sete dias, para US$ 5,33 por bushel e US$ 5,42 por bushel. Na B3, influenciados pela maior oferta no Brasil e pelas quedas internacionais, os vencimentos também estão pressionados. Os contratos Setembro/2023 e Novembro/2023 acumula queda de 1,7% e de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 56,60 por saca de 60 Kg e a R$ 60,57 por saca de 60 Kg. Os preços nos portos registram baixas, devido às quedas externas. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), as médias apresentam baixa de 1,2% e 0,7% nos últimos sete dias. Quanto aos embarques, 2,68 milhões de toneladas do cereal foram exportadas em 21 dias uteis deste mês, o que representa 64% do volume total embarcado em julho de 2022. A expectativa da Anec é de que sejam embarcadas 6,85 milhões de toneladas em julho. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.