24/Jul/2023
A tendência é altista para os preços do milho nos mercados externo e interno, com a nova disparada das tensões na guerra entre Rússia e Ucrânia e com as condições climáticas adversas nas lavouras de soja e milho dos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato do milho com vencimento em dezembro/2023 subiu de US$ 4,83 por bushel no dia 12 de julho para US$ 5,36 por bushel na sexta-feira (22/07), acumulando uma alta de 11%. No mercado interno, muito ofertado e com os prêmios negativos nos portos brasileiros, as altas são bem menos expressivas e a recuperação dos preços deverá ser mais lenta. Em Chicago, o ponto central de atenção ainda continua sendo o clima adverso nos Estados Unidos. Os próximos dias e semanas deverão, de acordo com os modelos climáticos, ser de chuvas abaixo da média e temperaturas acima, o que poderia agravar ainda mais as condições da safra 2023/2024.
E as expectativas são de que o potencial produtivo tanto da soja, como do milho, continue a perder força, devendo ser reajustado para baixo no próximo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em agosto. Nas bolsas de commodities, os fundos de investimentos cobriram posições vendidas após os ataques russos à infraestrutura portuária da Ucrânia. Os preços futuros do trigo, milho e soja estão sendo impulsionados pelos ataques russos contra os portos de Odessa e Chornomorsk, de onde a Ucrânia embarcou os maiores volumes de grãos durante a vigência do acordo do Mar Negro. Será difícil para a Ucrânia manter seus embarques de grãos no Mar Negro. No Brasil, todos os Estados produtores da 2ª safra de milho de 2023 já iniciaram a colheita. O estado de São Paulo era o único que ainda não havia iniciado as atividades. O avanço da colheita, com a consequente preocupação com a capacidade de armazenagem do produto da nova safra, vinha pressionando os valores.
No Brasil, as negociações estão em ritmo lento, visto que os compradores estão à espera de novos recuos nos preços com o avanço da colheita. Vale lembrar que a oferta elevada e a baixa negociação antecipada têm preocupado agentes, e parte dos vendedores tem aceitado negociar lotes a patamares inferiores. No entanto, dois fatores internacionais reverteram o cenário baixista: o fim do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro (no dia 17 de julho foi confirmada a saída da Rússia do acordo que criou um corredor seguro para exportação de grãos), e os ataques que ocorreram na cidade portuária de Odessa, na Ucrânia, no dia 18 de julho, que devem restringir ainda mais os embarques naquele território. Juntas, Rússia e Ucrânia podem embarcar 33 milhões de toneladas na temporada 2022/2023 e 24 milhões de toneladas na 2023/2024. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta alta de 1,1% nos últimos sete dias, para R$ 54,68 por saca de 60 Kg, refletindo as preocupações internacionais.
Nos últimos sete dias, os preços do milho apresentam avanço de 4,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). 39,3% da área nacional havia sido colhida até o dia 15 de julho, avanço semanal de 10%, mas ainda com 9,9% de atraso em relação à temporada 2022. Avanços mais significativos na colheita foram registrados nos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Em Mato Grosso, a colheita avançou 19% entre os dias 7 e 14 de julho, totalizando 68% da área estadual. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos de campo estão mais atrasados e chegaram, até o dia 14 de julho, a apenas 4,4% do total. Goiás, outro importante Estado produtor, colheu 19% da área até o dia 15 de julho. Nas Regiões Sul e Sudeste, os trabalhos de campo estão mais lentos, devido ao atraso na temporada de soja e às baixas temperaturas, que limitaram o desenvolvimento das lavouras.
Em Minas Gerais e em São Paulo, as áreas colhidas eram de 23% e 2%, respectivamente, até o dia 15 de julho. No Paraná, a colheita teve ritmo mais lento com as chuvas em alguns dias da semana passada, chegando a apenas 6% da área estadual até o dia 17 de julho, 3% maior que na semana anterior, mas ainda com 24% de atraso em relação ao mesmo período da temporada anterior. Quanto à safra de verão (1ª safra 2022/2023), restam apenas 3% da área para ser colhida no Rio Grande do Sul, na Bahia, no Maranhão e no Piauí. Apesar da melhora nas condições das lavouras nos Estados Unidos, ainda há preocupações quanto ao impacto do clima seco no desenvolvimento do cereal. No dia 17 de julho, o USDA indicou que 57% das lavouras apresentavam condições boas ou excelentes, ante 55% na semana anterior, mas inferior às 64% observadas em 2022. Na Argentina, os trabalhos de campo avançaram 8%, com 66% da área colhida até o dia 20 de julho. Até o momento, a estimativa de produção segue em 34 milhões de toneladas.
Os futuros negociados na Bolsa de Chicago avançaram na maior parte da semana passada, influenciados por preocupações com a oferta global, diante do aumento das tensões no Leste Europeu, e pela previsão de tempo quente e seco no Meio Oeste dos Estados Unidos, que pode atrapalhar a atual fase de polinização do cereal e reduzir o potencial produtivo das lavouras. Na B3, influenciados pelos preços internacionais, os vencimentos também estão em alta. Os contratos Setembro/2023 e Novembro/2023 acumulam valorização de 2,6% e 2,8% nos últimos sete dias, a R$ 57,61 por saca de 60 Kg e a R$ 61,02 por saca de 60 Kg. Os preços nos portos registram elevações, influenciados pelas altas externas e por expectativas de que a demanda pode voltar a se aquecer nas próximas semanas. Com isso, nos últimos sete dias, os avanços são de 4,0% e de 1,4% no Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), respectivamente. Em 10 dias uteis deste mês, foram embarcadas 1,170 milhão de toneladas do cereal, o que representa 30% do volume total exportado em 2022. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) indicou que 6,85 milhões de toneladas deverão ser embarcadas em julho. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.