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17/Jul/2023

Tendência baixista para os preços do milho no Brasil

A tendência é baixista sobre os preços do milho no mercado interno, com o avanço da colheita da 2ª safra recorde, dólar em baixa no Brasil, insuficiência na capacidade estática de armazenagem, prêmios negativos nos portos brasileiros, ritmo lento das exportações brasileiras e revisão da área plantada nos EUA na safra 2023/2024, que cresceu 6,4%, com projeção de safra recorde nos EUA na atual temporada. O dólar fechou a sexta-feira (14/07) a R$ 4,79, com alta de 0,12%. Na semana passada, no entanto, a moeda norte-americana acumulou baixa de 1,43%. O avanço da colheita da 2ª safra brasileira de milho de 2023, que deve ser recorde, e a melhora do clima nos Estados Unidos, o que tem aumentado as estimativas mundiais de produção, apesar das recentes preocupações com o tempo seco no país, têm mantido os compradores afastados do mercado spot nacional. Assim, as negociações de milho seguem em ritmo lento no Brasil, com os preços em queda.

Além do aumento da área semeada com o cereal na atual temporada, o clima benéfico na maior parte do período de desenvolvimento das lavouras no Brasil também explica o volume elevado em 2022/2023. Nos Estados Unidos, junho foi marcado pelo clima quente e seco, mas o retorno das chuvas entre o final daquele mês e o início de julho recuperou parte das boas condições das lavouras, o que também aumentou o otimismo quanto à produtividade na temporada 2023/2024. Com o avanço da colheita e a consequente retração compradora (que aguardam desvalorizações mais expressivas), além da necessidade de venda de produtores, as cotações internas estão em queda. Nos últimos sete dias, o Indicador ESALQ/BM&F, (região de Campinas/SP), registra queda de 2,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 54,28 por saca de 60 Kg. Em termos regionais, os valores estão recuando com mais intensidade na Região Centro-Oeste nos últimos dias, pois essa região tem tido avanços mais expressivos na colheita, gerando maior necessidade de venda, devido à dificuldade de armazenar o cereal.

Em Rondonópolis (MT), Chapadão do Sul (MS) e Rio Verde (GO), as baixas são de 2%, 0,8% e 2% nos últimos sete dias, respectivamente. Em São Paulo, onde a colheita ainda não começou, os preços apresentam alta: na região da Mogiana, por exemplo, o avanço é de 0,8% no mesmo comparativo. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram alta de 1,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, as cotações iniciaram a semana passada em baixa, mas passaram a subir com a elevação dos valores internacionais. O contrato Julho/2023 tem avanço de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 55,26 por saca de 60 Kg. O vencimento Setembro/2023 registra queda de 0,8% no mesmo período, a R$ 56,12 por saca de 60 Kg. No mercado internacional, a melhora na qualidade das lavouras e as estimativas de safra volumosa nos Estados Unidos pressionaram as cotações até o dia 12 de julho.

No entanto, as preocupações com o clima quente e o baixo volume de chuvas nos Meio Oeste voltaram a elevar as cotações internacionais. Na Bolsa de Chicago, o vencimento Julho/2023 registra avanço de 4,7% nos últimos sete dias, a US$ 5,93 por bushel. Entretanto, o contrato Setembro/2023 apresenta recuo de 1,0% no mesmo comparativo, para US$ 4,93 por bushel. Nem mesmo o avanço da colheita, as altas nos preços internacionais e o aumento da paridade de exportação são suficientes para elevar o ritmo de negociações nos portos brasileiros. Isso porque os produtores estão entregando lotes já programados antecipadamente, além do fato de os embarques de soja estarem aquecidos, dificultando a logística para o cereal. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), neste começo de julho, considerando-se cinco dias úteis, o ritmo diário de embarques foi de 103,7 mil toneladas, abaixo das 196,1 mil toneladas registradas em julho/2022.

Caso esse ritmo se mantenha, o volume pode chegar a 2,18 milhões de toneladas no mês, o que também será inferior às 4,11 milhões de toneladas de julho/2022. Até o momento, foram embarcadas 518 mil toneladas. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), as médias são de R$ 58,62 por saca de 60 Kg e R$ 60,51 por saca de 60 Kg, altas de 7% e 4,1% nos últimos sete dias, respectivamente. No Brasil, as estimativas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a produção brasileira 2022/2023 deve superar em 13% a da temporada 2021/2022. Para a 2ª safra de 2023, o aumento deve ser de 14%, agora estimada em 98,04 milhões de toneladas. Assim, considerando-se os estoques iniciais, a produção e as importações, a disponibilidade da temporada 2022/2023 passa a ser projetada em 137,76 milhões de toneladas. O consumo passou a ser estimado em 79,43 milhões de toneladas. As exportações foram mantidas em 48 milhões de toneladas, e as importações, em 1,9 milhão de toneladas.

Com isso, ao final da temporada, os estoques devem totalizar 10,33 milhões de toneladas, aumento de 28% frente à safra anterior. Em termos mundiais, o relatório divulgado no dia 12 de julho pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que, apesar da cautela quanto ao clima nos Estados Unidos, a produção mundial em 2023/2024 deve ser de 1,22 bilhão de toneladas, 6% maior que a anterior. Os aumentos ocorreram principalmente na Argentina, na União Europeia e nos Estados Unidos. Apesar do aumento no consumo, que deve totalizar 1,2 bilhão de toneladas, o avanço na produção faz com os estoques mundiais estejam estimados em 314,11 milhões de toneladas ao final da temporada, aumento de 6% em relação a 2022/2023. A colheita da 2ª safra de 2023 vem avançando na maior parte das regiões brasileiras, chegando a 29,3% da área nacional até o dia 8 de julho, segundo dados da Conab. Em sete dias, o avanço foi de 9,3%, mas ainda com atraso de 10% na comparação com 2021/2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.