10/Jul/2023
A tendência é de persistência da pressão baixista sobre os preços do milho no Brasil, com a revisão para cima da área plantada com milho na safra 2023/2024 dos Estados Unidos e queda acentuada das cotações futuras em Chicago, além da elevada oferta interna, falta de capacidade estática de armazenagem para abrigar a 2ª safra recorde de 2023 e dólar em baixa. A expansão de área nos Estados Unidos é de 6,4% na safra 2023/2024 ante a temporada anterior. Após essa divulgação, o contrato setembro/2023 do milho na Bolsa de Chicago caiu de US$ 6,23 por bushel no dia 21/06, para os atuais US$ 4,87 por bushel, acumulando uma forte queda de 21,8% neste intervalo. O avanço da colheita da 2ª safra de 2023, que deve ser recorde, e a retração de parte dos consumidores no mercado brasileiro mantêm as cotações do milho enfraquecidas. Reações pontuais nos preços são observadas, sendo influenciadas por dificuldades logísticas, como alta dos fretes, e por elevada umidade do cereal em algumas regiões, que dificulta a colheita e/ou a negociação de novos lotes.
Nos últimos sete dias, os preços do milho registram recuo de 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta baixa de 1,4% no mesmo período, a R$ 55,35 por saca de 60 Kg. Na B3, os contratos futuros chegaram a avançar, impulsionados pelas altas dos preços internacionais, mas encerraram a semana passada em queda, pressionados pelo ritmo de negócios enfraquecidos e pela colheita no Brasil. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2023 se mantém praticamente estável (-0,02%), a R$ 54,47 por saca de 60 Kg. O vencimento Setembro/2023 tem avanço de 0,04%, a R$ 56,55 por saca de 60 Kg. No mercado internacional, o retorno das chuvas aliviou, de maneira pontual, parte do estresse hídrico das lavouras dos Estados Unidos, mas ainda seguem os temores de agentes quanto ao rendimento das lavouras. Por outro lado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou a área destinada ao cereal em 2022/2023, de 38 milhões de hectares, é a terceira maior desde 1944, o que também está pressionando os vencimentos futuros no país.
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento, Julho/2023, registra desvalorização de 2,5% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,66 por bushel. O contrato Dezembro/2023 apresenta baixa de 4,1% no mesmo comparativo, a US$ 5,06 por bushel. No Brasil, praticamente não choveu na semana passada nas regiões produtoras de 2ª safra, o que favoreceu o avanço nos trabalhos de campo. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, até o dia 1º de julho, a colheita chegou a 20% da área nacional, avanço semanal de 9%, mas ainda atraso de 8% em relação ao ciclo anterior. Em Mato Grosso, dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que houve avanço expressivo nos trabalhos de campo nos últimos dias, chegando a 33% da área estadual. Apesar do atraso na colheita em relação à temporada anterior, esse avanço intensifica a preocupação quanto à capacidade de armazenagem do Estado, que já tem mercadoria a céu aberto.
Parte dos produtores tem investido em outros tipos de armazenagem, como silos-bolsas, mas ainda insuficiente para o volume da atual temporada. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos também avançaram, somando, até o dia 30 de junho, 2,2% da área estadual, avanço semanal de 1,4%, mas abaixo dos 5,7% colhidos na safra passada e dos 5,8% da média das últimas cinco temporadas, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul). Quanto à safra de verão (1ª safra 2022/2023), restam apenas 5,2% da área nacional para ser colhida e em quatro Estados (Maranhão, Piauí, Bahia e Rio Grande do Sul). Especificamente no Rio Grande do Sul, a Emater-RS indicou no dia 6 de julho que a colheita havia finalizado e que, agora, produtores começam a analisar a área para 2023/2024. Por enquanto, os produtores se atentam aos atuais baixos preços praticados e ao risco climático na temporada verão. Na Argentina, a colheita está atrasada, devido às chuvas, principalmente na região sul do país. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que, até o dia 6 de julho, pouco mais de 51% da área havia sido colhida, avanço semanal de apenas 3,1%.
Nos Estados Unidos, chuvas auxiliaram as lavouras, e dados do dia 6 de julho do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicaram que as lavouras em boas condições cresceram em 1%. O USDA relatou que 51% da safra norte-americana estava em condição entre boa e excelente até o dia 2 de julho, contra 50% na semana anterior. Em 2022, o percentual era de 64%. Nos portos brasileiros, apesar do enfraquecido ritmo de negócios, os embarques de milho cresceram em junho. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 1,03 milhão de toneladas de milho em junho, acima das 989,29 mil toneladas do mês anterior. Para os próximos meses, o avanço da colheita pode intensificar o escoamento. Os exportadores estão focados no recebimento de lotes negociados antecipadamente, mas já começam a aumentar a demanda, sobretudo nos dias em que os preços internacionais subiram. No entanto, as cotações do milho no Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP) registram baixa de respectivos 6,8% e 5,4% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.