03/Jul/2023
A tendência é de persistência da pressão baixista sobre os preços do milho no Brasil, com a queda acentuada das cotações futuras em Chicago, elevada oferta interna, falta de capacidade estática de armazenagem para abrigar a 2ª safra recorde de 2023 e dólar em baixa. De acordo com dados divulgados pela Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na sexta-feira (30/06), a estimativa para área plantada com milho no país na safra 2023/2024 foi elevada. A área de milho foi estimada em 38,08 milhões de hectares, ante 37,23 milhões de hectares previstos no fim de março. A expansão de área é de 6,4% na safra 2023/2024 ante a temporada anterior. Em 2022/2023, a área de milho ficou em 35,85 milhões de hectares. Essa é a terceira maior área plantada nos EUA desde 1944. O contrato setembro/2023 do milho na Bolsa de Chicago abriu o mês de junho cotado a US$ 4,94 por bushel e acumulou uma expressiva alta de 20,9% entre os dias 1º e 21 de junho, subindo para US$ 6,23 por bushel, refletindo a grande área afetada por seca nos EUA.
Porém, entre os dias 22 e 30 de junho, a cotação derreteu, caindo de US$ 6,23 por bushel, para US$ 4,88 por bushel acumulando uma queda de 21,7% e anulando todos os ganhos do último mês. Após registrar duas semanas de alta, os preços internos do milho voltaram a cair. Em algumas regiões, como Mogiana (SP), Norte do Paraná e Dourados (MS), os valores médios de junho foram os menores do ano. No caso do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), a média mensal de junho, de R$ 55,02 por saca de 60 Kg, é a menor, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de maio/2023), desde maio de 2019, quando foi de R$ 53,07 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, especificamente, a queda é de 1,7%, com o Indicador cotado a R$ 55,36 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as baixas são de 3,5% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). No Brasil, o movimento de queda reflete o avanço da colheita da 2ª safra de 2023, que, apesar de atrasada na comparação com a temporada anterior, tem ganhado ritmo e deve ser intensificada na segunda quinzena de julho.
Com isso, a demanda pelo cereal está mais fraca, com compradores negociando de maneira pontual, apenas quando há necessidade. Com a expectativa de maior oferta nos próximos dias, os contratos futuros negociados na B3 também registram queda expressiva. Os vencimentos Julho/2023 e Setembro/2023 têm baixa de fortes 7,0% e 5,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 54,48 por saca de 60 Kg e a R$ 56,53 por saca de 60 Kg, respectivamente. A estimativa de oferta elevada, de 125 milhões de toneladas, levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a retomar os estoques públicos, começando com a aquisição de 500 mil toneladas do cereal. Os intuitos são possibilitar o acesso de criadores de animais ao milho e conter as desvalorizações. Ressalta-se que, em importantes Estados produtores, os valores de negociação do milho já estão abaixo do Preço Mínimo estipulado pelo governo.
Em Mato Grosso e no Paraná, os Preços Mínimos governamentais são de R$ 43,26 por saca de 60 Kg e de R$ 55,20 por saca de 60 Kg, mas as médias de junho do cereal negociado em Rondonópolis (MT), Norte do Paraná e Oeste do Paraná foram de respectivos R$ 39,26 por saca de 60 Kg, R$ 51,07 por saca de 60 Kg e R$ 53,44 por saca de 60 Kg. A queda das cotações externas resulta em recuo nos valores nos portos. As negociações são pontuais, com entregas para julho e agosto. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), nos últimos sete dias, as baixas são de respectivos 7,4% e 5,0%, com médias de R$ 58,81 por saca de 60 Kg e de R$ 61,41 por saca de 60 Kg. Quanto às exportações, na parcial de junho (16 dias úteis), o Brasil embarcou 632 mil toneladas do grão, com ritmo diário 16% inferior ao registrado em junho/2022, quando os envios totais somaram 989,3 mil toneladas. Com o avanço da colheita, o escoamento pode ser intensificado nas próximas semanas. As exportações brasileiras deverão totalizar 1,45 milhão de toneladas em junho. Anteriormente, a previsão de embarque era de 1,15 milhão de toneladas em junho.
A colheita da 2ª safra brasileira de milho de 2023 totalizou, até o dia 24 de junho, 11% da área nacional, avanço semanal de 5,7%, mas considerável atraso de 9,4% em relação ao mesmo período da temporada passada. Agora, apenas o estado de São Paulo que não iniciou a colheita. Em Mato Grosso, a colheita avançou 10,9% entre os dias 16 e 23 de junho, alcançando 19,2% da área estadual, 16,5% abaixo do observado no mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 23 de junho, 0,8% da área havia sido colhida, 2,1% inferior ao da temporada anterior. No Paraná, as atividades ainda estão desaceleradas, devido ao atraso do ciclo, por conta de chuvas e baixas temperaturas. A colheita do cereal ocorre apenas nas regiões de Campo Mourão, Guarapuava, Irati, Ponta Grossa e União da Vitória, com atraso de 6% na comparação com ano anterior. A maioria das lavouras (82%) apresentou boas condições até o dia 28 de junho, o que levou à manutenção das boas expectativas para a 2ª safra de 2023, que, apesar da redução de 14,13 milhões em maio para 13,80 milhões de toneladas em junho, ainda representa aumento de 4% em relação a 2021. Na Argentina, a colheita do milho avançou 4,9% na comparação com a semana anterior, somando 48,5% da área. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.