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26/Jun/2023

Tendência altista para os preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços do milho nos médio e longo prazos, com a persistências das condições de seca sobre as áreas produtoras de soja dos Estados Unidos. Até o dia 20/06, 64% da área de milho nos Estados Unidos estava em condição de seca (veja imagem abaixo do texto). Com isso, desde o início do mês de o contrato setembro/2023 do milho em grãos na Bolsa de Chicago subiu de US$ 4,94 por bushel para US$ 5,85 por bushel, acumulando uma expressiva alta de 18,4%. No Brasil, com o dólar em baixa e os prêmios negativos nos portos brasileiros, os preços não reagem da mesma forma, mas se mostram mais sustentados em praticamente todas as regiões. Sustentados pelos avanços nas cotações externas, os preços do milho seguem em recuperação na maior parte das regiões brasileiras. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está em movimento de alta há 10 dias úteis consecutivos e é cotado a R$ 57,07 por saca de 60 Kg, com forte alta de 5,0% nos últimos sete dias.

No acumulado da parcial deste mês, o Indicador registra recuperação de 6,14%. Quando considerada a média da parcial deste mês, de R$ 54,37 por saca de 60 Kg, ainda está 6,5% inferior à de maio e é a menor desde outubro de 2017. Os produtores estão afastados das negociações no spot, atentos ao campo nacional e ao clima nos Estados Unidos. A restrição na oferta elevou com certa força os preços em regiões produtoras, como Paraná, Goiás e Mato Grosso. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociação entre empresas), a valorização é de 6,6% no oeste do Paraná, de 5,9% em Rio Verde (GO) e de 10% em Sorriso (MT). Os valores apresentam forte alta de 5,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, verifica-se reação expressiva, com os contratos do segundo semestre operando acima dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg e os do primeiro trimestre de 2024, dos R$ 70,00 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2023 registra alta de 7%, a R$ 58,59 por saca de 60 Kg; o contrato Setembro/2023 tem avanço de 6,2%, a R$ 62,87 por saca de 60 Kg; e o Novembro/2023, registra valorização de 6%, a R$ 66,03 por saca de 60 Kg. No mercado externo, as valorizações do milho estão atreladas à piora das condições das lavouras dos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 55% da área norte-americana está em condições boas ou excelentes, contra 61% na semana anterior e 70% em 2022. Outros 33% das lavouras estão em condições médias (contra 31% na semana passada e 24% em 2022) e 12%, em condições ruins ou muito ruins (eram 8% na semana passada e 6% no ano passado). Além disso, preocupa o setor o fato de que o atual acordo de exportação de grãos por meio do Mar Negro não seja renovado por parte da Rússia.

O acordo se encerra em 18 de julho. As altas externas foram limitadas por previsão de chuvas para o final de semana em áreas dos Estados Unidos, o que pode aliviar o estresse hídrico das lavouras. As valorizações observadas na Bolsa de Chicago criam expectativas de que as cotações domésticas subam com mais força nas semanas seguintes e, consequentemente, favoreçam os novos negócios de exportação. No mercado disponível nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), os preços do milho apresentam respectivas altas de 3,7% e 4,1%, com os fechamentos já superando os R$ 60,00 por saca de 60 Kg. Quanto aos embarques, dados preliminares divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, na parcial de junho (11 dias úteis), foram exportadas 458,81 mil toneladas de milho, praticamente metade do embarcado em todo o mês de junho de 2022 (989,29 mil toneladas). Caso o atual ritmo de 47,71 mil toneladas se mantenha, esse volume chegará a 875 mil toneladas em junho.

Para a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), o volume de milho exportado pelo Brasil em junho é estimado em 1,45 milhão de toneladas. Segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da 2ª safra de 2023 somava 5,3% da área nacional até o dia 17 de junho, atraso de 5,8% frente ao mesmo período de 2022. Especificamente no Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) do dia 19 de junho apontam que os trabalhos de campo ainda estão concentrados apenas nas regiões de Campo Mourão, Irati e União da Vitória e registram atraso de 3% em relação à temporada anterior. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que os trabalhos alcançavam 8,35% da área até o início da semana passada, atraso de 17,2% em relação à safra 2021/2022. A colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) avançou 2% nos últimos sete dias, totalizando 87,1% da área nacional. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.