ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

19/Jun/2023

Pressão baixista sobre preços do milho perde força

No mercado interno, a pressão baixista persiste sobre os preços, com o avanço da colheita da 2ª safra recorde de 2023 e a expectativa de oferta crescente nas próximas semanas. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem no interior e a expectativa de safra recorde reduzindo a paridade de exportação nos portos do País. Enquanto o milho brasileiro para exportação está cotado a US$ 194,57 a tonelada FOB Santos, o grão dos Estados Unidos está cotado a US$ 276,46 FOB Golfo do México e o argentino, a US$ 239,00 a tonelada FOB porto de Rosario. Os preços domésticos do milho estão reagindo e interromperam o movimento de baixa que vinha sendo registrado desde março. O impulso vem das valorizações externas do cereal, que, por sua vez, foram influenciadas por preocupações quanto ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos.

Desde o início de junho, o volume de chuvas no Meio Oeste norte-americano está abaixo do necessário, contexto que pode reduzir o potencial produtivo. Por enquanto, estimativas oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) seguem indicando maior produção nos Estados Unidos, mas as condições das lavouras daquele país já apresentam piora. No Brasil, estimativas seguem indicando 2ª safra de 2023 recorde, que, inclusive, foram mais uma vez reajustadas positivamente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste mês. A demanda internacional pelo milho brasileiro registra pequena melhora, mas os consumidores internos seguem afastados das aquisições, à espera da entrada do cereal da 2ª safra de 2023. Apesar disso, os produtores de boa parte das regiões, influenciados pelas altas internacionais, limitam o volume de milho ofertado no spot. Nos últimos sete dias, a alta é de 0,6% no preço do milho no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e avanço de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) apresenta alta de 1,2%, a R$ 54,35 por saca de 60 Kg. As altas só não foram mais intensas devido à expectativa de safra recorde no Brasil. Na B3, os contratos também estão reagindo, influenciados pelas cotações internacionais e pelos preços nos portos brasileiros. O contrato de Julho/2023 tem valorização de 2,6% nos últimos sete dias, a R$ 54,76 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Setembro/2023 e Novembro/2023 estão cotados a R$ 59,22 por saca de 60 Kg e a R$ 62,20 por saca de 60 Kg, respectivamente, com avanços de 2,9% e de 3,5% nos últimos sete dias. Com a demanda pelo cereal brasileiro registrando um leve aquecimento, os preços no Porto de Paranaguá (PR) apresentam avanço de 0,4% nos últimos sete dias, passando para R$ 61,25 por saca de 60 Kg. Quanto aos embarques, seguem enfraquecidos frente aos registrados no mesmo período de 2022. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos seis primeiros dias úteis de junho, foram embarcadas 231,15 mil toneladas de milho, bem abaixo das 989,29 mil toneladas em junho de 2022.

Caso esse ritmo de embarques mantenha, o volume escoado externamente em junho pode somar apenas 809 mil toneladas. Dados divulgados no dia 13 de junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil deve colher 125,71 milhões de toneladas na safra 2022/2023 (soma das três colheitas de 2023), 11% acima da temporada anterior. Até maio, a Conab estimava produção de 125,53 milhões de toneladas. O aumento da área da 2ª safra de 2023 e a recuperação da produtividade na temporada foram as razões para a elevação, com a 2ª safra de 2023 agora estimada em 96,31 milhões de toneladas. Para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), a produção foi estimada em 27,07 milhões, como consequência da melhora na produtividade, e para a terceira, a alta é de 5%, estimada em 2,33 milhões de toneladas. Quanto ao consumo e às exportações, foram mantidas as estimativas em respectivos 79,35 milhões de toneladas e 48 milhões de toneladas.

Com isso, a projeção do estoque final está em 8,36 milhões de toneladas. As chuvas observadas nos últimos dias na maior parte das regiões produtoras de 2ª safra no Brasil animaram os produtores. Além de Mato Grosso, Minas Gerais também iniciou a colheita da 2ª safra de 2023, segundo informações divulgadas no dia 12 de junho pela Conab. Assim, 1,7% da área nacional havia sido colhida até o dia 12 de junho. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) afirma que a colheita ocorre de forma pontual nas regiões de União da Vitoria e Irati, com atraso de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, entre 5 e 9 de junho, a colheita avançou 2,39%, alcançando 3,65% da área total, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), considerável atraso de 11,4% em relação ao ano passado.

Quanto à safra verão (1ª safra 2022/2023), restando 15% da área para ser colhida, as atividades se concentram no Maranhão, Piauí, Bahia e Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, as lavouras restantes ainda estão em período de maturação, e, com isso, o avanço foi de apenas 1% chegando a 98% da área até o dia 15 de junho, segundo a Emater-RS. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura do milho foi finalizada no país e, agora, as atenções se voltam à qualidade das lavouras. Até o dia 11 de junho, 61% das lavouras norte-americanas apresentavam condições boas ou excelentes, queda de 3% em relação à semana anterior e abaixo dos 72% da safra anterior. Com isso, os preços na Bolsa de Chicago estão em alta. Os vencimentos Julho/2023 e Setembro/2023 estão cotados a US$ 6,23 por bushel e a US$ 5,70 por bushel, respectivamente, avanços de 2% e de 7% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.