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12/Jun/2023

Tendência baixista para preços do milho no Brasil

A pressão baixista persiste sobre os preços do milho no mercado brasileiro, com o avanço da colheita da 2ª safra recorde no País, provocando alta de fretes, recuo de prêmios e retração das cotações nos portos brasileiros. A falta de capacidade estática de armazenagem no interior do País eleva a pressão sobre os portos. A colheita de milho 2ª safra de 2023 no Brasil tem avançado com mais intensidade apenas em Mato Grosso, mas as expectativas quanto à produção e à qualidade do cereal são positivas na maior parte das regiões produtoras. Quanto às negociações, a perspectiva de oferta elevada nas próximas semanas faz com que os consumidores posterguem as aquisições, enquanto os vendedores mostram interesse em comercializar o cereal no spot e/ou fechar contratos para entrega futura. Muitos produtores estão flexíveis nos preços e nos prazos. Esse cenário mantém os preços do milho em queda, movimento que vem sendo verificado desde março.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, até o dia 3 de junho, as atividades de campo haviam se iniciado praticamente apenas em Mato Grosso, e a área nacional colhida somava 0,7%, avanço semanal de 0,3%. No mesmo período de 2022, a colheita somava 3%, com os trabalhos de campo concentrados em Mato Grosso, Tocantins e Goiás. Especificamente em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que os trabalhos de campo somavam 1,26% da área estadual até o dia 2 de junho, avanço semanal de 0,78%, mas atraso de 4,72% frente à safra anterior. O Imea estima maior produtividade nesta temporada, levando a produção do Estado para 48,99 milhões de toneladas, 11,7% acima da temporada anterior (43,83 milhões de toneladas). No Paraná, a colheita começou de forma pontual na região de União da Vitória, mas ainda não representa 1% da área estadual, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Por enquanto, as estimativas indicam produção estadual de 14,12 milhões de toneladas, 6% superior à de 2021/2022.

Quanto à safra verão (1ª safra 2022/2023), a média nacional da colheita totaliza 83,2% da área, segundo os dados da Conab, sendo 3,5% abaixo do ritmo observado no mesmo período de 2022 (86,7%). No Rio Grande do Sul, a Emater-RS informou que, diante do clima mais favorável, a colheita avançou e já soma 97% das lavouras até o dia 7 de junho. No Paraná, a colheita foi finalizada, segundo o Deral/Seab. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra recuou de 0,3% nos últimos sete dias, indo a R$ 53,72 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, no entanto, as quedas são mais intensas, de 2,7% no mercado balcão (valor pago ao produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na B3, os vencimentos futuros também estão em baixa. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2023 registra desvalorização de 2,3%, indo a R$ 53,38 por saca de 60 Kg; e o Setembro/2023 e Novembro/2023 apresentam quedas de 2%, a R$ 57,55 por saca de 60 Kg e a R$ 60,07 por saca de 60 Kg, respectivamente.

Nos portos, influenciados pela valorização externa e por demandas pontuais pelo cereal brasileiro, os preços apresentam alta de 1,2% no Porto de Paranaguá (PR) e de 0,6% no Porto de Santos (SP), com respectivos fechamentos de R$ 60,98 por saca de 60 Kg e de R$ 62,71 por saca de 60 Kg. Quanto às exportações, a Associação de Exportadores de Cereais (Anec) estima que os embarques em junho somem 1,658 milhão de toneladas, contra 989 mil toneladas no mesmo mês do ano passado. Os vencimentos futuros negociados na Bolsa de Chicago são impulsionados por preocupações com o clima nos Estados Unidos. Apesar de previsões indicarem chuvas para os próximos dias, o tempo seco e quente atual atrapalha o desenvolvimento das lavouras. Além disso, um rompimento de barragem no dia 8 de junho em regiões produtoras da Ucrânia, que coloca em risco as colheitas e o abastecimento de água potável, elevou as cotações externas.

Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 registra valorização de 3,0% nos últimos sete dias, a US$ 6,10 por bushel. O contrato Setembro/2023 está cotado a US$ 5,28 por bushel, 0,81% superior no mesmo comparativo. No campo, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, até o dia 4 de junho, 96% da área estimada para os Estados Unidos havia sido semeada, acima dos 91% da média das últimas cinco temporadas. No entanto, a qualidade das lavouras é motivo de atenção entre agentes. O percentual de lavouras em boas e ótimas condições caiu 5% entre as duas últimas semanas, passando para 64% no dia 4 de junho, contra 73% no ano passado. Além disso, 85% das lavouras emergiram, ante os 77% da média dos anos 2018-2022. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, à medida que a colheita avança, agricultores da região de Córdoba indicam que a produtividade vem caindo. No entanto, a produção ainda é estimada em 36 milhões de toneladas, 15 milhões de toneladas a menos que na média das cinco últimas campanhas. A colheita até o dia 8 de junho somava 32,6% da área nacional. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.