12/Jun/2023
Representantes do agronegócio da Bahia consideram ser necessária a adoção de medidas de apoio à comercialização de grãos pelo governo federal em meio ao recuo expressivo dos preços das commodities. Hoje, em Mato Grosso, o milho é comercializado abaixo do custo de produção e isso já começa a acontecer na Bahia, onde ainda se vendeu boa parte da safra entre R$ 50,00 e R$ 60,00 por saca de 60 Kg, o que cobriu custos. Mas, o preço continua caindo. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), o governo precisa entrar com essa compra de regulação de mercado para ver se estanca a queda nos preços e impede prejuízo maior a muitos produtores que estão vendendo grão sem fechar as contas de custo.
A visão é compartilhada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado da Bahia (Aprosoja-BA). Hoje, principalmente em milho, se o governo não ativar a política de pagar a diferença entre o praticado e o Preço Mínimo, a cultura será praticamente extinta porque não há margem de rentabilidade, que hoje já está negativa. Se isso ocorrer, o produtor não planta, o frango não come, o suíno não come e começa uma sucessão de cadeias que vão se desmanchando. É fato que o governo tem de agir neste momento. O agro sustenta a indústria que sustenta o País. Os produtores que colheram milho antecipadamente conseguiram vender o grão a patamares que ainda cobriram os custos de produção, mas no momento a comercialização do grão está praticamente travada com a queda dos preços.
A Faeb estima que neste período mais de 60% da safra de milho deveria estar comercializada, mas nem metade da safra está comercializada. Esse movimento é o produtor buscando segurar o grão para ver se o mercado reage, mas ocorreu o contrário e ele perdeu um preço mais alto. A Aprosoja calcula que o custo da safra 2022/2023 na região tenha sido de R$ 47,00 por saca de 60 Kg, enquanto o valor praticado na região gira em torno de R$ 46,00 por saca de 60 Kg. O cenário é semelhante no caso da soja, com preços abaixo da média histórica e vendas travadas. O produtor que conseguiu vender um pouco mais cedo se beneficiou com preço superior, mas aquele produtor que segurou a soja, que também houve um retardo na venda da soja em relação aos anos anteriores, acabou tendo prejuízo.
A soja não está remunerando adequadamente hoje, com valores já abaixo do custo de produção, o que dificulta a situação do produtor rural. O cenário para preços futuros ainda é muito nebuloso com questões internacionais, inflação em países importantes, interferência da guerra e abertura de novos mercados para o Brasil, o que ainda não ocorreu de forma eficiente. A expectativa é que o mercado reaja e que os preços avancem na safra 2023/2024. O apelo do setor produtivo foi externado por algumas lideranças em reunião no dia 8 de junho na Bahia Farm Show com o assessor especial do ministro da Agricultura Carlos Fávaro, Carlos Ernesto Augustin. Também houve conversas sobre a questão do trigo irrigado, do qual há uma área plantada bem representativa na região. Hoje, há uma perspectiva no mercado futuro de contrato na ordem de R$ 89,00 por saca de 60 Kg, abaixo do custo de produção.
A conta não fecha e os produtores estão trabalhando no negativo. O Preço Mínimo do trigo hoje no oeste da Bahia pela tabela da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com PH acima de 78 é R$ 100,43 por saca de 60 Kg. É necessário que o Preço Mínimo seja garantido para a sobrevivência desta cultura, da margem de rentabilidade do irrigante e do trigo como possibilidade de cultivo de 2ª safra. A Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia (Cooperfarms) doou uma área para a Conab construir um armazém para estoque regulador de milho na região. Será necessário que o governo apoie a comercialização e equalizar preços. O cenário mudou totalmente do ano passado para cá. A falta de armazém geral prejudica as políticas porque depende de credenciamento de armazém. O governo terá de elevar os recursos destinados à comercialização no Plano Safra 2023/2024 ante o R$ 1,3 bilhão liberado na temporada anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.