05/Jun/2023
No mercado interno de milho, a pressão baixista se acentua sobre os preços, com o avanço da colheita da 2ª safra prevista em um recorde de 100 milhões de toneladas. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem e a confirmação de safra recorde reduzindo a paridade de exportação nos portos do País. Na Bolsa de Chicago, a tendência é baixista para as cotações futuras do milho, com expectativa de safra recorde no Brasil em 2023 e, também, nos EUA, na atual temporada 2023/2024. Os contratos futuros para o segundo semestre de 2023 oscilam entre US$ 5,20 a US$ 5,40 por bushel, enquanto os vencimentos para 2024 giram entre US$ 5,10 e US$ 5,60 por bushel. As negociações envolvendo milho estão pontuais no mercado brasileiro, e os preços, enfraquecidos. Os consumidores adquirem apenas quando necessário, aguardando possíveis desvalorizações mais intensas do cereal, fundamentados no avanço da colheita da 2ª safra de 2023, que deve ser recorde.
Os vendedores, por sua vez, se mostram receosos com os recentes patamares de preços, mas alguns estão mais flexíveis nos valores e/ou prazos de pagamento. No geral, agentes do setor estão atentos à colheita no Brasil e na Argentina e à semeadura nos Estados Unidos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), registra recuo de 2,0% nos últimos sete dias, cotado a R$ 53,90 por saca de 60 Kg. Em maio, o Indicador acumulou queda de 18%. A média mensal de maio ficou 22,3% abaixo da de abril/2023. Nos últimos sete dias, o preço apresenta queda de 2,1% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Entre abril/2023 e maio/2023, as baixas foram de 20,6% no mercado de balcão e de 21,0% e no mercado de lotes. Na B3, os contratos iniciaram a semana passada em queda, pressionados pela expectativa de safra cheia, mas esboçaram leve reação, devido à alta dos preços internacionais. O primeiro vencimento, Julho/2023 tem baixa de 2,5% nos últimos sete dias, indo a R$ 54,65 por saca de 60 Kg.
O contrato Setembro/2023 apresenta queda de 0,1%, indo para R$ 58,84 por saca de 60 Kg, enquanto o contrato Novembro/2023 registra leve valorização de 0,05% nos últimos sete dias, a R$ 61,35 por saca de 60 Kg. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 27 de maio, a colheita da 2ª safra de 2023 havia somado 0,4% da área nacional, com os trabalhos concentrados em Mato Grosso. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 0,49% da área havia sido colhida até o dia 26 de maio, avanço semanal de 0,33%, mas atraso de 1,88% na comparação com a temporada anterior. Nas demais regiões de 2ª safra, a falta de chuvas vinha preocupando os produtores, mas o retorno das precipitações na semana passada trouxe certo alívio e favoreceu o desenvolvimento das lavouras. Ainda assim, alguns agentes indicam necessidade de novas chuvas. Para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), a colheita teve avanço mais significativo, chegando a 81,8% da área nacional até o dia 27 de maio, avanço semanal de 4,6%, mas atraso anual de 3,2%.
Os trabalhos foram finalizados em São Paulo e Santa Catarina, enquanto Maranhão e Piauí estão com as atividades mais atrasadas, com apenas 34% e 35% das respectivas áreas colhidas. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) apontou, no dia 29 de maio, que a colheita alcançou 99% da área, restando apenas as regiões de Curitiba e União da Vitória para finalizarem os trabalhos. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS informa que a colheita segue em ritmo lento, somando, até o dia 1º de junho, 93% da área. Na Argentina, a elevada umidade dificultou a colheita, que avançou apenas 2%, chegando a 28,6% da área nacional até o dia 1º de junho. Os rendimentos seguem abaixo do estimado e do registrado no ano anterior. Nos Estados Unidos, a semeadura estava concluída em 92% da área até o dia 28 de maio, contra 81% na semana anterior e 84% na média das últimas cinco safras, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Os valores externos do milho caíram no início da semana passada, mas voltaram a subir nos dias posteriores, impulsionados por previsões de clima quente e seco para os próximos 14 dias nos Estados Unidos, condições opostas ao necessário para o atual período das lavouras do país. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 registra avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 5,92 por bushel. O contrato Setembro/2023 está cotado a US$ 5,24 por bushel, alta de 2,7% no mesmo comparativo. As negociações seguem enfraquecidas nos portos brasileiros, seja no mercado spot ou futuro. Nem mesmo a alta dos preços internacionais e as preocupações com a safra dos Estados Unidos aumentaram a demanda pelo milho brasileiro. No Porto de Paranaguá (PR), o preço do milho registra baixa de 1,7% nos últimos sete dias, a R$ 60,25 por saca de 60 Kg. A média de maio ficou 19% inferior à de abril. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques nacionais somaram apenas 384,8 mil toneladas em maio, bem abaixo das 1,08 milhão escoadas em maio/2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.