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29/Mai/2023

Tendência baixista para os preços do milho no Brasil

No mercado interno de milho, a pressão baixista se acentua sobre os preços, com o avanço da colheita da 2ª safra prevista em um recorde de 100 milhões de toneladas. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem e a confirmação de safra recorde reduzindo a paridade de exportação nos portos do País. Na Bolsa de Chicago, a tendência é baixista para as cotações futuras do milho, com expectativa de safra recorde no Brasil em 2023 e, também, nos EUA, na atual temporada 2023/2024. Os contratos futuros para o segundo semestre de 2023 oscilam entre US$ 5,15 a US$ 6,00 por bushel, enquanto os vencimentos para 2024 giram entre US$ 5,00 e US$ 5,50 por bushel. A colheita da 2ª safra de milho de 2023 já foi iniciada em Mato Grosso, mas as dificuldades de armazenagem, devido à elevada produção de grãos nesta temporada, e os baixos preços preocupam os agricultores do Estado. Demandantes, por sua vez, se mantêm afastados das aquisições, à espera de desvalorizações mais intensas do cereal.

O percentual de lavouras em maturação vem aumentando, e os trabalhos de campo começam a avançar, favorecidos pela atual baixa umidade. No geral, contudo, a colheita só deve ser intensificada a partir de meados de junho, quando a maior parte das regiões apresentará lavouras em final de desenvolvimento. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 0,4% da área nacional havia sido colhida até o dia 20 de abril. Em Mato Grosso, as atividades começam a ganhar mais ritmo no médio-norte do Estado. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicou que 0,16% da área estadual havia sido colhida até o dia 19 de maio, sendo 1,18% abaixo do mesmo período de 2022, o que se deve ao atraso da semeadura. Quanto à safra de verão (1ª safra 2022/2023), além de São Paulo, Santa Catarina também finalizou a colheita. A Conab relata que 77,2% da área nacional foi colhida até o dia 20 de maio, avanço semanal de 4,8%, mas ainda 6,5% abaixo do ano anterior. Para a Região Sul do País, onde se concentra a maior parte da produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023), os trabalhos de colheita avançaram na semana passada.

No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita havia alcançado 98% da área até o dia 22 de maio. Para o Rio Grande do Sul, a Emater-RS apontou que a colheita foi realizada em 89% das lavouras até o dia 25 de maio. Do restante das lavouras, 7% estão em maturação e 4%, em fase de enchimento de grão. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) opera nos menores patamares nominais desde agosto/2020. Nos últimos sete dias, a queda é de 2,7%, indo para R$ 55,00 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as baixas são de 1,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na B3, os valores estão reagindo, influenciados pelas altas nos preços externos e pela valorização pontual nos portos. O contrato Julho/2023 tem avanço de 4,9% nos últimos sete dias, a R$ 56,06 por saca de 60 Kg; e o Setembro/2023 apresenta valorização de 4,6% no mesmo período, a R$ 58,90 por saca de 60 Kg.

Nos Estados Unidos, apesar do progresso da semeadura, os preços registram altas, impulsionados por previsões indicando tempo seco em junho, o que não é bom para o cereal. Ressalta-se que, em algumas áreas norte-americanas, abril e maio foram os meses mais secos desde 1992. Além disso, o fortalecimento do petróleo também dá suporte às cotações do milho. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura do milho nos Estados Unidos atingiu 81% da área esperada até o dia 21 de maio, avanço semanal de 16%, ficando 6% acima da média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informa que a colheita teve avanço de apenas 1,7%, alcançando 26,6% da área nacional. A elevada umidade e chuvas dificultam os trabalhos de campo. Os rendimentos das lavouras argentinas seguem abaixo do previsto, com estimativa de produção de 36 milhões de toneladas. Nos portos, apesar das recentes valorizações do câmbio e externa, a demanda enfraquecida tem pressionado as cotações do milho.

No Porto de Paranaguá (PR), os preços registram recuo de 0,5% nos últimos sete dias, com média de R$ 61,28 por saca de 60 Kg. A demanda enfraquecida vem limitando o ritmo de embarques brasileiros. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, na primeira quinzena de maio (14 dias úteis), apenas 149,9 mil toneladas de milho foram exportadas pelo Brasil, representando apenas 13,8% do embarcado em todo o mês de maio de 2022. As estimativas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), são de que os embarques somem apenas 387 mil toneladas em maio. Na semana passada, negócios com entregas programadas para o segundo semestre foram registrados. Esse cenário se deve a preocupações com o clima seco nos Estados Unidos, o que elevou os preços externos e fez com que produtores optassem por realizar vendas futuras. Vale lembrar que essas vendas não aliviam o atual cenário de oferta elevada, mas permitem que os produtores garantam preços maiores para os próximos meses. Há registro de negócios no Porto de Santos (SP), para entrega a partir de agosto/2023, a R$ 62,00 por saca de 60 Kg. A média de ofertas de compra e venda nos portos para agosto e setembro, na parcial deste mês, são de R$ 61,84 por saca de 60 Kg e R$ 62,58 por saca de 60 Kg, respectivamente, ambas 11% inferiores às médias de abril. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.