ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

22/Mai/2023

Pressão baixista se acentua sobre preços do milho

No mercado interno de milho, a pressão baixista se acentua sobre os preços, com o início da colheita da 2ª safra prevista em um recorde de 97 milhões de toneladas. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem e a confirmação de safra recorde reduzindo a paridade de exportação nos portos do País. Na Bolsa de Chicago, a tendência é baixista para as cotações futuras do milho, com expectativa de safra recorde no Brasil em 2023, e nos EUA, na atual temporada 2023/2024. Os contratos futuros para o segundo semestre de 2023 oscilam entre US$ 4,90 a US$ 5,50 por bushel, enquanto os vencimentos para 2024 giram entre US$ 4,90 e US$ 5,20 por bushel. A colheita da 2ª safra de milho de 2023 começou apenas de forma pontual em Mato Grosso. Quanto aos preços, continuam em baixa, influenciados por estimativas indicando safras volumosas principalmente no Brasil e nos Estados Unidos, onde o clima benéfico tem elevado as expectativas de produção.

Porém, as negociações do cereal seguem enfraquecidas no mercado brasileiro e para exportação, visto que os agentes estão priorizando os embarques da soja. Nos Estados Unidos, o ritmo da semeadura já supera o do ciclo anterior, e, com o clima favorável, os preços estão cedendo. No Brasil, as negociações se mantêm limitadas nos últimos dias, com baixo interesse comprador, devido à queda dos preços e aos estoques abastecidos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra forte baixa de 3,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 56,51 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês de maio, a queda é de 14%. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam queda de 7,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 5,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na parcial do mês, as desvalorizações são de 11% para ambos os mercados. Na B3, os vencimentos futuros estão pressionados pela expectativa de oferta recorde.

Nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2023 tem recuo de 9,7%, para R$ 53,44 por saca de 60 Kg. Os contratos Setembro/2023 e Novembro/23 registram queda de 7,9%, a R$ 56,30 por saca de 60 Kg e a R$ 58,45 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nos Estados Unidos, influenciados pelo avanço da semeadura, pelo clima favorável e pela redução da demanda chinesa, os futuros estão recuando. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) vem indicando cancelamentos frequentes de compras da China. Desde abril, os cancelamentos já somam 1,1 milhão de toneladas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2023 apresenta baixa de 5% nos últimos sete dias, a US$ 5,55 por bushel. O contrato Setembro/2023 acumula recuo de 4% no mesmo período, a US$ 4,95 por bushel. O USDA divulgou, no dia 12 de maio, o relatório de oferta e demanda, indicando que a produção mundial em 2023/2024 deve ser de 1,21 bilhão de toneladas, aumento de 6 milhões de toneladas (ou +6%) em relação à temporada anterior.

Dentre os maiores produtores, os aumentos mais expressivos foram observados na Argentina, na União Europeia e nos Estados Unidos. No Brasil, por outro lado, a produção deve se manter, enquanto deve recuar na Ucrânia. Quanto ao consumo global, é estimado aumento de 4% frente à safra anterior, para 1,204 bilhão de toneladas. Com o aumento na produção, os estoques de passagem subiram 5%, e, assim, a relação estoque/consumo é de 26,2%, próxima à média dos últimos cinco anos, de 26,6%. As exportações mundiais devem aumentar 7%, para 190 milhões de toneladas, com o Brasil superando os Estados Unidos nos embarques pela primeira vez na história. O Brasil deve exportar 56 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, enquanto os Estados Unidos podem embarcar 54 milhões de toneladas. No campo brasileiro, as condições climáticas seguem favorecendo a maior parte das regiões produtoras de milho.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da 2ª safra de 2023 em Mato Grosso foi iniciada apenas pontualmente em algumas regiões, sem chegar a 1% da área, com expectativa de intensificação no final de maio/início de junho. Nas outras regiões, o ciclo pode ser mais alongado, devido às baixas temperaturas que podem atrasar o desenvolvimento. Sobre a safra verão (1ª safra 2022/2023), a colheita chegou a 72,4% da área nacional até o dia 13 de maio, avanço semanal de 4,9%, com os trabalhos de campo finalizados em São Paulo e na reta final no Paraná e em Minas Gerais, ambos com 93% da área. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita do milho safra de verão (1ª safra 2022/2023) no Paraná chegou a 96% até o dia 15 de maio. No Rio Grande do Sul, conforme apontou a Emater-RS no dia 18 de maio, após um período de concentração na colheita de soja, os produtores intensificaram a colheita do milho nos últimos dias, que chegou a 87% da área total.

Nos Estados Unidos, de acordo com o relatório semanal do USDA, 65% da área da atual temporada havia sido cultivada até o dia 14 de maio, ante 45% no ano passado e 59% na média dos últimos cinco anos. Do cereal que está na lavoura, 30% já emergiram, ante 13% no ano passado. Na Argentina, a colheita chegou, até o dia 18 de maio, a 24,9% da área nacional, avanço de 3,7%. No Brasil, assim como as negociações no mercado interno, as exportações seguem enfraquecidas neste início de maio. O atual ritmo está atrelado aos baixos valores praticados nos portos e sobretudo à logística. De modo geral, a prioridade do transporte no primeiro semestre é para a soja. Com isso, em maio (considerando-se nove dias úteis), os embarques brasileiros somaram apenas 76 mil toneladas, com média diária de 8,4 mil toneladas, fortes 83% inferior ao observado no mesmo mês de 2022. Quanto aos preços, a queda externa pressiona as cotações. No Porto de Paranaguá (PR), os preços registram queda de 3,6% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.