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15/Mai/2023

Tendência baixista para os preços do milho no Brasil

A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a expectativa de colheita recorde na 2ª safra de 2023. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para a safra 2023/2024 estão oscilando entre US$ 5,00 e US$ 5,30 por bushel, ante média de 10 anos de US$ 4,64 por bushel. A oferta global em viés de recuperação, com 2ª safra recorde no Brasil em 2023 e projeção de safra recorde nos EUA em 2023/2024. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem e a expectativa de safra recorde reduzindo a paridade de exportação, provocando queda acentuada dos preços internos. O clima favorável na maior parte de abril e nestes primeiros dias de maio vem auxiliando o desenvolvimento das lavouras de milho no Brasil. Os preços do milho estão em queda diária consecutiva desde a última semana de março deste ano, operando atualmente nos menores patamares nominais desde setembro de 2020. O desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2023 está satisfatório, e estimativas oficiais seguem apontando colheita recorde do cereal em 2022/2023.

Nesse cenário, os vendedores estão mais flexíveis nos valores de negociações, enquanto os compradores postergam as aquisições, à espera de desvalorizações mais intensas. De 27 de março (quando o movimento de queda diário consecutivo foi iniciado) até o dia 11 de maio, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) acumula expressiva baixa de 30,1% (queda de R$ 25,31 por saca de 60 Kg, em termos absolutos), cotado a R$ 58,69 por saca de 60 Kg. Ressalta-se que o Indicador não fechava abaixo dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg desde 22 de setembro de 2020, em termos nominais. Nos últimos sete dias, as quedas são de 2,3% no mercado balcão (valor pago ao produtor) e de 4,1% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na B3, a expectativa de oferta elevada e a demanda enfraquecida pressionam os futuros. O contrato Maio/2023 tem desvalorização de 5,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 59,00 por saca de 60 Kg.

Os vencimentos Julho/2023 e Setembro/2023 registram quedas de 4,3% e de 4,2%, a R$ 59,16 por saca de 60 Kg e R$ 61,15 por saca de 60 Kg, respectivamente. As chuvas em abril e o tempo seco agora em maio favoreceram o desenvolvimento das lavouras, e agentes aguardam elevada oferta e boa qualidade. Em relatório divulgado no dia 11 de maio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a 2ª safra de milho de 2023 pode somar 96,13 milhões de toneladas, 12% a mais que a anterior. Para o milho safra de verão (1ª safra 2022/2023), a estimativa é de 27,04 milhões de toneladas, 8% superior à passada. Para a 3ª safra de 2023, o aumento é de 6,2%, totalizando 2,3 milhões de toneladas. Assim, a Conab passou a estimar a produção total da safra brasileira 2022/2023 em 125,53 milhões de toneladas, 11% acima da anterior e um recorde. Caso esses dados se concretizem, a disponibilidade total de milho, resultado da soma do estoque inicial, da importação (estimada em 1,9 milhão de toneladas) e da produção, seria de 135,53 milhões de toneladas, também a maior da história.

O consumo interno é estimado em 79 milhões de toneladas, restando 56 milhões de toneladas exportáveis. No entanto, até o momento, a expectativa é de que 48 milhões de toneladas sejam exportadas pelo Brasil, restando, ao final da temporada, em janeiro/2024, 8,18 milhões de toneladas. Além disso, o ritmo de negócios nos portos segue baixo, e os embarques, enfraquecidos, uma vez que a safra recorde de soja é prioridade nas entregas nos portos. Agentes indicam que a soja deve seguir como prioridade nos próximos meses, o que pode limitar o volume de milho escoado pelo Brasil. Isso evidencia os problemas logísticos na exportação brasileira de grãos, diante de colheitas recordes. Considerando-se os primeiros quatro dias úteis de maio, os embarques brasileiros de milho somaram apenas 24 mil toneladas, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), muito inferior ao total embarcado em todo o mês de maio/2022, de 1,08 milhão de toneladas. Além da demanda enfraquecida e da prioridade da soja, os preços nos portos em queda também reduzem a liquidez.

As baixas das cotações nos portos, por sua vez, estão atreladas às desvalorizações externa e do dólar. No Porto de Paranaguá (PR), a queda é de 1,5% nos últimos sete dias, com média a R$ 63,92 por saca de 60 Kg. Com a semeadura da 2ª safra de 2023 finalizada e ainda sem início da colheita, os agentes seguem atentos ao desenvolvimento. No caso da safra de verão (1ª safra 2022/2023), a colheita avançou 4%, somando 67,5% da área nacional, segundo os dados da Conab divulgados no dia 6 de maio. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta que a colheita do cereal da safra de verão (1ª safra 2022/2023) alcançou 93%, até o dia 8 de maio. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, a colheita mantém ritmo desacelerado. Na semana passada, as precipitações e as operações com soja reduziram os trabalhos de campo, que progrediram apenas 2%, totalizando 86% da área até o dia 11 de maio.

Para os Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou no dia 7 de maio que 49% da área estimada havia sido semeada, diante do bom avanço de 23% entre as duas últimas semanas, o percentual semeado é superior ao do mesmo período de 2022 (de 21%) e maior que a média das últimas 5 temporadas (de 42%). Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita chegou a 21,2% da área total até o dia 11 de maio, tímido avanço de 1,5%. Nos Estados Unidos, os preços estão pressionados pela melhora do tempo em regiões produtoras de milho e pela diminuição na demanda por parte da China. Os contratos Maio/2023 e Julho/2023 registram recuo de 2,2% e 1,1% nos últimos sete dias, respectivamente, a US$ 6,32 por bushel e a US$ 5,82 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.