02/Mai/2023
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a expectativa de colheita recorde na 2ª safra de 2023. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para a safra 2023/2024 estão oscilando entre US$ 5,20 e US$ 5,50 por bushel, ante média de 10 anos de US$ 4,64 por bushel. A oferta global em viés de recuperação, com 2ª safra recorde no Brasil em 2023 e projeção de aumento da produção em 2023/2024 nos EUA. Os prêmios estão negativos nos portos brasileiros, com o déficit de capacidade de armazenagem e a expectativa de safra recorde reduzindo a paridade de exportação, provocando queda acentuada dos preços internos. Diante da necessidade de liberação de espaço nos armazéns, de fazer caixa e de aproveitar os atuais valores, os produtores brasileiros de milho vêm aumentando a disponibilidade doméstica do cereal e/ou sendo mais flexíveis nos preços de venda e nos prazos de pagamento e de entrega.
Os compradores, contudo, estão afastados das aquisições, à espera de novas desvalorizações do cereal, fundamentados na possível colheita recorde na segunda safra deste ano. Atualmente, a produção é estimada em 95,3 milhões de toneladas, 11% a mais que em 2022. Nesse cenário, os preços do cereal seguem em queda em praticamente todas as regiões, voltando aos patamares nominais observados em 2020. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) teve baixa de expressivos 18,0% em abril. Nos últimos sete dias, especificamente, a queda é de fortes 4,1%, cotado a R$ 67,71 por saca de 60 Kg, sendo este o menor patamar nominal desde 8 de outubro de 2020 (R$ 67,55 por saca de 60 Kg). A média de abril/2023 ficou abaixo das médias de abril/2022 e de abril/2021. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram baixa 5,9%, e no mercado de lotes (negociações entre empresas), de 6,3%.
Na B3, os contratos futuros também estão em baixa, devido à sinalização de um cenário de maior oferta para os próximos meses. O vencimento Maio/2023 apresenta desvalorização de 3,7% nos últimos sete dias, para R$ 64,25 por saca de 60 Kg. O contrato Julho/2023 tem queda de 4,9% no mesmo período, para R$ 63,37 por saca de 60 Kg. O contrato Setembro/2023 está cotado a R$ 65,27 por saca de 60 Kg, queda de 3,5%. Nos portos, as negociações seguem lentas, e os preços, em queda, devido à demanda enfraquecida e às desvalorizações externa e do dólar. Nos últimos sete dias, os valores do milho acumulam baixa de 3,3% no Porto de Santos (SP) e 7,8% no Porto de Paranaguá (PR), com médias de R$ 67,95 por saca de 60 Kg e de R$ 66,32 por saca de 60 Kg. Os valores estão próximos aos dos praticados no spot nacional, mas ainda acima dos contratos para entrega no segundo semestre, que operam em torno de R$ 65,00 por saca de 60 Kg.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 419,9 mil toneladas de milho em 13 dias úteis de abril, bem abaixo das 620,2 milhões de toneladas em abril/2022. No Brasil, as chuvas em abril auxiliaram o desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2023, que teve a semeadura finalizada. Quanto à colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023), teve avanço de 5% entre 16 e 22 de abril, chegando a 59,6% da área nacional. No Rio Grande do Sul, os trabalhos de campo estão lentos. Dados do dia 27 de abril divulgados pela Emater/RS indicam que a colheita somava 82% da área, avanço de apenas 1% em relação à semana anterior. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que 87% da área de verão havia sido colhida até o dia 24 de abril. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), dados do dia 23 de abril indicam que 14% da safra daquele país foi semeada, contra 7% no mesmo período de 2022 e 11% na média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.