17/Abr/2023
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a forte queda do dólar e a expectativa de colheita recorde na 2ª safra de 2023. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,25 a US$ 6,70 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,50 a US$ 5,70 por bushel. Desde o encerramento de março, os preços do milho têm registrado fortes quedas diárias consecutivas. A pressão vem da expectativa de safra recorde no Brasil. Enquanto os compradores internos adquirem apenas pequenos volumes no spot, os vendedores estão mais flexíveis nos preços de negociações, e exportadores priorizam as negociações envolvendo a soja. Nesse contexto, na parcial de abril, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra expressiva queda de 7,0%, cotado a R$ 75,99 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, especificamente, a baixa é de 4,2%.
A média mensal do Indicador, de R$ 79,60 por saca de 60 Kg, já é a menor desde setembro/2020, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de março/2023). Nos últimos sete dias, o milho tem desvalorização de 3,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 5,2% na parcial deste mês. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), as variações também são negativas, de respectivos 5,1% e 5,7%. Na B3, os contratos futuros de milho estão recuando. Nos últimos sete dias, os vencimentos Maio/2023 e Julho/2023 apresentam desvalorização de 8,1% e 7,3%, a R$ 73,35 por saca de 60 Kg e 74,34 por saca de 60 Kg, respectivamente. No acumulado de abril, as baixas são de 7,9% e 5,8%, nessa ordem. As expectativas de agentes e as recentes estimativas seguem indicando produção brasileira elevada, mesmo num contexto atual de curto estoque de passagem, de preocupações com os atrasos na semeadura da 2ª safra de 2023 e de possibilidade de clima adverso, como secas e/ou geadas nas próximas semanas.
Os estoques iniciais foram estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 8 milhões de toneladas, o menor desde 2016/2017, quando o Brasil iniciou a temporada com apenas 5,3 milhões de toneladas. Além disso, as exportações ainda são elevadas. De janeiro até a parcial de abril, já foram escoadas 10 milhões de toneladas, contra apenas 4,2 milhões de toneladas entre janeiro/2022 e todo o mês de abril/2022. A Conab elevou a estimativa de colheita nacional da safra 2022/2023 em 200 mil toneladas frente às estimativas de março, devido à melhora na produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023). Agora, a temporada 2022/2023 é estimada em 124,8 milhões de toneladas, aumento de 10,4% em relação a 2021/2022. Para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), apesar da redução de 3,2% na área, o aumento de 12,0% na produtividade fez com que a produção esperada seja de 27,24 milhões de toneladas, 8,8% maior que a do ano anterior.
Quanto à 2ª safra de 2023, a área nacional deve ser 3,3% maior e, com o atual bom andamento, a produtividade nacional está sendo estimada 7,4% acima da obtida no ano anterior, o que levaria a produção para 95,32 milhões de toneladas, 11% maior que a anterior e novo recorde. A 3ª safra deve crescer 4,7%, a 2,3 milhões de toneladas. A Conab estima que a demanda interna nesta temporada some 79,3 milhões de toneladas e que as exportações entre fevereiro/2023 e janeiro/2024 fiquem em 48 milhões de toneladas. Os estoques de passagens ficariam em 7,5 milhões de toneladas, abaixo dos atuais, o que pode limitar maiores desvalorizações em determinados períodos. Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica produção de 1,14 bilhão de toneladas, 6% menor que a temporada anterior, mas a relação estoque/demanda deve ficar em 25,5%, próxima da média dos últimos cinco anos, de 27,7%. O USDA reduziu em 3 milhões de toneladas a estimativa de produção na Argentina e aumentou em 1,8 milhão de toneladas a da Rússia.
A demanda se mantém estimada em 1,15 bilhão de toneladas, e, com isso, os estoques de passagens foram apontados em 295,34 milhões de toneladas, 0,4% menores que os do relatório de março e 4% inferiores aos de 2021/2022. Os maiores excedentes seguem com a China, Estados Unidos e Brasil. Neste contexto de estoque mundiais mais curtos e de preocupações com a safra na Argentina, os preços internacionais voltaram a avançar. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2023 registra valorização de 1,4% nos últimos sete dias, indo para US$ 6,52 por bushel. O contrato Julho/2023 tem avanço de 0,9% no período, para US$ 6,25 por bushel. A menor demanda pelo cereal norte-americano limita as altas externas. No Brasil, o desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2023 é satisfatório na maior parte das regiões, com pontuais relatos de falta de chuvas em áreas do Paraná. Segundo dados da Conab do dia 8 de abril, a semeadura ainda está para ser finalizada em São Paulo, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Paraná, com a média nacional das atividades sendo de 98,9%.
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicaram que, até o dia 10 de abril, a semeadura já havia sido finalizada no Paraná e que 97% as lavouras do Paraná apresentam boa qualidade e 3%, condições médias. Para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), até o dia 10 de abril, 77% da área havia do Paraná sido colhida. No Rio Grande do Sul, a colheita esteve praticamente paralisada na semana passada, devido à prioridade da soja. Até o dia 13 de abril, a colheita havia atingido 80% da área do Estado. Quanto à média nacional, a Conab indicou avanço de 3,6%, totalizando 51,2%. Na Argentina, até o dia 13 de abril, 12,7% da área estimada havia sido colhida, tímido avanço de 2,3% em relação à semana anterior. Com a colheita progredindo, os rendimentos começam a se estabilizar, apesar de ainda estarem muito abaixo do potencial produtivo. Nos Estados Unidos, até o dia 9 de abril, o USDA indicou que apenas 3% da área havia sido semeada, contra 2% no ano anterior e na média dos últimos cincos anos (2018-2022). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.