11/Abr/2023
O México encontrou aliados inesperados ao tentar limitar as importações de milho geneticamente modificado: alguns agricultores norte-americanos que cultivam as safras. Agricultores plantam há décadas o milho transgênico, resistente a insetos e herbicidas, com sementes vendidas por empresas como Bayer AG, Corteva Inc e Syngenta. Mas, como defensores do mercado livre, alguns deles dizem que os Estados Unidos deveriam concordar em vender milho não-transgênico ao México, em vez de aprofundar uma disputa comercial sobre a proposta, e observam que poderiam ganhar um prêmio por cultivar mais milho convencional.
O México é o maior comprador de milho dos Estados Unidos e as restrições propostas ameaçam interromper parte dos quase 5 bilhões de dólares em milho que o país envia ao México anualmente, ou 95% do total de importações de milho do México. O México afirmou em fevereiro que proibiria o milho transgênico para consumo humano, retrocedendo em planos anteriores que obscureciam o futuro das importações da matéria-prima da ração animal, destino da grande maioria do milho importado. Os defensores da medida dizem que o milho transgênico pode contaminar as antigas variedades nativas do México e questionam seu impacto na saúde humana.
O governo Biden diz que as restrições violariam o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), e no mês passado solicitou consultas comerciais com o México na primeira etapa formal para um pedido de um painel de solução de controvérsias sob o pacto. Autoridades dos Estados Unidos se reuniram com colegas no México na semana passada. Espera-se que a restrição proposta pelo México ao milho para consumo humano afete as importações de milho branco, usado principalmente para tortillas, de acordo com um relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Grupos industriais, incluindo a Organização de Inovação em Biotecnologia (BIO), que representa empresas de biotecnologia, e a Associação Nacional de Produtores de Milho (NCGA) fizeram lobby junto às autoridades norte-americanas para que se opusessem às propostas do México. Mas, alguns agricultores norte-americanos dizem que os Estados Unidos deveriam recuar. Os agricultores norte-americanos há muito têm uma relação conflituosa com as empresas de sementes. Os produtores se beneficiam da tecnologia agrícola que melhora o rendimento e combate pragas, mas alguns estão insatisfeitos com a consolidação do setor e com a quantidade de influência que as empresas têm sobre a agricultura dos Estados Unidos.
Embora não haja dados concretos sobre as opiniões dos agricultores norte-americanos, a Reuters conversou com cerca de 10 produtores e comerciantes de grãos que disseram que os Estados Unidos não deveriam exigir que o México continuasse importando milho transgênico. Outros produtores se preocupam com o trabalho extra necessário para cultivar safras não transgênicas, em vez de grãos transgênicos, e com a possibilidade de um novo governo no México eventualmente mudar a política novamente. Mas, muitos considerariam cultivar mais milho não-transgênico, se o preço fosse justo. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.