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27/Mar/2023

Pressão baixista se acentua sobre preços do milho

No curto prazo, a tendência é baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a curva descendente das cotações futuras nos curto e longo prazos e cenário de oferta recorde no Brasil, com expectativa de forte expansão na produção da 2ª safra de 2023. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,10 a US$ 6,30 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,50 a US$ 5,60 por bushel. Os valores do milho continuam em queda no mercado brasileiro e já operam nos menores patamares do ano em muitas regiões. O movimento de baixa se deve à elevada produção da safra verão (1ª safra 2022/2023), ao clima favorável ao desenvolvimento da 2ª safra de 2023 e, principalmente, à redução da demanda interna. Os compradores vêm limitando as aquisições de novos lotes há algumas semanas.

Na parcial de março, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) acumula recuo de 2,5%, cotado a R$ 83,91 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a baixa é de 1,7%. A média mensal do Indicador, de R$ 85,41 por saca de 60 Kg, é a menor desde novembro/2022, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2022). Os atuais valores também são os menores do ano no Triângulo Mineiro (MG), Sudoeste do Paraná (PR), Sorriso (MT), Mogiana (SP), Campos Novos (SC) e Ijuí (RS). Nos últimos sete dias, o milho registra desvalorização de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas) e de 3,2% na parcial do mês. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), as variações são ainda mais intensas, devido ao avanço da colheita e à pressão por parte das cooperativas para negociações com produtores, com quedas de 4,1% nos últimos sete dias e de 4,9% na parcial deste mês.

Na B3, os contratos futuros de milho estão pressionados pela demanda enfraquecida e pela desvalorização externa do cereal. Nos últimos sete dias, os vencimentos Maio/2023 e Julho/2023 têm baixa de 3,3% e 4,4%, a R$ 83,92 por saca de 60 Kg e a R$ 83,17 por saca de 60 Kg, respectivamente. Nesse cenário, as negociações se mantêm calmas no spot nacional. Apesar de muitos produtores estarem mais flexíveis, tendo em vista as necessidades de fazer caixa e/ou de liberar espaço nos armazéns, os compradores mostram baixo interesse em novas aquisições. Para o milho da 2ª safra de 2023, o ritmo de negócios está um pouco maior. 30% da produção de Mato Grosso foi negociada até meados de março, avanço de 4,9% em relação ao volume registrado até fevereiro. No Paraná, 10% da produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e 2% da 2ª safra de 2023 estão comercializados, respectivos avanços de 5% e de 1% no comparativo mensal.

As negociações no spot e para entrega futura estão enfraquecidas, e os preços, em queda. A pressão vem das desvalorizações externas. Nos últimos sete dias, o valor do milho no Porto de Paranaguá (PR) acumula queda de 1%. Apesar desse cenário, os embarques brasileiros já são maiores que os da temporada anterior. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras somam 879 mil toneladas na parcial de março (considerando-se os primeiros 13 dias úteis), muito acima das 14 mil toneladas de março/2022. No campo, os produtores têm se concentrado na semeadura da 2ª safra de 2023, que, até o momento, apresenta boas expectativas, em função do clima favorável em todas as regiões. Em Mato Grosso, dados do Imea do início desta semana apontam que 97,94% da área foi semeada, avanço de 1,5% em relação à semana anterior.

No Paraná, apesar dos recentes avanços, os trabalhos de campo seguem atrasados em relação à temporada anterior. A colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) chegou a 54% da área e o cultivo da 2ª safra de 2023 atingiu 77% da área estimada. Em Mato Grosso do Sul, os produtores avançaram com a semeadura, chegando, até o início da semana passada, a 54,6% da área estadual. No Rio Grande do Sul, 74% da área havia sido colhida até o dia 23 de março. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as médias nacionais de colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e de semeadura da 2ª safra de 2023 estão em 35% e 85,1%, atrasos de 6,6% e de 10%, respectivamente. Na Argentina, a colheita teve início na última semana, e as atividades de campo já evidenciam necessidade de novos cortes das estimativas de produtividade e de produção. Até o momento, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica colheita de 36 milhões de toneladas. Os trabalhos somavam 5,4% da área total até o dia 23 de março. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.