13/Mar/2023
No curto prazo, a tendência é de preços sustentados para o milho no mercado brasileiro, com cotações externas firmes e atrasos no plantio da 2ª safra no Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,20 a US$ 6,40 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,70 a US$ 5,85 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 4,48 por bushel. Apesar dos atrasos na semeadura da 2ª safra de milho 2023 no Brasil, dados oficiais apontam produção nacional recorde. Na Argentina, novos ajustes negativos nas estimativas levaram à redução na produção mundial que, ressalta-se, só não caiu com mais intensidade por conta da maior colheita no Brasil e da manutenção da produção nos Estados Unidos. Neste contexto, enquanto os produtores estão focados nos trabalhos de campo, os consumidores nacionais adquirem novos lotes apenas quando há necessidade de recompor estoques.
Ainda assim, alguns demandantes acabam tendo dificuldades por conta de questões logísticas. Com o avanço da colheita de soja, o frete da oleaginosa tem certa prioridade. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra recuo de 1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 85,47 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o preço do milho tem alta de 0,2% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociação entre empresas). No Porto de Paranaguá (PR), as cotações se mantêm entre R$ 89,00 e R$ 90,00 por saca de 60 Kg neste início de março. Especificamente nos últimos sete dias, a alta é de 0,3%, com a média a R$ 90,69 por saca de 60 Kg. No Rio Grande do Sul, chuvas reduziram o déficit hídrico e auxiliam no desenvolvimento das lavouras. No Paraná e nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, o clima mais firme permitiu o avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e da semeadura da 2ª safra de 2023. Com isso, até o momento, aposta-se em produção superior à de 2021/2022.
Até o dia 4 de março, a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) somava 22,6% da área nacional, progresso de 6% frente ao dia 25 de fevereiro, mas atraso de 3,5% em relação ao mesmo período da temporada 2021/2022. Os maiores atrasos atualmente se concentram no Paraná e em Santa Catarina. Especificamente nos dois produtores mais representativos de safra de verão (1ª safra), Rio Grande do Sul e Paraná, o percentual colhido está avançando. No Rio Grande do Sul, até o dia 9 de março, a colheita estava em 61% da área, progresso semanal de 4%. A redução na produção do Estado deve ser de 39%, estimada agora em 3,59 milhões de toneladas. No Paraná, a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) atingiu 34% da área até o dia 6 de março, avanço de 8% nos últimos sete dias. Com relação à 2ª safra de 2023, a média nacional de semeadura avançou 15% nos últimos sete dias, mas está 11% atrasada em relação a 2021/2022, totalizando, até o dia 4 de março, 64% da área do Paraná. Em Mato Grosso, a semeadura segue acelerada e se aproxima da reta final. No Estado, 89,3% da área estimada havia sido cultivada até a semana passada.
No Paraná, a semeadura havia alcançado 37% da área estimada. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 3 de março, o cultivo havia alcançado 28,1% da área estadual, 31% abaixo do verificado na temporada passada. Em relatório divulgado no dia 8 de março, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou a produção brasileira de 2022/2023 em 124,6 milhões de toneladas, 0,8% acima do dado divulgado em fevereiro, como consequência do aumento na produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023), que passou para 26,75 milhões de toneladas, alta de 7% em relação à temporada anterior. Quanto à 2ª safra de 2023, o atraso na semeadura da soja pode prejudicar o desenvolvimento do milho e limitar a área com o cereal. Por enquanto, a previsão é de produção 11% superior ao ciclo anterior, em 95,6 milhões de toneladas. Para a 3ª safra de 2023, a estimativa é de 2,31 milhões de toneladas, 4,7% superior em relação a 2021/2022. A Conab mantém o consumo interno em 79,35 milhões de toneladas. As importações são apontadas em 1,9 milhão de toneladas.
Assim, o Brasil teria, na safra 2022/2023, excedente exportável (soma do estoque inicial, da produção e da importação menos o consumo interno) em torno de 55 milhões de toneladas, com exportação prevista em 50 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) voltou a reduzir a projeção de produção mundial, agora estimada em 1,14 bilhão de toneladas na safra 2022/2023, devido à queda na oferta da Argentina, mas que é compensada pela maior produção no Brasil e nos Estados Unidos. A produção na Argentina teve redução de 7 milhões de toneladas entre os relatórios de fevereiro e de março e agora é estimada em 40 milhões de toneladas, devido às altas temperaturas e à falta de chuvas durante o desenvolvimento. Para Brasil e Estados Unidos, as produções se mantêm em respectivos 125 milhões de toneladas e 348,7 milhões de toneladas na safra 2022/2023. O consumo mundial foi reduzido para 1,15 bilhão de toneladas, o que permitiu a melhora dos estoques, agora estimados em cerca de 296,45 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.