06/Mar/2023
No curto prazo, a tendência é de preços sustentados para o milho no mercado brasileiro, com cotações externas firmes e atrasos no plantio da 2ª safra no Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,20 a US$ 6,40 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,70 a US$ 5,85 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 4,48 por bushel. As constantes chuvas em partes das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País seguem limitando a colheita das safras de verão (1ª safra 2022/2023) de soja e de milho e, consequentemente, a semeadura da 2ª safra de 2023. Enquanto vendedores se mantêm atentos ao campo, negociando apenas quando têm necessidade de fazer caixa e/ou liberar espaço nos armazéns, muitos compradores estão afastados das aquisições. Assim, mesmo diante do atraso da entrada de um maior volume de milho no spot nacional e de definições quanto à 2ª safra de 2023, os preços seguem estáveis.
Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F opera em torno dos R$ 86,00 por saca de 60 Kg desde meados de fevereiro. Especificamente nos últimos sete dias, o Indicador registra avanço de 0,2%, cotado a R$ 86,36 por saca de 60 Kg. De janeiro para fevereiro, contudo, a média mensal caiu 0,4%. Nos últimos sete dias, há queda de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). As médias mensais de fevereiro, por sua vez, registraram quedas de 1,6% e de 1,4% frente às de janeiro/2023, na mesma ordem. Na B3, os futuros estão pressionados pelas quedas externas. Assim, o vencimento Março/2023 apresenta recuo de 1,3%, a R$ 87,20 por saca de 60 Kg). Os contratos Março/2023 e Julho/2023 registram baixa de 1,7% e 2,3%, respectivamente, a R$ 87,32 por saca de 60 Kg e a R$ 85,81 por saca de 60 Kg. Dados divulgados no dia 27 de fevereiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) somava 16,7% da área nacional, avanço semanal de apenas 3%, mas atraso anual de 6,6%.
Até o final de fevereiro, Goiás, Maranhão e Piauí ainda não haviam iniciado a colheita. Nos maiores produtores da safra de verão (1ª safra), Rio Grande do Sul e Paraná, a colheita avança mais rapidamente. Para o Rio Grande do Sul, a Emater-RS apontou, na quinta-feira (02/03), que 57% da área estadual havia sido colhida. Ressalta-se que o progresso na colheita evidenciou as perdas na produtividade, sobretudo em Bagé, Frederico Westphalen, Pelotas e Santa Maria. No Paraná, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) do dia 27 de fevereiro, apesar das fortes chuvas registradas na maior parte da semana passada, a colheita avançou expressivos 19%, chegando a 26% da área. O Deral/Seab reforçou que as expectativas de colheita para a safra de verão (1ª safra 2022/2023) do Paraná são de 3,69 milhões de toneladas, recuperação de 24% em relação a 2021/2022. Para a 2ª safra de 2023, agentes estão preocupados com os atrasos, que são mais significativos nos estados do Piauí, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Dados da Conab do dia 27 de fevereiro indicam que a semeadura chegou a apenas 48,7% da área nacional, 11% abaixo do registrado no mesmo período da temporada 2021/2022. No Paraná, também de acordo com o Deral/Seab, a semeadura avançou 14% entre a semana passada e a anterior, chegando a 26% da área. A produção se mantém estimada em 15,38 milhões de toneladas, alta de 16% na comparação com 2021/2022. Em Mato Grosso do Sul, a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) indicou que, até o dia 24 de fevereiro, pouco mais de 19% da área havia sido semeada, 16% inferior à safra anterior. No maior produtor de 2ª safra, Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que o atraso é de 10% em relação a 2021/2022, somando, até a semana anterior, 72,66% da área estadual. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em fevereiro (primeiro mês da temporada 2022/2023), as exportações brasileiras de milho somaram 2,27 milhões de toneladas, quase três vezes mais que o volume embarcado no mesmo mês de 2022 e acima da estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que era de 1,9 milhão de toneladas.
As negociações nos portos seguem enfraquecidas e os preços, diante da desvalorização externa, cederam. O valor do milho negociado no Porto de Paranaguá (PR) registra queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 90,41 por saca de 60 Kg. Na Bolsa de Chicago, as cotações estão em baixa, influenciadas pela demanda enfraquecida pelo cereal nos Estados Unidos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que as vendas para o atual ano comercial estão 38% menores que as da temporada anterior. As quedas foram limitadas por preocupações relacionadas ao atraso da semeadura no Brasil e ao clima seco e quente na Argentina, que pode ter novos ajustes com relação à produção. Até o momento, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projeta colheita de 41 milhões de toneladas. O contrato Março/2023 tem desvalorização de 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 6,37 por bushel. Os vencimentos Maio/2023 e Julho/2023 apresentam recuo de 3,8% e 4,1%, nesta ordem, a US$ 6,33 por bushel e a US$ 6,24 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.