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27/Fev/2023

Tendência de preços sustentados do milho no Brasil

No curto prazo, a tendência é de preços sustentados para o milho no mercado brasileiro. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,50 a US$ 6,60 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,80 a US$ 6,60 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares bem superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 4,48 por bushel. As negociações envolvendo milho estão lentas, e os preços, estáveis. Enquanto os compradores se mantêm afastados do spot nacional, os vendedores priorizam os trabalhos de campo. Ressalta-se que os atrasos da colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e, consequentemente, da semeadura da 2ª safra de 2023, especialmente na Região Centro-Oeste, têm gerado preocupações. O volume de precipitações segue elevado na maior parte das regiões, mas os produtores seguem trabalhando no campo.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 14% da área da safra de verão (1ª safra 2022/2023) foi colhida até o dia 18 de fevereiro, avanço semanal de 2,9%, mas atraso de 6%, em relação à temporada anterior. Nos Estados da Região Sul, onde se concentra a maior produção da safra de verão (1ª safra), chuvas atrasam a colheita em Santa Catarina e no Paraná, ao passo que a falta de chuvas prejudica o desenvolvimento das lavouras no Rio Grande do Sul. No Paraná e em Santa Catarina, até o dia 18 de fevereiro, a colheita somava 8% e 20% das respectivas áreas estaduais. No Rio Grande do Sul, 54% da área estadual foi colhida até a semana passada, avanço de apenas 8% em relação à semana anterior e 3% abaixo do verificado no mesmo período de 2022. Para a 2ª safra de 2023, a semeadura em alguns Estados da Região Centro-Oeste deve ser concluída fora da janela considerada ideal, o que aumenta as preocupações com as adversidades climáticas, como geadas e secas no segundo semestre.

Em Mato Grosso, 50,3% da área estadual havia sido semeada até o dia 17 de fevereiro, avanço semanal de 17%, mas atraso anual de 18,1%. Nesta temporada, 69,2% das áreas ficarão dentro da janela ideal para a semeadura. No Paraná, 13% haviam sido semeados até o dia 18 de fevereiro. Em Mato Grosso do Sul, a área semeada, até o dia 17 de fevereiro, chegou em 14,3%. Esse percentual é 8,6% menor que a temporada anterior. A janela de plantio neste Estado vai de 17 de fevereiro a 24 de março. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 18 de fevereiro, a média nacional da semeadura da 2ª safra de 2023 é de 33,3%, avanço semanal de 13%, mas os mesmos 13% de atraso em relação à temporada anterior. Quanto aos preços, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 86,22 por saca de 60 Kg, queda de apenas 0,02% nos últimos sete dias. No acumulado deste mês, a elevação é de 0,9%. Nos últimos sete dias, observa-se alta de 0,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor), mas queda de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre as empresas).

Na B3, apesar das preocupações com o atraso da semeadura da 2ª safra de 2023, as desvalorizações externa e do dólar estão pressionando os contratos futuros. Os vencimentos Março/2023 e Maio/2023 apresentam queda de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 88,32 por saca de 60 Kg e a R$ 88,86 por saca de 60 Kg. As quedas externas e do dólar pressionam a paridade de exportação, reduzindo o interesse de vendedores nacionais em realizar negócios para entrega imediata nos portos. Ainda assim, os embarques brasileiros seguem intensos, como reflexo de negócios fechados anteriormente e que foram influenciados pela redução da oferta mundial, tendo em vista a menor produção nos Estados Unidos e na Ucrânia, e os problemas climáticos na Argentina. Além disso, o receio quantos aos acordos de exportações pelo Mar Negro mantém a expectativa de embarques aquecidos e de preços atrativos aos produtores brasileiros. As exportações brasileiras de milho totalizaram 1,68 milhão de toneladas nos primeiros 13 dias úteis de fevereiro. Esse volume já é 120% superior ao total embarcado em fevereiro/2022.

Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), os envios devem somar 1,99 milhão de toneladas em fevereiro. O preço do milho posto no Porto de Paranaguá (PR) tem alta de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 91,40 por saca de 60 Kg. Para entrega em agosto/2023 e setembro/2023, as médias da parcial de fevereiro estão em R$ 83,45 por saca de 60 Kg e R$ 83,94 por saca de 60 Kg, respectivamente, 1,7% e 1,4% abaixo das médias de janeiro. Nos Estados Unidos, os valores são pressionados pela menor demanda pelo cereal norte-americano e por perspectivas de maior oferta no país na temporada 2023/2024. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou, no dia 23 de fevereiro, que a área e a produção de milho devem aumentar 2,7% e 9,8%, entre a atual safra e a próxima, com produção estimada em 383,1 milhões de toneladas, a segunda maior já registrada no país. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.