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30/Jan/2023

Tendência é baixista para preços do milho no Brasil

No curto prazo, a tendência é de pressão baixista sobre os preços do milho no mercado brasileiro. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 5,85 a US$ 6,80 por bushel, alinhados com a faixa registrada na semana anterior, que foi de US$ 5,90 a US$ 6,80 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. Com a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) avançando nas principais regiões e a semeadura da 2ª safra de 2023 começando, a expectativa de agentes do setor é de aumento na oferta de milho no spot nacional. Vale lembrar que a produção deve ser recorde. Esse cenário mantém compradores afastados do spot e os preços em queda. Nos portos, os embarques seguem aquecidos, apesar do recente enfraquecimento de novos negócios para exportação. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 1,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,8% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No Rio Grande do Sul, nem mesmo as persistentes preocupações com a produtividade da safra de verão (1ª safra 2022/2023) limitam as desvalorizações.

Nos últimos sete dias, o valor do milho registra queda de 3,6% em Ijuí (RS) e de 2,3% em Santa Rosa (RS). Na Região Centro-Oeste, os estoques elevados para este período têm deixado produtores mais flexíveis nos valores de negociação. Em Sorriso (MT) e em Dourados (MS), as quedas são de 3,3% e de 4,0%, respectivamente, nos últimos sete dias. Na região consumidora de Campinas (SP), os compradores seguem afastados, e o Indicador ESALQ/BM&F está nos mesmos patamares observados em novembro/2022, a R$ 84,88 por saca de 60 Kg, retração de 0,6% nos últimos sete dias. Na B3, os contratos futuros são pressionados pelo bom andamento da atual temporada. O vencimento Março/2023 tem desvalorização de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 88,83 por saca de 60 Kg. O contrato Maio/2023 registra recuou de 1% no mesmo período, para R$ 89,08 por saca de 60 Kg. O ritmo de negócios envolvendo milho para exportação está diminuindo, mas os embarques brasileiros seguem elevados, refletindo os fechamentos realizados em períodos anteriores.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, até a terceira semana de janeiro (15 dias úteis), o Brasil escoou 4,22 milhões de toneladas de milho, praticamente o dobro do volume embarcado em janeiro/2022, de 2,73 milhões de toneladas. Os preços médios (US$ 289,00 por tonelada) já estão 18% maiores que os recebidos no mesmo mês de 2022. No spot, os preços estão enfraquecidos. Apesar da alta nos valores externos, a desvalorização do dólar limita reações. No Porto de Paranaguá (PR), o preço registra pequena alta de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 89,81 por saca de 60 Kg. No Porto de Santos (SP), há queda de 1,9% no período, a R$ 86,89 por saca de 60 Kg. Enquanto as cotações estão em baixa no Brasil, com a expectativa de produção recorde, o contexto internacional é diferente. Em outros importantes produtores mundiais, a safra 2022/2023 deve ser menor. Na Argentina, devido a secas registradas durante o desenvolvimento, a área semeada nesta temporada recuou. Reduções também podem ocorrer nos Estados Unidos e na Ucrânia. Na Ucrânia, a produção e os embarques ainda têm sido afetados pelo avanço da guerra.

Com isso, os preços futuros nas bolsas norte-americanas seguem elevados. As cotações externas também têm sido influenciadas pela valorização do trigo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2023 apresenta alta de 0,8%, indo para US$ 6,82 por bushel. O contrato Maio/2023 também tem avanço de 0,8%, a US$ 6,80 por bushel. Especialmente na Argentina, a semeadura avançou 7,4%, refletindo o clima mais úmido na última semana, chegando, até o dia 25 de janeiro, a 94% da área nacional, que agora é estimada em 7,1 milhões de hectares. Até o final da semana passada, a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) somava 5,5% da área nacional, com avanços mais significativos no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do dia 21 de janeiro. Ao mesmo tempo, Maranhão e Piauí ainda realizam a semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023). Assim, a Conab indica que restam cerca de 4% da área nacional para ser finalizada. No Paraná, por enquanto, a colheita da safra se concentra nas regiões de Campo Mourão e Francisco Beltrão.

Adversidades climáticas, como o excesso de chuvas no início da temporada, atrasaram o desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, vêm retardando a colheita. Em 2022, o percentual colhido, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), era de 8%. Para o Rio Grande do Sul, dados da Emater-RS apontam rápido avanço nos trabalhos de campo, de 9% entre 19 e 26 de janeiro. Agora, a área colhida soma 27%. Nova avaliação indica que as produtividades foram reduzidas nas regiões de Erechim, Ijuí, Passo Fundo e Santa Rosa, com perdas ainda mais intensas em Bagé, Frederico Westphalen e Santa Maria. Os trabalhos envolvendo a semeadura da 2ª safra de 2023 são realizados no Paraná e em Mato Grosso. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que, até o dia 23 de janeiro, 1% da área estadual havia sido semeada, abaixo dos 5% da temporada anterior. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia de Economia Agropecuária (Imea) relata que a semeadura havia chegado a 2,22% da área estadual até o dia 20 de janeiro. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.