23/Jan/2023
No curto prazo, a tendência é de pressão baixista sobre os preços do milho no mercado brasileiro. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 5,95 a US$ 6,80 por bushel, alinhados com a faixa registrada na semana anterior, que foi de US$ 6,00 a US$ 6,75 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. Nem mesmo os bons volumes exportados e as altas nos preços externos e nos portos brasileiros são suficientes para sustentar as cotações no mercado brasileiro, que seguem recuando na maior parte das regiões. As quedas refletem o baixo interesse de compradores domésticos nas aquisições de curto prazo, além da necessidade de alguns vendedores de negociar para liberar espaço nos armazéns. Mesmo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicando redução de 2 milhões de toneladas nos estoques de passagem, agora estimados em 5,3 milhões de toneladas, as boas expectativas quanto às safras de soja e milho, que terão as colheitas intensificadas nas próximas semanas, têm feito com que produtores apresentem maior flexibilidade nos negócios.
Os compradores, atentos ao contexto atual, negociam apenas quando os preços estão mais atrativos, o que mantém a pressão sobre as cotações nas principais regiões produtoras e consumidoras. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra baixa de 1,7% nos últimos sete dias, a R$ 85,38 por saca de 60 Kg. Quedas mais intensas foram observadas em regiões ofertantes, como Primavera do Leste (MT) e Itapeva (SP), de 4,0% e 2,4%, respectivamente, no mesmo período. Nem mesmo no Rio Grande do Sul, onde a estiagem prejudicou o desenvolvimento das lavouras da safra de verão (1ª safra 2022/2023), as cotações têm fôlego para subir. Nas regiões de Ijuí e Santa Rosa, os preços apresentam queda de 2% nos últimos sete dias. No mesmo período, as baixas são de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Diferente do observado no mercado doméstico, a demanda internacional pelo cereal brasileiro segue elevada, e os preços nos portos estão avançando.
Além da maior procura, o aumento do câmbio e a recuperação das cotações internacionais, que eleva a paridade de exportação, também influenciam os avanços. Nos últimos sete dias, os valores do produto posto nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP) têm altas de 2,8% e 0,4%, com respectivas médias de R$ 89,70 por saca de 60 Kg e de R$ 88,54 por saca de 60 Kg. O interesse elevado dos compradores internacionais tem feito com que os volumes exportados em janeiro sigam elevados. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de janeiro (dez dias úteis), os embarques nacionais de milho totalizaram 2,94 milhões de toneladas, o que já é 8% maior que todo o volume registrado em janeiro/2022. Caso a média diária de embarques se mantenha em 294,8 mil toneladas, o total pode chegar a 6,5 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo em que a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) começou em mais regiões brasileiras, a semeadura da 2ª safra de 2023 tem avançado, devido ao andamento da colheita de soja.
Segundo a Emater-RS, até o dia 19 de janeiro, a área semeada da safra de verão (1ª safra 2022/2023) é de 95%, enquanto a colheita está em 18% das lavouras, contra 12% na semana anterior. As recentes chuvas beneficiaram as lavouras implantadas nos últimos dias, mas não diminuíram as perdas nas regiões mais afetadas pela estiagem, como Pelotas e Frederico Westphalen. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) ainda está no início, se concentrando apenas na região de Francisco Beltrão. Em São Paulo e Minas Gerais, os produtores também já começaram os trabalhos de campo. O plantio da 2ª safra de 2023 se iniciou em Mato Grosso, e as atividades têm leve avanço no Paraná nesta semana. Com as chuvas registradas em boa parte das regiões produtoras do Brasil, as perspectivas de produtores se mantêm otimistas. Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que 1% da área da 2ª safra de 2023 no Paraná havia sido semeada até o dia 16 de janeiro, especificamente nas regiões de Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Pato Branco e União da Vitória. No mesmo período de 2022, o percentual era de 2%.
O Instituto Mato-Grossense de Economia de Economia Agropecuária (Imea) indicou que 0,42% da área estadual havia sido semeada até o final da semana anterior, 1,15% atrasado em relação à temporada anterior. No mercado externo, os preços iniciaram a semana passada em alta, impulsionados por preocupações com o clima seco e quente na Argentina e na Região Sul do Brasil, que tem impactado a produtividade das lavouras. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2023 apresenta avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 6,77 por bushel. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicou que a semeadura atingiu 88,6% da área destinada ao cereal, avanço semanal de 5,6%. Houve redução na estimativa de produção na temporada 2022/2023, para 44,5 milhões toneladas, inferior às 50 milhões de toneladas que haviam sido estimadas anteriormente e menor que as 52 milhões de toneladas produzidas em 2021/2022. Essa redução ocorre principalmente devido à estiagem no país. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.