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19/Dez/2022

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços estáveis para o milho no mercado brasileiro, com cotações futuras ainda sustentadas em Chicago, forte ritmo das exportações brasileiras na temporada 2021/2022 e adversidades climáticas que assolam a Argentina – 4º maior exportador global do grão – e que estão ameaçando a safra de verão (1ª safra 2022/2023) no Sul do Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,10 a US$ 6,55 por bushel, ligeiramente abaixo do registrado na semana anterior, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,70 por bushel, mas ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. O dólar caiu frente ao Real na sexta-feira (16/12), na contramão do exterior, em movimento que alguns investidores atribuíram a entraves na tramitação da PEC da Transição e da Lei das Estatais no Congresso. A moeda norte-americana à vista caiu 0,42%, para R$ 5,2925. Na última semana, marcada por volatilidade, o dólar subiu 0,89%.

Os preços do milho estão firmes na maior parte das regiões. A sustentação vem do intenso ritmo de embarques nos últimos meses e do possível reaquecimento da demanda internacional pelo milho brasileiro. Bombardeios em regiões portuárias da Ucrânia e preocupações com a seca na Argentina trazem compradores externos ao Brasil. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros sete dias úteis de dezembro, foram exportados 1,510 milhão de toneladas, já representando 44% do volume embarcado em dezembro de 2021. Atentos a esse cenário e às valorizações na Bolsa de Chicago e do dólar, os vendedores indicam preços mais altos nas negociações no interior do País. Nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), os preços do milho (posto no porto) registram alta de 3,5% e 3,9%, respectivamente, nos últimos sete dias, a R$ 88,03 por saca de 60 Kg e a R$ 90,59 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F tem leve alta de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 86,44 por saca de 60 Kg. Neste caso, a liquidez está baixa, tendo em vista que os compradores locais sinalizam ter estoques suficientes para as próximas semanas e aqueles com necessidade, adquirem o cereal na Região Centro-Oeste. Na B3, os valores estão avançando, impulsionados pelas altas externas e nos portos brasileiros. Os vencimentos Janeiro/2023, Março/2023 e Maio/2023 apresentam valorização de 0,4% nos últimos sete dias, fechando em respectivos R$ 87,91 por saca de 60 Kg, R$ 91,38 por saca de 60 Kg e a R$ 90,80 por saca de 60 Kg. Na Bolsa de Chicago, os valores são impulsionados pelo fortalecimento do petróleo e por preocupações com ataques em região exportadora da Ucrânia. No entanto, a diminuição das exportações nos Estados Unidos limita a desvalorização externa.

No campo brasileiro, os agentes seguem acompanhando o desenvolvimento das lavouras, preocupados com a falta de chuvas no Rio Grande do Sul e na Argentina. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a média nacional da semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023) somava 76,6% até o dia 10 de dezembro. No Paraná, com a semeadura finalizada, os produtores se atentam às altas temperaturas e ao baixo volume de chuvas. Das lavouras do Estado, 53% estão na fase de desenvolvimento vegetativo; 36%, em floração; e 11%, em frutificação. Da área total semeada, 82% são avaliadas em boas condições; 16%, em médias; e apenas 2%, em ruins. No Rio Grande do Sul, a falta de chuva limita o avanço dos trabalhos de campo. Na última semana, a semeadura progrediu apenas 1%, totalizando 89% da área estadual. Até o momento, as regiões mais afetadas pelo clima são Bagé, Santa Rosa, Frederico Westphalen e Ijuí.

Na Argentina, conforme dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 42,6% do cereal da safra 2022/2023 havia sido semeado, avanço semanal de 9,9%, mas ainda 5,1% atrasados em relação a 2021/2022. Apesar do retorno das chuvas nos últimos dias, muitas lavouras ainda apresentam sinais de estresse hídrico. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu as estimativas de embarques norte-americanos na temporada 2022/2023, de 57 milhões de toneladas para 55 milhões de toneladas. Nos últimos dias, devido ao baixo nível de água no Rio Mississipi, o escoamento de grãos tem sido prejudicado. A produção mundial da safra 2022/2023 foi projetada em 1,160 bilhão de toneladas, praticamente estável em relação ao relatório de novembro, mas redução de 4,5% em relação à temporada anterior. A queda na produção se deve às menores produções na Ucrânia e nos Estados Unidos. O consumo global foi reduzido para 1,170 bilhão de toneladas. Com isso, o estoque final foi reajustado para 298,4 milhões de toneladas. Nesse cenário de menor oferta, a relação estoque/consumo para a próxima temporada caiu para 25,6%, contra 25,9% na safra 2021/2022 e 27,7% entre a média das últimas cinco temporadas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.