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12/Dez/2022

Tendência é de preços estáveis do milho no Brasil

A tendência é de preços estáveis para o milho no mercado brasileiro, com cotações futuras ainda sustentadas em Chicago, forte ritmo das exportações brasileiras em 2022 e adversidades climáticas que assolam a Argentina – 4º maior exportador global do grão – e que estão ameaçando a safra de verão (1ª safra 2022/2023) no Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 5,90 a US$ 6,50 por bushel, abaixo do registrado na semana anterior, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,70 por bushel, mas ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. As negociações envolvendo milho ocorrem de forma pontual no mercado brasileiro, com agentes atentos aos possíveis impactos das elevadas temperaturas na Região Sul do País sobre o desenvolvimento da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e ao forte ritmo das exportações. Quanto aos preços, estão recuando no interior do Brasil, mas as quedas nos portos são mais intensas, devido às desvalorizações externas.

Nos últimos sete dias, a queda é de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na região de Campinas (SP), os produtores limitam a oferta, o que leva consumidores a adquirir o milho na Região Centro-Oeste. Ressalta-se, no entanto, que muitos demandantes esbarram em problemas logísticos. Assim, o Indicador ESALQ/BM&F registra baixa de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 85,90 por saca de 60 Kg. Na B3, os vencimentos, que iniciaram a semana passada pressionados pela desvalorização nos portos, estão reagindo agora, influenciados pelo aquecimento da demanda. Os contratos Janeiro/2023 e Março/2023 apresentam baixa de 0,9% e 0,5% nos últimos sete dias, respectivamente, a R$ 87,55 por saca de 60 Kg e a R$ 91,04 por saca de 60 Kg. As recentes quedas dos valores nos portos reduzem o ritmo de negócios. Nos portos de Paranaguá (PR) e em Santos (SP), as quedas são de 2,9% e de 0,2% nos últimos sete dias, respectivamente.

Apesar da recente diminuição na liquidez, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) reajustou a estimativa de embarques brasileiros na safra 2021/2022, passando de 38 milhões de toneladas em novembro para 41,5 milhões de toneladas em dezembro. Para Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), os embarques de milho devem somar 42,6 milhões de toneladas na temporada, o dobro da quantidade embarcada em 2021, o que seria um novo recorde. Especificamente para dezembro, as exportações podem chegar a 5,430 milhões de toneladas. Neste contexto, os estoques de passagem ao final da temporada, em janeiro/2023, caíram para 7,1 milhões de toneladas. Relatório divulgado no dia 8 de dezembro pela Conab indicou que a produção da temporada 2022/2023 deve somar 125,8 milhões de toneladas, alta de 11% frente à safra anterior (2021/2022) e um recorde. Frente aos dados de novembro, contudo, há leve redução de 0,5% na estimativa, o que se deve à falta de chuvas no Rio Grande do Sul e às temperaturas mais amenas no Paraná e em Santa Catarina, que têm atrasado o desenvolvimento da safra de verão (1ª safra 2022/2023).

Assim, a produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023) está estimada em 27,22 milhões de toneladas, abaixo das 28,15 milhões de toneladas estimadas em novembro, mas ainda acima das 25,02 milhões de toneladas de 2021/2022. No entanto, para a 2ª safra de 2023 e a 3ª safra de 2023, as estimativas são mais otimistas, e, por enquanto, não tiveram reajustes negativos, com expetativa de produções de 96,27 milhões de toneladas e 2,33 milhões de toneladas, aumentos de 12% e de 10%, respectivamente. Assim, considerando-se a soma dos estoques iniciais, produção e importação, a disponibilidade interna deverá ser 10% maior em 2022/2023 frente à de 2021/2022, a 135,5 milhões de toneladas. Com a produção elevada em 2023, as exportações também podem seguir em alta, chegando a 45 milhões de toneladas. No campo, mesmo que o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas venham preocupando os produtores brasileiros, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023) avançou 3% entre 26 de novembro e 3 de dezembro, totalizando 71,2% da área nacional, segundo dados da Conab.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou no dia 5 de dezembro que, com a semeadura finalizada, 75% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo; 22%, em floração; e 3%, em frutificação. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indicou que a área semeada está em 88%, avanço de 4% em relação à semana anterior. No entanto, 48% das lavouras que estão em fase vegetativa têm sido prejudicadas pelo clima, o que pode levar a uma redução na produtividade. Em Santa Catarina, a Conab indica que restam apenas 3% da área para ser semeada. Nos Estados Unidos, os valores estão em baixa, pressionados pela desvalorização do trigo e pelo enfraquecimento dos preços do petróleo. O contrato Dezembro/2021 recuou 2,7% nos últimos sete dias, a US$ 6,32 por bushel (US$ 248,80 por tonelada). Os vencimentos Março/2023 e Maio/2023 têm recuos de 2,7% e 2,3% nos últimos sete dias, para US$ 6,42 por bushel e US$ 6,44 por bushel, respectivamente. Na Argentina, apesar do clima desfavorável, a semeadura ganhou ritmo e chegou, até o dia 8 de dezembro, a 32,7% da área nacional, avanço semanal de 7,3%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.