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21/Nov/2022

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços firmes para os preços do milho no mercado brasileiro, com cotações futuras sustentadas em Chicago e forte ritmo das exportações brasileiras em 2022. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,10 a US$ 6,70 por bushel, similar ao visto na semana anterior, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,60 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. O dólar caiu frente ao Real na sexta-feira (18/11), revertendo avanço registrado na véspera após tentativas do governo eleito de tranquilizar os mercados quanto ao risco de descontrole fiscal na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O dólar fechou com recuo de 0,58%, para R$ 5,3750. A queda veio depois de, na véspera, o dólar ter disparado acima de R$ 5,50 nos picos da sessão em resposta à minuta da PEC da Transição. Na semana, sua segunda consecutiva de ganhos, o dólar avançou 0,85% frente ao Real.

No Brasil, entre janeiro e a parcial de novembro, as exportações cresceram 126%: considerando o ano-safra 2021/2022 (fevereiro-2022 a janeiro-2023), as exportações já atingiram 35,8 milhões de toneladas, projetando vendas externas de 40 milhões de toneladas na atual safra. Se confirmado esse montante exportado, os estoques de passagem para a temporada 2022/2023 cairão para 6,1 milhões de toneladas (o que equivale a apenas 29 dias de consumo interno). As exportações brasileiras de milho seguem intensas. Atentos a esse cenário e aos preços atrativos nos portos, os vendedores nacionais estão afastados do spot. Diante disso, alguns compradores brasileiros já sinalizam certa dificuldade em adquirir novos lotes. Ressalta-se, no entanto, que os estoques no mercado interno estão confortáveis, o que acaba limitando fortes valorizações do cereal ou impedindo reações. Os preços do milho apresentaram comportamentos distintos dentre as regiões.

A expectativa é que as exportações sigam em ritmo elevado. Nas primeiras semanas de novembro, especificamente, já foram embarcadas 2,280 milhões de toneladas de milho, com média diária de escoamento de 286 mil toneladas. Caso esse desempenho diário seja mantido até o encerramento deste mês, as exportações podem somar 5,7 milhões de toneladas em novembro, o que seria o dobro do volume escoado no mesmo mês de 2021. Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), os embarques de milho em novembro devem totalizar 6,630 milhões de toneladas. Apesar do bom andamento da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e da proximidade da finalização da colheita nos Estados Unidos, a demanda internacional vem sendo impulsionada por dificuldades logísticas enfrentadas no Mar Negro e pela redução na produção da União Europeia, devido à seca. Esse cenário tem sustentado os preços do milho até o início de 2023.

As negociações para entregas entre dezembro/2022 e janeiro/2023 nos portos brasileiros são realizadas por volta de R$ 93,00 por saca de 60 Kg, acima do praticado no mercado interno e na B3. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram alta de 2,5% no Porto de Paranaguá (PR) e de 1,1% no Porto de Santos (SP). A valorização do dólar também eleva as cotações nos portos. No mercado físico nacional, os preços apresentam comportamentos distintos dentre as regiões. Mas o avanço do dólar eleva as cotações em quase todas as regiões. Em São Paulo, importante comprador do cereal, demandantes vinham utilizando estoques, e começaram a ter dificuldades nas aquisições no spot, e, com isso, elevam as indicações. Ainda assim, muitos esbarraram nas intenções ainda mais altas de preços de produtores. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra leve queda de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 84,06 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,2% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

Na B3, os futuros iniciaram a semana passada em baixa, mas reagiram nos dias seguintes. Nos últimos sete dias, os contratos Janeiro/2023 e Março/2023 têm recuos de 0,1% e 0,7%, a R$ 87,98 por saca de 60 Kg e a R$ 91,25 por saca de 60 Kg. Segundo dados da Conab, até o dia 12 de novembro, já foram semeados 53,9% da área estimada para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), avanço semanal de 10%, mas ainda 10% abaixo da temporada anterior. O atual atraso na semeadura da temporada 2022/2023 é verificado sobretudo em Goiás, em Minas Gerais e na Bahia, onde as atividades de campo somam respectivos 41%, 52% e 15%, contra 80%, 70% e 31% no mesmo período de 2021. No Paraná, apesar das chuvas e das temperaturas mais amenas em novembro, os trabalhos seguem firmes. Até o dia 8 de novembro, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023) somou 93% da área estimada. Destas, 95% estão em desenvolvimento e vegetativo e 5%, em germinação.

No Rio Grande do Sul, até o dia 17 de novembro, o cultivo chegava a 80% da área estimada para o milho. No atual período, os produtores voltam a se preocupar com os períodos mais secos e as temperaturas extremas, que podem prejudicar o desenvolvimento das lavouras. Os preços estão em alta nos Estados Unidos, impulsionados por preocupações com os conflitos entre a Rússia e Ucrânia e pela boa demanda pelo grão norte-americano. As altas só não são mais intensas devido ao bom avanço da colheita naquele país. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que 93% da safra de milho havia sido colhida nos Estados Unidos até o dia 13 de novembro, contra 87% na semana anterior e acima da média dos últimos cinco anos, de 85%. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que 23,6% da área prevista havia sido semeada até o dia 17 de novembro. Nos últimos sete dias, o avanço é de apenas de 0,2% nos trabalhos de campo, devido às chuvas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.