14/Nov/2022
O viés baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com quedas das cotações futuras em Chicago e expectativa de oferta elevada em 2023. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,10 a US$ 6,60 por bushel, pouco abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 6,25 a US$ 6,85 por bushel, mas ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. O dólar fechou em queda na sexta-feira (11/11), na contramão do movimento da semana, impactado por incertezas em relação ao controle das contas públicas no futuro governo Lula. A moeda norte-americana encerrou o dia em queda de 1,10%, vendida a R$ 5,3347. Com o resultado, o dólar fechou a semana com alta de 5,45% – o maior ganho semanal desde junho de 2020, quando subiu 5,48%. No mês, a moeda passou a acumular alta de 3,28% frente ao Real. No entanto, no ano, o dólar ainda apresenta queda de 4,31%. As cotações do milho seguem em queda no mercado brasileiro, pressionadas pelo baixo ritmo de negócios e sobretudo por estimativas indicando safra volumosa em 2023.
Assim, nem mesmo a valorização do dólar evitou a queda nos valores do cereal no interior do País. Os compradores nacionais estão afastados de negociações envolvendo grandes volumes, atentos às boas expectativas da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e aos estoques de passagem. Muitos vendedores, por sua vez, estão flexíveis nos preços, diante da necessidade de liberar espaço nos armazéns. No entanto, o atual bom ritmo das exportações pode resultar em diminuição dos estoques nacionais. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) está cotado a R$ 83,74 por saca de 60 Kg, queda de 1,3% nos últimos sete dias. No Porto de Paranaguá (PR), o preço do cereal tem baixa de 1,1% e, no Porto de Santos (SP), de 0,6%, passando para R$ 87,74 por saca de 60 Kg e R$ 88,10 por saca de 60 Kg, respectivamente.
Mesmo com essas recentes baixas, os valores nos portos seguem atrativos aos produtores, tanto no spot quanto no mercado futuro. Para janeiro, a média das ofertas de compra e venda nos portos neste início de novembro está em R$ 89,50 por saca de 60 Kg, sendo 4,0% inferior à do mês anterior, mas acima dos valores futuros no interior. Na B3, os contratos Novembro/2022 e Janeiro/2023 apresentam desvalorização de 0,8% e 1,9% nos últimos sete dias, com médias de R$ 85,42 por saca de 60 Kg e de R$ 88,09 por saca de 60 Kg. Os contratos Março/2023 e Maio/2023 mostram queda de 1,2% e 1,5%, a 91,85 por saca de 60 Kg e a R$ 91,29 por saca de 60 Kg, respectivamente. As quedas refletem as expectativas de boa produção no Brasil na safra 2022/2023, que deverá ser recorde. Quanto às estimativas de oferta e demanda mundiais, em relatório divulgado no dia 9 de novembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou produção mundial de 1,160 bilhão de toneladas, queda de 4,0% frente à temporada anterior, refletindo principalmente a menor produção nos Estados Unidos, agora prevista em 353 milhões de toneladas, 8% inferior à do ano passado.
O consumo mundial também teve sua estimativa reduzida em 1%, com previsão de 1,170 bilhão de toneladas, o que fez com que os estoques mundiais do grão se mantivessem em 300,7 milhões de toneladas. Nas lavouras brasileiras, o desenvolvimento segue satisfatório, com produtores finalizando a semeadura da safra verão (1ª safra 2022/2023). Na Argentina, a melhora do clima ajuda no progresso e, nos Estados Unidos, a colheita se aproxima do final. Até o dia 5 de novembro, a semeadura no Brasil totalizou 43% da área nacional, avanço semanal de 3,1%. Nos Estados Unidos, de acordo com o relatório semanal do Crop Progress, divulgado pelo USDA no dia 7 de novembro, 87% das lavouras de milho haviam sido colhidas até o dia 6 de novembro, 11% acima da média de 76% para os últimos cinco anos. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura na Argentina atingiu 23,4% da área estimada até o dia 10 de novembro. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.