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10/Out/2022

Pressão baixista sobre os preços do milho no Brasil

Apesar das cotações firmes na Bolsa de Chicago e a forte expansão das exportações brasileiras em 2022, a pressão é baixista no mercado interno de milho, em decorrência do aumento da oferta disponível no spot, da retração dos compradores e do forte recuo do dólar nos últimos dias, reduzindo a paridade de exportações nos portos. As exportações brasileiras de milho registram expressivo crescimento de 92% entre janeiro e setembro/2022, ante o mesmo período do ano anterior. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,25 a US$ 6,90 por bushel, pouco acima da faixa da semana anterior, que foi de US$ 6,15 a US$ 6,85 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. A estimativa da nossa Consultoria é de uma expansão de 6,6% na área total de milho no Brasil em 2022/2023, com destaque para o avanço de 8,9% na 2ª safra, com projeção de produção total de 133,7 milhões de toneladas, incremento de 18,5% sobre a colheita das 3 safras de 2021/2022. Os valores internos e externos do milho estão em direções opostas.

No Brasil, o baixo interesse de consumidores e a maior flexibilidade de vendedores (alguns precisam fazer caixa) têm resultado em recuo nas cotações. Esses agentes estão atentos a estimativas indicando boa produção na safra de verão (1ª safra 2022/2023) e aos estoques confortáveis. Nos Estados Unidos, os futuros avançam, impulsionados pela valorização do petróleo, pelo menor ritmo de colheita e por dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrando estoque abaixo do aguardado por agentes. Até 1º de setembro, as reservas norte-americanas do cereal eram de 34,98 milhões de toneladas, inferior ao esperado por analistas (38,02 milhões de toneladas). Ainda assim, o volume está 11,5% acima do registrado no mesmo período de 2021. Nos últimos sete dias, as quedas são de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra baixa de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 83,04 por saca de 60 Kg.

Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2022 apresenta valorização de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 6,75 por bushel. O vencimento Março/2023 tem avanço de 1,0% no mesmo período, a US$ 6,83 por bushel. Nos portos, as cotações estão pressionadas pelo dólar, mas a alta externa limita as perdas. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), as quedas nos últimos sete dias são de 0,8% e 0,6%, respectivamente. Quanto aos embarques, em setembro, foram escoadas 6,780 milhões de toneladas do cereal, expressiva alta de 138% frente ao embarcado no mesmo mês de 2021 (2,850 milhões de toneladas). As importações recuaram 2% entre setembro/2021 e setembro/2022, somando 401,1 mil toneladas no último mês. No dia 6 de outubro, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) indicou que a produção brasileira na temporada 2022/2023 deve totalizar 126,9 milhões de toneladas, elevação de 12,5% em relação à temporada anterior. A expectativa de melhora na produção reflete o aumento de área na 2ª safra de 2023 e a recuperação de produtividade na 1ª e 2ª temporadas, sobretudo na safra de verão (1ª safra 2022/2023), que está sendo semeada no atual período.

Para a safra de milho de verão (1ª safra 2022/2023), a produção está estimada em 28,7 milhões de toneladas, aumento de 14,6% frente à temporada anterior. Quanto à 2ª safra de 2023, o aumento deve ser de 12,4%, estimada em 96,2 milhões de toneladas. Na 3ª safra de 2023, apesar da manutenção de área, a produtividade pode cair, resultando em produção 8,5% menor, em 1,97 milhão de toneladas. Quanto ao balanço, o estoque elevado no início da temporada 2022/2023 e a boa produção devem manter o abastecimento interno confortável. Com produção total estimada em 126,9 milhões de toneladas, o consumo em 81,75 milhões de toneladas e as exportações em 45 milhões de toneladas, a Conab projeta estoques de 10,17 milhões de toneladas em janeiro de 2024, o maior volume desde 2019/2020. No campo, os produtores aproveitaram a maior umidade do solo para avançar a semeadura. No Paraná, a área semeada até o dia 3 de outubro chegou a 67%, com avanço de 9% em relação à semana anterior. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS estima que 64% da área já havia sido semeada até o dia 6 de outubro.

O desenvolvimento inicial das lavouras vem apresentando lentidão, devido às baixas temperaturas. Os produtores também seguem atentos à incidência de pragas, como cigarrinha e pulgões. As semeaduras em Santa Catarina e em São Paulo somavam, até o final da semana anterior, 48% e 1% das respectivas áreas. A média nacional da semeadura está em 22,7%, avanço semanal de 3,4%. Quanto à Argentina, as chuvas no oeste da área agrícola vêm auxiliando na semeadura, mas os produtores ainda aguardam maiores volumes de precipitações em outras províncias, como Buenos Aires, San Luis, Córdoba, Santa Fe e Entre Ríos, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Até o dia 5 de outubro, 14% da área nacional havia sido implantada. Nos Estados Unidos, a colheita do cereal segue em ritmo menor. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 2 de outubro, apenas 20% da área estimada havia sido colhida, atraso de 7% em relação ao ano anterior e 2% abaixo da média dos últimos cinco anos (2017-2021). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.