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19/Set/2022

Tendência do preço do milho sustentado no Brasil

No mercado doméstico de milho, a tendência é de cotações firmes, com os contratos futuros sustentados na Bolsa de Chicago e a forte expansão das exportações brasileiras em 2022. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos em 2023 oscilam entre US$ 6,20 e US$ 6,90 por bushel, ainda bem acima da média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de milho têm sido impulsionados por expectativas de reduções na produção mundial do cereal, mas as quedas foram amenizadas pela entrada da nova safra e por preocupações com a desaceleração econômica nos Estados Unidos. No relatório de setembro/2022, o USDA reduziu a projeção de produção dos Estados Unidos para 354,7 milhões de toneladas na safra 2022/2023, ante 364,7 milhões de toneladas estimadas em agosto e bem abaixo das 368,4 milhões de toneladas esperadas no início da atual temporada. No Brasil, os preços estão em viés de alta, com a demanda interna firme e o forte crescimento de 89% das exportações entre janeiro-setembro/2022, ante o mesmo período do ano anterior.

A projeção é de exportações de 38,4 milhões de toneladas pelo Brasil na atual safra, o que poderá reduzir expressivamente os estoques de passagem para a temporada 2022/2023, para 8,0 milhões de toneladas (o que equivale a apenas 38 dias de consumo interno). A estimativa da nossa Consultoria é de uma expansão de 6,1% na área total de milho no Brasil em 2022/2023, com destaque para o avanço de 8,1% na 2ª safra, com projeção de produção total de 132,8 milhões de toneladas, incremento de 17,3% sobre a colheita das 3 safras de 2021/2022. O forte ritmo da exportação brasileira, a alta dos preços internacionais e os cortes na produção mundial apontados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no relatório de setembro deram suporte às cotações brasileiras. No entanto, o movimento de elevação é limitado pela resistência de compradores, que priorizam a utilização dos estoques. Esses demandantes estão no aguardo de desvalorizações, fundamentados no andamento da colheita nos Estados Unidos e na consequente possibilidade de redução dos embarques brasileiros. Além disso, os consumidores acreditam que a proximidade do prazo de pagamento de dívidas de custeio (final de setembro) deve levar produtores a ofertarem o cereal para fazer caixa.

O Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 84,35 por saca de 60 Kg. No acumulado do mês, a alta é de 0,7%. Nos últimos sete dias, as cotações de milho registram alta de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nos portos, os preços também estão avançando, influenciados pelas valorizações externa e do dólar, operando agora em torno de R$ 91,00 por saca de 60 Kg, para entrega entre setembro e outubro. Nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), as altas são de respectivos 1,7% e 2,5% nos últimos sete dias. Ressalta-se que esses preços estão bem acima dos verificados nos Estados Unidos. Quanto aos embarques, nos seis primeiros dias úteis de setembro, as exportações brasileiras já se aproximavam das registradas em todo mês de setembro/2021. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), saíram dos portos brasileiros 2,220 milhões de toneladas de milho, apenas 600 mil toneladas abaixo de toda a quantidade escoada no mesmo mês de 2021. Com as novas estimativas indicando queda de 3,9% na produção mundial de milho na safra 2022/2023 frente à anterior, caindo para 1,170 bilhão de toneladas, a relação estoque/consumo na temporada 2022/2023 recuou para 25,9%, contra 26,5% da temporada passada.

A atual redução se deve sobretudo à diminuição nas produções dos Estados Unidos e da Europa, agora estimadas em 354,2 milhões de toneladas e em 58,0 milhões de toneladas, respectivamente. Entre os relatórios de agosto e setembro, as reduções são de 3% para ambos, e entre as safras, as quedas são mais expressivas, de 8% para os Estados Unidos e de 18% para a União Europeia. No entanto, as maiores produções da China e da Ucrânia impedem quedas mais acentuadas na produção mundial. Na América do Sul, as estimativas se mantêm em 55 milhões de toneladas para a Argentina e em 126 milhões de toneladas para o Brasil. Neste contexto, os estoques mundiais ao final da safra 2022/2023 também devem recuar, chegando a 304,5 milhões de toneladas, queda de 0,7% em relação ao relatório de agosto e 2,4% inferior aos de 2021/2022. No campo brasileiro, as recentes chuvas devem favorecer a semeadura da safra verão (1ª safra 2022/2023), sobretudo no Paraná.

Apesar das previsões de precipitações para as próximas semanas, os produtores devem seguir atentos aos impactos do La Niña, que pode aumentar a irregularidade de chuvas durante a primavera. No Paraná, 32% da área já foi semeada até o dia 12 de setembro, enquanto a 2ª safra de 2022 já tem a colheita praticamente finalizada, somando 97% da área. No Rio Grande do Sul, com a umidade do solo adequada na maior parte das regiões, a semeadura seguiu acelerada, com 35% da área estadual até o dia 15 de setembro. Em Mato Grosso do Sul, a colheita da 2ª safra de 2022, até o dia 9 de setembro, alcançou 93,4% da área estadual. Na Argentina, com a colheita da safra 2021/2022 finalizada, os produtores programam o início da semeadura da nova temporada, mas esbarram ainda nas chuvas irregulares nas principais regiões. Nos Estados Unidos, as primeiras lavouras de milho da temporada 2022/2023 começaram a ser colhidas, com avanço sobretudo nos estados da Carolina do Norte e Texas. O USDA indica que 5% da área já foi colhida, 1% acima da média dos últimos cinco anos (2017-2021). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.