12/Set/2022
No mercado doméstico de milho, a tendência é de cotações sustentadas, com os contratos futuros sustentados na Bolsa de Chicago e forte expansão das exportações brasileiras em 2022. A tendência é de cotações futuras sustentadas em Chicago neste segundo semestre de 2022 e, também, em 2023. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos em 2023 oscilam entre US$ 6,25 e US$ 6,70 por bushel, ante média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. No Brasil, os preços estão em viés de alta, com demanda interna firme e crescimento de 76% nas exportações entre janeiro-agosto/2022, ante o mesmo período do ano anterior. A estimativa da nossa Consultoria é que a área total no Brasil deverá crescer 6,1% em 2022/2023, com destaque para a 2ª safra (+8,1%), com produção total estimada em 132,8 milhões de toneladas. Os preços internacionais do milho estão sustentados, apesar da forte realização de lucros em alguns dias da semana passada e de notícias indicando o início da colheita nos Estados Unidos.
No entanto, os fundamentos altistas, como as preocupações com a oferta global, devido à seca na Europa e na China, além das exportações ainda incertas do Mar Negro influenciam as cotações. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2022 tem alta de 2,5% nos últimos sete dias, a US$ 6,74 por bushel. O vencimento Dezembro/2022 apresenta valorização de 1,6% no período, a US$ 6,68 por bushel. Quanto às lavouras, de acordo com o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 54% da safra norte-americana estava em condição boa ou excelente até o dia 4 de setembro, mesmo percentual da semana anterior. Também foi informado que 15% da safra está madura e 63% formaram dentes. Os compradores brasileiros de milho, que, em meados de agosto, relatavam certa dificuldade em negociar, estão afastados do mercado spot nacional, cenário que enfraquece os preços do cereal.
Esses demandantes estão atentos ao início da colheita nos Estados Unidos, a estimativas de safra brasileira volumosa e às recentes quedas nos preços do cereal nos portos brasileiros. Os vendedores, apesar de não apresentarem necessidade de fazer caixa, se mostram flexíveis, devido aos estoques elevados desta temporada. Esse contexto é verificado sobretudo na Região Centro-Oeste, onde está concentrada a maior parte da produção da 2ª safra e local em que os produtores tiveram dificuldades em armazenar o cereal. Apesar de as quedas prevalecerem na maior parte das regiões, fundamentos regionais mantêm firmes os valores em outras, evidenciando que o mercado ainda pode apresentar variações distintas, a depender do volume, dos armazéns, de frete, do dólar e da demanda. Nos últimos sete dias, há leve alta de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas queda de 0,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Quanto ao Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), prevalecendo as ofertas de fora do estado de São Paulo, se mantém na casa de R$ 83,00 por saca de 60 Kg desde o final de agosto.
Nos últimos sete dias, especificamente, apresenta queda de 0,5%, a R$ 83,43 por saca de 60 Kg. Na B3, os vencimentos futuros também apresentam certa estabilidade. Os contratos Setembro/2022 e Novembro/2022 estão cotados a R$ 84,27 por saca de 60 Kg, recuo de 0,5% nos últimos sete dias e a R$ 88,83 por saca de 60 Kg, com pequena alta de 0,1% no mesmo período. Os valores nos portos brasileiros estão recuando, influenciados pelas desvalorizações do dólar e externa. Além disso, agentes também estiveram atentos a notícias das exportações agrícolas argentinas, que podem ser recordes na safra 2022/2023, e à decisão do governo em melhorar a taxa de câmbio para as negociações no curto prazo, cenário que poderá aumentar a oferta global do cereal. No Porto de Paranaguá (PR), a queda é de 1,9% nos últimos sete dias, com o milho negociado a R$ 86,89 por saca de 60 Kg. No Porto de Santos (SP), a baixa é de 0,8% no período, a R$ 87,61 por saca de 60 Kg. No entanto, para entrega nos próximos meses, as cotações estão próximas de R$ 90,00 por saca de 60 Kg.
A safra brasileira 2021/2022 cresceu 30% em relação à anterior. Essa melhora entre as temporadas ocorre devido à expectativa de aumento na produção da 2ª safra de 2022, no segundo semestre do ano. A disponibilidade interna é formada por 7,8 milhões de toneladas dos estoques iniciais, por 113,3 milhões da produção doméstica e por 1,9 milhão de toneladas de importações, que, por sua vez, deverão resultar em oferta total de 122 milhões de toneladas. 76,5 milhões de toneladas devem ser consumidas internamente e outras 37 milhões de toneladas podem ser exportadas entre fevereiro/2022 e janeiro/2023. Com isso, os estoques de passagem em janeiro/2023 seriam de 9,4 milhões de toneladas, ainda abaixo da média das últimas cinco safras, de 11,8 milhões de toneladas. Da oferta interna, 86,12 milhões de toneladas são da 2ª safra de 2022, com crescimento de 42% entre 2020/2021 e 2021/2022.
A safra de verão (1ª safra 2021/2022) deve ser apenas 1% superior à da temporada anterior, somando 24,97 milhões de toneladas, e a 3ª safra de 2022 deve crescer 33%, indo para 2,17 milhões e toneladas. No campo, enquanto as Regiões Centro-Oeste e Sudeste se atentam à finalização da colheita da 2ª safra de 2022, os produtores da Região Sul do País focam na semeadura da safra verão (1ª safra 2022/2023). Até o dia 3 de setembro, a colheita da 2ª safra de 2022 já foi finalizada em Goiás, Piauí, Tocantins, Maranhã e Mato Grosso, chegando a 97% da área nacional. No Paraná, 95% da área havia sido colhida até o dia 5 de setembro. Em Mato Grosso do Sul, favorecidas pelo tempo seco, as atividades haviam alcançado 86% da área até o dia 2 de setembro. Para a safra de verão (1ª safra 2022/2023), no Paraná, os trabalhos de campo estão em 22%. No Rio Grande do Sul, a semeadura está distinta dentre as regiões: cidades da região de Bagé já estão na reta final e outras, como Pelotas, ainda estão recebendo as sementes. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.