05/Set/2022
A tendência é de cotações futuras sustentadas em Chicago para o segundo semestre de 2022 e em 2023. A expedição Pro Farmer Crop Tour estimou a safra 2022/2023 dos EUA em 349,5 milhões de toneladas, número bem abaixo da atual estimativa do USDA, que é de 364,7 milhões de toneladas (a qual será revisada neste mês). Além disso, há estiagens severas na China e em países da Europa. Em Chicago, os futuros para 2023 oscilam entre US$ 6,10 a US$ 6,70/bushel, ante média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. No Brasil, os preços estão em viés de alta, com demanda interna firme e crescimento de 76% nas exportações entre janeiro-agosto/2022, ante o mesmo período do ano anterior. A área total no Brasil deverá crescer 4,6% em 2022/2023, com destaque para a 2ª safra (+6%), com produção total estimada em 131,1 milhões de toneladas. Com a proximidade da finalização da colheita da 2ª safra de 2022, os preços do milho seguem firmes na maior parte das regiões, mas as negociações estão lentas.
Atentos ao cenário internacional, os vendedores brasileiros limitam as ofertas no spot, à espera de novas altas nos valores, ao passo que os compradores sinalizam dificuldade em realizar novas aquisições. Nos Estados Unidos, as condições das lavouras novamente pioraram, e as expectativas são de que a produção fique abaixo das estimativas iniciais da temporada. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da 2ª safra de 2022 chegou, até o dia 27 de agosto, a 93,8% da área nacional. As atividades foram finalizadas no Piauí, Tocantins e Mato Grosso. No Paraná, 91% da área havia sido colhida até o dia 29 de agosto. Em Mato Grosso do Sul, favorecidas pelo tempo seco, as atividades haviam chegado a 70,8% da área até o dia 26 de agosto. Quanto à semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023), no Paraná, somava, até o encerramento de agosto, 7% da área esperada.
No Rio Grande do Sul, com o aumento das temperaturas e o tempo seco, os trabalhos de campo avançam, e produtores analisam os reflexos das geadas dos dias 19 e 20 de agosto. Em algumas regiões, foram observados casos de requeima das folhas. A região de Santa Rosa já tem 57% da área semeada, e Ijuí, 33%. As estimativas de produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023) divulgadas na semana passada tiveram ajustes positivos. No Paraná, o Deral/Seab indicou que a próxima safra pode somar 3,9 milhões de toneladas, aumento de 34% em relação à temporada 2021/2022. No Rio Grande do Sul, a produção pode crescer 104%, somando 6,1 milhões de toneladas, segundo a Emater-RS. Ressalta-se, contudo, que se trata de uma recuperação, após as fortes perdas registradas na safra passada. Nos últimos sete dias, há um avanço de 0,8% no preço do mercado de lotes (negociações entre empresas). No acumulado de agosto, as valorizações acumuladas foram de 2,5% no balcão e de 2,3% para lotes.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) tem alta de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 83,39 por saca de 60 Kg. Em agosto, o Indicador acumulou elevação de 1,2%. Na B3, apenas o contrato Setembro/2022 apresenta desvalorização nos últimos sete dias (-0,2%), cotado a R$ 84,71 por saca de 60 Kg, ao passo que Novembro/2022 tem alta de 0,8%, para R$ 88,73 por saca de 60 Kg. A demanda internacional aquecida manteve os embarques e os preços brasileiros elevados ao longo de agosto, contexto que ajuda a sustentar os valores domésticos do milho. No Porto de Paranaguá (PR), o preço médio de agosto foi 2% superior ao de julho. No Porto de Santos (SP), a alta foi de 3%. Para setembro e outubro, as referências estão entre R$ 88,00 e R$ 89,00 por saca de 60 Kg, para entrega no Porto de Paranaguá (PR). Para o último bimestre, os valores chegam a R$ 91,00 por saca de 60 Kg.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas 7,550 milhões de toneladas de milho em agosto, o maior volume da atual temporada (iniciada em fevereiro/2022). Na parcial de 2022, já foram exportadas 15 milhões de toneladas do cereal. Os contratos externos estão em alta, influenciados por preocupações com o desenvolvimento da safra norte-americana. As altas só não foram mais intensas, devido à desvalorização do petróleo na semana passada, que diminui a competitividade do etanol, que, nos Estados Unidos, é feito principalmente com milho. Nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2022 tem avanço de 0,1%, fechando a US$ 6,58 por bushel; e o Dezembro/2022 apresenta valorização de 1,23%, a US$ 6,58 por bushel. De acordo com o Crop Progress do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), do dia 29 de agosto, 54% da safra norte-americana estava em condição entre boa e excelente, queda de 1% em relação à semana anterior. No mesmo período de 2021, o percentual era de 60%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.