29/Ago/2022
A tendência é altista para os preços do milho no Brasil, com as cotações futuras mais firmes, exportações brasileiras aquecidas e condições climáticas adversas para a safra 2022/2023 nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, os contratos para 2023 subiram para uma faixa entre oscilam entre US$ 6,15 e US$ 6,70 por bushel, ante o intervalo entre US$ 5,85 e US$ 6,30 por bushel na semana anterior. Os preços do milho seguem firmes no mercado externo e no Brasil. No contexto internacional, os valores são impulsionados por notícias indicando possíveis reduções na produtividade das lavouras dos Estados Unidos, por preocupações relacionadas à seca na Europa e na China e pela diminuição dos embarques pelo Mar Negro. Atentos a esse cenário, os produtores brasileiros estão afastados do spot nacional, elevando os preços internos. Muitos vendedores nacionais também têm se voltado às negociações para os portos. Relatório de safra do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que as lavouras norte-americanas em boas condições diminuíram mais 2%, passando agora para 55% do total.
Na comparação com 2021, a redução é de 5%. Além disso, a produtividade pode ser prejudicada pela seca, vento e granizo. Na Europa, a seca e o forte calor vêm sendo considerados um dos piores das últimas décadas, e esse cenário vem resultando em reajustes negativos nas estimativas de rendimento da safra de verão. No início de agosto, o USDA diminuiu em 8 milhões de toneladas a produção Europeia, que agora é estimada em 60 milhões de toneladas. Na China, uma severa onda de calor tem atingido as lavouras de arroz e de milho no sudoeste do país. Quanto à região do Mar Negro, apesar da retomada dos embarques, dificuldades logísticas vêm limitando o escoamento dos grãos. Neste contexto, os preços nos portos brasileiros estão avançando, o que, por sua vez, impulsiona os valores no interior do País. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), as cotações apresentam alta de 2,8% e 1,4% nos últimos sete dias, respectivamente, mesmo diante da desvalorização do dólar.
Para o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), a alta é de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 83,31 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores apresentam valorização de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociação entre empresas). As altas internacionais e as disputas no mercado brasileiro também elevaram as cotações futuras na B3 até o dia 24 de agosto. Mas, no dia 25 de agosto, os fundamentos de oferta brasileira abundante voltaram a pressionar os vencimentos, fazendo com que os preços acumulassem quedas. Os contratos Setembro/2022 e Novembro/2022 apresentam recuo de 1,1% e 1,7% nos últimos sete dias, cotados, respectivamente, a R$ 84,84 por saca de 60 Kg e a R$ 88,03 por saca de 60 Kg. O vencimento Janeiro/2023 tem queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 91,99 por saca de 60 Kg. Os embarques brasileiros seguem superando os volumes do mesmo período de 2021, influenciados pela boa produção brasileira.
No acumulado de agosto, o Brasil embarcou 4,7 milhões de toneladas de milho, já superando em 400 mil toneladas a quantidade de todo o mês de agosto de 2021. Caso o atual ritmo se mantenha em 313 mil toneladas por dia, o Brasil pode exportar 7,2 milhões de toneladas em agosto. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estima que serão embarcadas até o fim do mês 7,5 milhões de toneladas. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) apresentou as primeiras estimativas para a safra 2022/2023 de grãos brasileira, dando destaque para a boa rentabilidade do milho. Para próxima temporada, a produção estimada é de 125,5 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde e 9% superior à atual temporada. A melhora da produção é apontada como resultado principalmente do aumento da área e da produtividade na 2ª safra e dos preços mais firmes.
A boa expectativa de produção também pode elevar as negociações com o mercado internacional. As exportações são estimadas pela Conab em 44,5 milhões de toneladas. Vale lembrar que o cenário climático é uma importante variável para o desenvolvimento das lavouras. A colheita da 2ª safra de 2022 foi finalizada em Mato Grosso e chegou na reta final na maior parte das regiões. Na média nacional, até o dia 20 de agosto, os trabalhos de campo chegaram a 90,2% da área, contra 86,4% da semana anterior e 75,5% em 2021. No Paraná, até o dia 22 de agosto, a colheita havia alcançado 84% do total da área estimada para o Estado. Também já foi iniciada a semeadura da safra verão (1ª safra 2022/2023), mas ainda não representa 1% da área. Em Mato Grosso do Sul, a área colhida soma 50% até o dia 23 de agosto. Na Argentina, a colheita foi finalizada. No Rio Grande do Sul, as geadas observadas nos dias 19 e 20 de agosto preocuparam os produtores que haviam iniciado a semeadura, e alguns danos pontuais foram observados. Fonte: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.