23/Ago/2022
O Brasil vai bater mais um recorde no agronegócio neste ano, com a maior safra de grãos da história. Para isso, teve ajuda considerável da 2ª safra de milho de 2022. Antes considerada uma espécie de "xepa", apenas para manter o solo coberto, a 2ª safra ganhou importância à medida que a produção se sofisticou e agregou tecnologia. Espremida entre a colheita do verão e a entressafra do inverno, a 2ª safra de 2022 deve atingir 87,4 milhões de toneladas, 44% a mais que a anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa será a maior colheita da série histórica da 2ª safra que, há vários anos, se transformou em um "safrão", superando em área e volume de produção a safra de milho no verão. A virada da "xepa" abre perspectivas para o Brasil dobrar a produção de milho nos próximos anos e se aproximar dos líderes mundiais Estados Unidos e China. Além de ter campo para aumentar a produção do grão, que é a base da produção brasileira de proteína animal, o País passou a usar milho para fazer etanol.
O Brasil vai produzir este ano 114,7 milhões de toneladas de milho, alta de 31,7% em relação à safra anterior. Com isso, vai ajudar a compor outra safra recorde de grãos, com 271,4 milhões de toneladas, acréscimo de 6,2%, ou 15,9 milhões de toneladas ante a colheita anterior. O resultado do milho poderia ter sido ainda melhor, não fosse a queda de 15,3% na produção da Região Sul na safra de verão (1ª safra 2021/2022) por falta de chuvas. Há muito espaço para crescer, tanto em área como em produtividade. O Brasil levou 15 anos para passar de 100 milhões de toneladas de grãos para 200 milhões, mas, para chegar às 300 milhões de toneladas vai levar menos tempo. Só não aconteceu este ano porque faltou chuva em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul. O crescimento da 2ª safra do milho é um diferencial agrícola brasileiro, pois esse plantio já representa quase 50% da área de cultivo tradicional de todos os grãos no verão. Só neste ano, a 2ª safra de milho ocupou 1,64 milhão de hectares a mais, graças a um cenário favorecido pelos bons preços nos mercados interno e externo, e o calendário antecipado da soja.
Quanto mais cedo ocorre a colheita da soja, melhor fica a "janela" para o plantio do milho 2ª safra, evitando que a lavoura avance no período mais frio e seco do ano. Com o calendário favorável, a maior parte do plantio ficou concentrada em janeiro e fevereiro, período ideal. Em São Paulo houve a transformação da 2ª safra. Antes o produtor plantava trigo no inverno e milho na safra de verão (1ª safra). Com a entrada da soja, passou a investir no cultivo do milho na entressafra para plantar soja no verão. No início era uma lavoura de baixa tecnologia, mas, com o tempo, o produtor percebeu que, caprichando na adubação do milho, conseguiria ganho maior na soja seguinte. Hoje, o milho de 2ª safra é de alta tecnologia. Em Mato Grosso, maior produtor nacional de milho, as condições foram favoráveis à 2ª safra de 2022. O Estado deve produzir 21 milhões de toneladas este ano. Segundo maior produtor nacional de milho, com 17,6 milhões de toneladas nesta safra, sendo 14,6 milhões de toneladas na 2ª safra de 2022, o Paraná vem batendo recordes de produtividade, segundo Departamento de Economia Rural (Deral/Seab).
A 2ª safra de 2022 no Paraná é recorde em área plantada, com 2,7 milhões de hectares, 8% maior que a da safra anterior. A produtividade média é de 5,4 mil Kg por hectare, mas há produtores com média de 6 mil Kg por hectare. A produção de milho perdeu espaço para a soja na safra de verão (1ª safra) e, em consequência, a 2ª safra ganhou espaço, competindo com o trigo. A 2ª safra tem gerado renda maior para o produtor. Para um custo de produção de R$ 46,73 por saca de 60 Kg, o milho está cotado R$ 80,00 por saca de 60 Kg. Em Mato Grosso do Sul, a colheita do milho 2ª safra de 2022 avança com produtividade média de 78 sacas de 60 Kg por hectare, o que deve garantir 9,34 milhões de toneladas para a produção nacional. O problema é que falta armazenagem. O milho está chegando, mas ainda há soja nos silos. Estão sendo utilizados bags (grandes sacos) para colocar essa safra.
A produção de etanol, novo mercado para o consumo interno de milho, deve consumir este ano 10,3 milhões de toneladas do grão no Brasil, alta de 30% em relação a 2021, segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem). O setor de etanol de milho está em expansão. O etanol de milho se consolidou como alternativa para a verticalização da produção de milho, agregação de valor e, desde a última safra, como importante equalizador no mercado de combustível. Hoje, 17 usinas de etanol de milho estão em operação, sendo 10 em Mato Grosso, 5 em Goiás, 1 no Paraná e 1 em São Paulo. Desde o ano passado, usinas que já atuam no mercado vêm anunciando expansão de suas unidades. Além disso, pelo menos 2 novas unidades deverão entrar em operação este ano, uma delas em Dourados (MS). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.