22/Ago/2022
A tendência é altista para os preços do milho no Brasil, com as cotações futuras mais firmes, exportações brasileiras aquecidas e redução da projeção de produção nos EUA em 2022/2023. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras estão firmes e seguem acima da média histórica dos últimos 10 anos, mas se distanciaram do pico registrado no início do ano. O contrato com vencimento maio/2023 recuou do pico de US$ 7,66 por bushel em maio/2022, para US$ 6,32 por bushel na sexta-feira (19/08) – baixa de 17,5%. Porém, a tendência é de cotações futuras sustentadas para a temporada 2022/2023. Os preços futuros do milho iniciaram a semana passada com baixas significativas, pressionados pelas expectativas de redução da demanda chinesa. No entanto, as cotações voltaram a se recuperar, impulsionadas pelas valorizações do petróleo e por dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos estados Unidos (USDA) indicando que os embarques norte-americanos estiveram acima do esperado por agentes do mercado, sobretudo à China.
Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 5,85 e US$ 6,30 por bushel, pouco abaixo da faixa de US$ 6,15 a US$ 6,30 por bushel para os vencimentos deste segundo semestre de 2022. Após vários dias seguidos de ganhos, na sexta-feira (19/08), o dólar registrou leve variação negativa de 0,06%, fechando a semana a R$ 5,16. Ao longo da última semana, a cotação valorizou devido a temores inflacionários no mundo e de renovadas preocupações com a economia chinesa. Na semana passada, o dólar subiu 1,86%. A alta quase anulou as perdas no acumulado do mês (agora em 0,08%) e reduziu a queda no ano para 7,27%. No início da semana passada, os preços subiram em boa parte das regiões, sustentados pela valorização do milho nos portos e pelo intenso ritmo das exportações em agosto. No entanto, as altas acabaram sendo limitadas pela maior oferta da 2ª safra de 2022. Além disso, muitos consumidores ainda possuem estoques e relatam não ter dificuldades em realizar novas aquisições.
Os vendedores, mesmo com grandes volumes para ser negociados, indicaram, em alguns períodos, valores maiores, atentos ao avanço das cotações nos portos, à redução no ritmo de colheita em parte das regiões, em decorrência das chuvas, e à diminuição do déficit na armazenagem. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 0,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 82,10 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores apresentam recuo de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao pelo produtor), mas alta de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os contratos futuros também estão oscilando. No começo da semana passada, os vencimentos foram impulsionados pelas altas nos portos, mas o movimento foi revertido pelos bons volumes da 2ª safra de 2022. Os contratos Setembro/2022 e Novembro/2022 apresentam desvalorização de 3,8% e 2,5% nos últimos sete dias, cotados, respectivamente, a R$ 85,80 por saca de 60 Kg e a R$ 89,59 por saca de 60 Kg.
As cotações no Poro de Paranaguá (PR) registam baixa de 0,7% nos últimos sete dias. No Porto de Santos (SP), os preços têm alta de 0,9% no mesmo comparativo. A alta de 0,2% da moeda norte-americana nos últimos sete dias também auxilia a sustentação no Porto de Santos. Alguns negócios estão sendo fechados na casa dos R$ 90,00 por saca de 60 Kg. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que serão produzidas 87,4 milhões de toneladas de milho na 2ª safra de 2022, volume 44% superior ao da temporada anterior. Quanto às exportações, estão estimadas em 37,5 milhões entre fevereiro/2022 e janeiro/2023. Até o momento, foram embarcadas 10,9 milhões de toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Especificamente para agosto, os embarques estão intensos. Nos 10 primeiros dias úteis do mês, foram embarcadas 3,23 milhões de toneladas de milho, o que representa 75% do escoado em todo mês de agosto/2021 (considerando-se 22 dias).
Caso o atual ritmo se mantenha nas atuais 323 mil toneladas, o volume total neste mês pode totalizar 7,4 milhões de toneladas, o que seria um recorde para agosto. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), por sua vez, indica que a estimativa é de que o Brasil escoe 8 milhões de toneladas em agosto, com os envios sendo impulsionados pelo bom volume da 2ª safra de 2022, que, por sua vez, foi favorecida pela boa janela de produção. No campo, apesar das chuvas observadas na maior parte das regiões, a colheita da 2ª safra segue avançando, somando, até o dia 13 de agosto, 86% da área nacional, contra 80% na semana anterior e 68% no mesmo período de 2021. Em Mato Grosso, a colheita da 2ª safra de 2022 está praticamente finalizada. 99,9% da área havia sido colhida até o dia 12 de agosto, acima dos 98,9% do ano anterior. Chama atenção as recentes chuvas, que podem prejudicar o cereal que está a céu aberto e reduzir a produtividade das áreas colhidas nestes últimos dias.
No Paraná, as chuvas limitaram o ritmo da colheita, que, até o dia 16 de agosto, já havia alcançado 79% do total da área estimada para o Estado, avanço semanal de 10%. Na comparação com o ano anterior, a diferença é de 40%. Em Mato Grosso do Sul, as chuvas atrasaram os trabalhos de campo, que avançaram apenas 7,6% na última semana, totalizando, até o dia 12 de agosto, 48,9% da área total. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, restam apenas 2,1% da área nacional para ser colhida. O forte avanço da colheita fez com que a produtividade estimada aumentasse. Assim, a produção estimada anteriormente em 49 milhões de toneladas passou para 52 milhões de toneladas. Apesar do foco neste momento ser a 2ª safra de 2022, os produtores do Rio Grande do Sul já começaram a semear a safra de verão (1ª safra 2022/2023). Até o dia 18 de agosto, auxiliadas pelo clima quente e seco no Estado, as regiões mais avançadas são as de Bagé e Ijuí, com 30% e 5% da área, respectivamente. Os dados oficiais sobre a safra de verão (1ª safra 2022/2023) devem ser divulgados no dia 30 deste mês pelo órgão. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.