05/Ago/2022
Segundo o Insper Agro Global, a exportação de milho brasileiro à China vai depender da competitividade e da própria produção do cereal nacional. É um grande avanço no mercado exportador de milho. Se a China vier para o mercado comprando grandes volumes, o Brasil estará presente entre as origens, mas os volumes vão depender muito da própria produção e da competitividade do cereal brasileiro em relação a outras origens. Ambos os países estão em tratativas para tornar viável a entrada do cereal brasileiro no país asiático, após aceite dos protocolos fitossanitários. Nesta semana, o ministro da Agricultura, Marcos Montes, afirmou que as negociações com o lado chinês estão avançando para exportação ainda da safra atual, que está sendo colhida, e que acredita que os embarques possam iniciar em dois a três meses. De um lado, a recuperação da suinocultura chinesa pode contribuir para a demanda do cereal nacional, utilizado na alimentação animal. O mercado chinês era muito fechado para importação de milho.
Apenas começaram a comprar mais milho com a retomada da suinocultura, depois da epidemia de peste suína africana (PSA). Entretanto, o país asiático vem investindo para incentivar o aumento da produção interna do cereal. A suinocultura vai precisar de milho importado, mas a retomada também vai incentivar o produtor local a plantar mais. A China tem condições de aumentar a sua produtividade de milho, que ainda é muito baixa e não adota tecnologia de transgênicos em sua plenitude. O Brasil tem de atentar também para possíveis mudanças na conjuntura. É preciso entender que certas condições dadas nos últimos anos podem não se repetir. Por exemplo, a pandemia gerou grande demanda por milho, mas uma recessão no ano que vem pode reverter a situação. A possibilidade de o País comercializar milho para a China não significa crescimento imediato das exportações brasileiras. Hoje, o Brasil exporta cerca de 40 milhões de toneladas por ano.
Neste nível, para exportar grandes volumes para a China, teria que vender menos para outros lugares. É importante que a China compre o milho nacional, mas isso não garante que será plus de exportação, podendo ser substituição de mercado/destino. O Brasil tende a ser um grande player global de milho, como é em soja. O potencial de crescer é muito grande, mas é difícil prever quando será a mudança, pois depende de muitas variáveis e das condições internacionais. Hoje, 35% da produção é exportada e 65% vão para consumo interno. Em relação à disputa pelo mercado chinês entre o milho brasileiro e o cereal norte-americano, a abertura para o Brasil não será uma ameaça aos Estados Unidos se os mercados estiverem abertos em igualdade de condições regulatórias. Será bom para os dois lados. Se a China demandar volume maior de importação, deve haver ajuste nos destinos ou pode começar a abrir lacuna em outros destinos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.